Olá pessoal. A pedidos, eu compartilho aqui a minha forma de abrir a Mandala Astrológica. É um jogo muito amplo e completo, que serve como diagnóstico de uma série de fatores, e ainda por cima dá uma ideia de tempo para cada aspecto previsto.
Eu demorei para postar sobre essa jogada porque não existe um consenso sobre sua metodologia. Eu pesquisei a respeito e vi que existem tantas formas quanto cartomantes que a utilizam. Portanto, nem tudo que está nessa postagem corresponderá, efetivamente, à visão de outros oraculistas. Complementar, certamente, mas passível de discrepâncias, que a sua experiência com o oráculo será capaz de eximir.
A escolha das imagens eu devo à inspiração da palestra sobre o Arcano XVII, da Pietra di Chiaro Luna na Confraria Brasileira de Tarot e ao texto sobre a Lua, de Vera Chrystina para a Blogagem Coletiva. Embora sejam disciplinas independentes, em muitos pontos Astrologia e Tarot se tocam. Nem que seja iconograficamente, apenas, se tocam... mas ainda acho que é mais que isso.
Dedico essa postagem a Edy de Lucca, Katharina Dupont e Claudia Mello, do grupo Tarologistas. Obrigado, meninas, pela sugestão do tema.
Astrólogos olham para o Céu.
Geomantes, para o chão.
Cartomantes, para a mesa.
Vamos então ao passo-a-passo:
DEFININDO O PLANO DE JOGO
Defina quantas cartas você usará para cada casa. Com exceção da central, que normalmente possui uma carta só (Maior ou Menor – eu uso um Arcano Maior, como explicarei adiante), existem pessoas que colocam uma carta (só um Arcano Maior ou um Arcano, com o baralho todo misturado), duas cartas (um Arcano Maior e um Menor, embaralhados separadamente) ou, como eu, três cartas (um Arcano Maior e dois Menores; Hadès (Cartas e Destino, Ed 70) indica embaralhar os Menores juntos, e, no meu caso, utilizo um Arcano Maior, uma Carta da Corte e uma Carta Numerada). Cada uma dessas abordagens trará um panorama diferente, mas de forma alguma “errado”.
A Lua
Tarot Este
Eu gosto de colocar uma carta de cada estrutura porque forma uma “frase completa”: O Arcano da Corte é o sujeito, ou seja, o personagem que surgirá na vida do consulente ou a máscara que ele assumirá frente à situação proposta pela Casa. Deverá ele ser tão astuto e precavido quanto o Valete de Espadas na casa 1? Ou deverá se precaver contra fofocas no ambiente de trabalho, com a mesma carta ocupando a casa 6?
O Arcano Maior é o verbo. Ele indica a ação que movimentará o desenvolvimento do consulente no que concerne aos aspectos da Casa onde sai. E a Carta Numerada é o objeto, direto ou indireto (risos), que complementa o sentido, oferecendo o cenário onde a ação se desenrola/desenrolará.
No começo parece complicado, mas depois de um tempo de prática temos 12 leituras de três cartas, respondendo às questões específicas de cada Casa. “Quem será o consulente durante o tempo da consulta?” Vejamos as três cartas da Casa 1. “Como o consulente se relacionará com seu parceiro?” Vejamos a Casa 7 e por aí vai. Nesse primeiro momento, as Casas são separadas, “cada uma no seu quadrado”, e as cartas são analisadas em função desse limite.
RELACIONANDO-SE COM O CONSULENTE
Estrela.
Lenormand Tarot
Naturalmente, eu tiro a carta diagnóstico e entendo como o jogo transcorrerá. Essa carta, no caso, dialogará diretamente com a carta central da Mandala, então é importante atenção a ela. A Carta Diagnóstico pode, inclusive, relacionar-se com a Casa 1 – o motivo pelo qual o consulente busca o Cartomante dialoga com o estado em que se encontra no momento.
Eu embaralho, após o diagnóstico, as cartas nos três agrupamentos: Maiores, Corte, Numeradas. Espalho as carta frente ao consulente, e peço que o consulente tire, dos Maiores, 13 cartas. Sugiro que você escolha uma palavra chave para cada casa, e diga: “, você está tirando a carta para a Casa 1” ou “, você está tirando a carta que representa sua personalidade”. Repita o mesmo para a Corte, só que com 12 cartas (a Casa central só possuirá o Arcano Maior, conforme dito acima), pedindo a máscara relativa à cada Casa, e depois o mesmo em relação às Numeradas, pedindo a situação na qual a lição do Arcano Maior manifestará a máscara. Completa a mesa, partimos para a análise propriamente dita.
