domingo, 30 de outubro de 2011

Dos Dragões. Dragons Tarot, Lo Scarabeo.

Caixa ainda fechada. Fotografei antes de abrir *.*


Cartas devidamente dispostas.

Olá pessoal. Ganhei, em um sorteio da US Games Brasil, um Dragons Tarot. Engraçado que, ou, melhor dizendo, sincronicamente, tenho passado por algumas experiências com essa imagem, assim como de sua gêmea siamesa, a Serpente. Falaremos sobre essa última em breve.
Pesquisando para escrever essa postagem, percebi que, nem que eu a dividisse em dez partes, chegaria perto de esgotar o tema como ele se apresenta para o Tarô. Existem muitos baralhos que utilizam sua iconografia.

Louco
Dragon Tarot

A US Games desenvolveu, em 1995, o seu baralho de Dragões – o Dragon Tarot, produzido por  Peter Pracownik e Peter Donaldson. (atualização em 31 de outubro: a Bárbara Guerreiro me apresentou o Imperial Dragon, mesmos autores, mesma editora [e arte bem semelhante], publicado em 2010. Obrigado, Babi!)

Eremita
Tarô dos Dragões Celtas

D.J. Conway, famosa e profícua escritora de temas pagãos, desenvolveu, com a Lisa Hunt, a mesma autora do Fairy Tale Tarot #wishlist, o Tarô dos Dragões Celtas, em 2001.

Estrela
Dragons Tarot

Manfred Toraldo desenvolveu a versão da Lo Scarabeo em 2006, com arte de Severino Baraldi, a versão que eu ganhei.  
Cada baralho, evidentemente, possui sua especificidade e possuem trabalhos artísticos absolutamente diversos. Nosso foco, o Lo Scarabeo, é interessante sobretudo pela pesquisa que norteou a elaboração de sua estrutura. 
Os Arcanos Maiores representam, cada um, uma lenda associada aos Dragões:

Os Enamorados 
Sigurd
Dragons Tarot

Louco, o Caçador de Dragões. (Acho que o mais inesquecível Dragon Slayer que conheço está no filme Coração de Dragão.)
Mago, Merlin.
Sacerdotisa, Kur (Dracena mesopotâmica [informações em inglês])
Imperatriz, Tiamat (A Deusa, não o personagem de Caverna do Dragão!)
Imperador, Tepheus (flagelo dos deuses gregos [informações em inglês]).
Hierofante, Leviatã (o monstro mítico cristão, não o livro).
Carruagem, Lung, ou Long (Dragão Imperial Chinês)
Força, o Dragão Celta, adormecido sob o Tor (familiar para quem leu As Brumas de Avalon)
Eremita, o Guardião (talvez a forma mais conhecida de Dragões, aquele que preserva tesouros - semelhante à Smaug, de O Hobbit)
Roda, os Dragões Chineses. 
Justiça, o Flagelo de Beowulf (também familiar para quem viu o filme Beowulf ou leu Coisas Frágeis, de Neil Gaiman)
Enforcado, Uther Pendragon (Cá voltamos às Brumas de Avalon e às lendas arthurianas em geral [informações em inglês])
Morte, São Jorge, o Matador de Dragões.
Temperança, Hidra de Lerna.
Diabo, Apep, ou Apófis, a Serpente Dragão egípcia.
Torre, o Grande Dragão Bíblico (que será libertado por pouco tempo nos tempos do Julgamento. Apocalipse 12, 3 ss)
Estrelas, a constelação de Dragão (Draco).
Lua, Python, a Deusa Pítia antecessora de Apolo em Delfos.
Sol, Ladon, o guardião das maçãs das Hespérides.
Mundo, Ouroboros, a serpente-dragão que envolve o mundo.

Cavaleiro de Paus
Dragons Tarot

Foram elencados dragões historicamente atuantes no imaginário de quatro grupamentos diferentes, refletidos nos naipes: Extremo Oriente (Copas), Americanos (Ouros), Africanos (Paus) e Europeus (Espadas).  
Os Dragões, ao contrário das serpentes, são seres mitológicos. Há