ANALISANDO AS CASAS ASTROLÓGICAS
Conforme o Clube do Tarô (compilação de Constantino K. Riemma), às Casas se atribuem os seguintes aspectos:
Casa 1: a personalidade e o temperamento; a aparência, a vitalidade e a constituição física. Avó (mãe do pai), irmãos dos amigos. Cabeça e rosto, olhos, ouvido esquerdo, cérebro, músculos, movimento e sangue, aparelho genital masculino. Corresponde ao signo de Áries.
Casa 2: o dinheiro e os bens adquiridos pelo trabalho; os ganhos e perdas financeiras, a administração. Os pais dos amigos e os amigos da mãe. Pescoço e garganta, língua, laringe e sistema linfático. Touro.
Casa 3: a comunicação, escritos, documentos, estudos, criação intelectual, as pequenas viagens, as trocas e o comércio, os vizinhos. Os irmãos e irmãs, colegas e professores da escola primária, secretários. Ombros, braços e mãos, sistema nervoso e respiratório. Gêmeos.
Casa 4: o lar, o passado, a infância, os bens imobiliários, o domicílio; a hereditariedade, as raízes, a história. A mãe, os bens dos irmãos, primos por parte de pai e sogro. Peito, seios, estômago, órgãos femininos (ovários e útero), cérebro. Câncer.
Casa 5: os amores, a criatividade; as diversões, jogos, ganhos pela sorte, especulações, o vestuário; a educação. Os filhos, os bens da mãe, noiva (o), amantes e os amigos do cônjuge. Coração, costas e ombros, artérias, diafragma e o lado direito do corpo. Leão.
Casa 6: o serviço diário, os colegas, assistentes e subordinados; a saúde, a higiene, a alimentação e as doenças agudas; animais domésticos. Tios e tias maternos, os conselheiros e instrutores. Intestino delgado e plexo solar, músculos e nervos. Virgem.
Casa 7: o casamento, as relações íntimas, sócios e companheiros; os contratos e processos, os conflitos, os concorrentes e os inimigos declarados. O cônjuge, os avós maternos e sobrinhos. Rins, quadris e nádegas, o genital feminino e o baixo ventre. Libra.
Casa 8: sexo, transmutação e morte; as heranças e presentes; psiquismo. Os negócios e finanças do cônjuge ou sócios, os amigos do pai. Sistema reprodutor, sistema urinário e excretor. Escorpião.
Casa 9: os ideais, os estudos superiores, as grandes viagens e o estrangeiro, comércio internacional ou por atacado; a religião, a lei e a filosofia. Cunhados, os netos, professores e colegas de curso superior. Músculos e coxas, fígado, quadris e artérias. Sagitário.
Casa 10: a carreira, a vocação, o prestígio social e profissional, os empreendimentos, as relações com as autoridades. O pai, sogra, primos por parte de mãe; patrão, superiores e patrocinadores. Joelhos e pernas, ossos e pele, dentes e ouvido direito. Capricórnio.
Casa 11: as amizades, as simpatias e proteções, as esperanças, projetos e planos, os lucros dos empreendimentos, os clubes e associações. Genros, noras e os bens do pai. Tornozelos e barriga da perna, cérebro, circulação sangüínea e a energia nervosa. Aquário.
Casa 12: o servir altruísta, a vida religiosa ou mística, os sacrifícios e as provas, as limitações, as práticas veladas, os vícios. Tias e tios paternos, protetores secretos e inimigos ocultos. Pés, sistema linfático e tecido adiposo. Peixes.
Percebam que aqui, à Casa 4 se atribui a mãe e à 10 o pai. Isso não é consenso entre os Astrólogos, e, caso você opte por seguir a Astrologia Medieval que aponta para as características contrárias (pai na 04, mãe na 10), todas as atribuições parentais serão trocadas pelas casas imediatamente opostas. Mas isso é outra história e não afeta diretamente a interpretação das Casas. Eu sempre usei as atribuições mãe na Casa 04/pai na Casa 10 com sucesso.
Conforme disse anteriormente, eu utilizo uma carta central, norteadora das relações entre as Casas. Essa carta, para mim, é sempre um Arcano Maior (existem cartomantes que utilizam Arcanos Menores, como os responsáveis pela Tarô Semestral do Personare), revela a raiz das lições que o consulente viverá no período do jogo.
Um vídeo para entender as Casas na Astrologia:
TEMPORALIZANDO AS PREVISÕES
A Estrela
Vandenborre Bacchus
Terminada essa primeira análise, torna-se necessário temporalizar algumas interpretações. Eneida Duarte Gaspar, em seu Tarô dos Orixás (Pallas) sugere que às Casas 1, 2 e 3 sejam relacionados os temas de um passado distante (distante aqui seria mais ou menos um ano. Pode corresponder a mais tempo, mas que há um ano começou a se tornar incômodo para o consulente). As Casas 4, 5 e 6 ao passado recente (seis a três meses atrás). As Casas 7, 8 e 9 corresponde o presente imediato (variação de um mês para mais ou para menos) e as casas 10, 11 e 12 ao futuro próximo (até um ano). Se seguirem a minha forma de dispor, vocês terão nove cartas para cada um desses momentos, que devem ser relacionadas entre si, sem grande ênfase à divisão por casas. Estamos respondendo a uma questão com nove cartas, não com três grupos de três.
Temporalizados os eventos, voltamos nossos olhares aos meses do ano. A Casa 1 corresponde ao mês em que se joga a Mandala, partindo daí os doze meses seguintes (por isso sugiro esse jogo para aniversariantes – para mapearmos sua Revolução Solar – ou para o Ano Novo, Astrológico ou não). No grupo Tarologistas, em conversa proposta por Claudia Mello, tive um insight: caso o tempo seja menor (e você tenha disponibilidade para fazer isso, risos), divida o tempo da consulta por doze (número de casas) e analise a temporalidade dentro desse resultado. Por exemplo: para um mês (como foi o caso), dividimos trinta, trinta e um ou vinte e oito dias por 12 (número de casas da mandala) e do resultado sabemos quais são as influências dos dias específicos do mês.
ANALISANDO AS OPOSIÇÕES
Na mandala temos seis eixos diametralmente opostos que se relacionam com a carta central – a mais importante, como disse anteriormente. Teríamos, então:
Das relações entre a Casa 01 e a Casa 07 as relações do consulente, como indivíduo, com os outros, em especial o cônjuge.
Das relações entre a Casa 02 e a Casa 08 as relações do consulente com os seus recursos, assim como a relação com os recursos dos outros.
Das relações entre a Casa 03 e a Casa 09 a comunicação, os contatos, as parcerias e viagens.
Das relações entre a Casa 04 e a Casa 10 a vida pessoal, íntima, e a vida pública, assim como o trabalho. Aqui também veríamos a ascendência imediata – pai e mãe.
Das relações entre a Casa 05 e a Casa 11 – o brilho pessoal do consulente versus sua necessidade de pertencimento a grupos.
Das relações entre a Casa 06 e 12 – A saúde, a doença, a rotina e a surpresa.
Aconselho estudar, nesse caso, Astrologia. Embora o Tarot não precise oficialmente da Astrologia para “funcionar”, utilizar a Mandala Astrológica sem entender o básico da Astrologia é um contrassenso que deve ser evitado pelo cartomante sério. É como usar óculos sem armação. A lente é perfeita, mas não encaixa no rosto por falta de base.
ANALISANDO AS TRIPLICIDADES
Em função dos elementos de cada signo regente de cada Casa, agrupamos as casas 1, 5 e 9 (correspondentes a Áries, Leão e Sagitário, respectivamente); 2, 6 e 10 (Touro, Virgem e Capricórnio); 3, 7 e 11 (Gêmeos, Libra e Aquário); e 4, 8 e 12 (Câncer, Escorpião e Peixes), formando os triângulos correspondentes ao Fogo, à Terra, ao Ar e à Água, respectivamente.
Ao Fogo relacionamos o projetivo, o masculino, o quente, o seco, a iniciativa, a projeção, a maior e melhor ideia de si mesmo que o consulente é capaz de fazer, o brilho pessoal, a autoestima, a independência, os ensinos superiores, as viagens longas, a espiritualidade e a religião. O plano espiritual.
À Água relacionamos o receptivo, o feminino, o úmido, o frio, as emoções, os sonhos, os anseios, os desejos, a família, o sexo, as heranças, os inimigos ocultos, as doenças. O plano emocional.
Ao Ar relacionamos o projetivo, o masculino, o úmido, o quente, as viagens, os estudos, o intelecto, a comunicação, os amigos e inimigos, as relações que não perpassam necessariamente as emoções, a política. O plano mental/social.
À Terra relacionamos o receptivo, o feminino, o seco, o frio. Aqui temos o plano material, as finanças, a saúde, os imóveis, o comércio, a segurança, a praticidade, o cotidiano.
ANALISANDO AS QUADRUPLICIDADES
Às Casas Cardinais, ou Cardeais (1, 4, 7, 10) correspondem todas as iniciativas, inícios, começos, possibilidades, aberturas.
Às Casas Fixas (2, 5, 8, 11) correspondem as manutenções, estabelecimentos, estruturações, permanências, resistências.
Às Casas Mutáveis (3, 6, 9, 12) correspondem todas as modificações, finalizações, encerramentos, cortes e rupturas.
DEFININDO PESSOAS NO JOGO
Estrela
1001 Nights
Essa é a parte “fofoqueira” da Mandala. Aqui, podemos ver praticamente qualquer pessoa que se relacione conosco ou com nosso consulente, sem, no entanto, precisarmos recolher as cartas da mesa e perguntarmos por cada um deles. Eu gosto muito de usar essa técnica para saber se o ano será promissor para os meus entes queridos tanto quanto será para mim. Como a família é grande, o jogo dura horas... tudo de bom.
O importante é lembrarmo-nos que o que Vermos parte da nossa ótica com relação ao indivíduo invocado. Ou seja, não significa que a pessoa envolvida concordará com o consulente quando este expor o que você, como Cartomante, viu a respeito dele. Do ponto de vista do consulente, o ano da pessoa consultada será daquele jeito ou a relação entre o consulente e o consultado refletir-se-á daquela forma.
Dada a dica, vamos às pessoas (estamos tomando por base mãe na casa 04 e pai na casa 10; como disse, se invertermos as posições em função da Astrologia Medieval, temos que mudar toda a estrutura):
Irmãos: Casa 03. Cada irmão mais novo, contam-se três Casas. Cada irmão mais velho, subtraem-se três casas.
Filho: Casa 05. Cada filho depois do mais velho, somam-se mais três Casas (irmão do primeiro).
Namorada (o): Se for sem compromisso, 05. Se for compromisso, 07.
Sócio: Casa 07.
E por aí vai. As possibilidades são infinitas. Primo do amigo... da Casa 11 (amigos) contamos 4 (pai ou mãe) mais três (irmão do pai ou da mãe) e mais cinco (filho). Ou seja, desde que você consiga fazer a contagem correta, todas as pessoas do seu círculo são passíveis de serem vistas. Todas. Mas nem todos irão convir, senão... Você tá com tempo?
Imaginem. Meu pai tem nove irmãos. Minha mãe, oito. Certa vez me propus a ver todos, incluindo os filhos. Foram boas três ou quatro horas anotando tudo.
Agora eu sou mais comedido, risos.
É isso. Ou não; creio que aqui só abrimos o assunto, sendo que muito mais há para ser dito a respeito. Como disse, essa postagem é um dos possíveis olhares, oriundo de minha própria experiência. Mas, de qualquer forma, já é pano para manga para futuras conversas.
Com o conhecimento conjunto de Astrologia e Tarot, a Mandala torna-se múltipla em interpretações. O contrário não é verdadeiro; para entender o sistema, não basta entender de Astrologia ou de Tarot - é necessário um conhecimento básico, ao menos, das duas disciplinas, para que o traquejo com a Mandala seja adequado.
P.S.: Caso deseje algum tema exposto cá no Conversas Cartomânticas, por gentileza, envie um email para emanueljsantos7@hotmail.com. Terei o maior prazer em conversar com você, nesse espaço.
Abraços a todos. Até o próximo post.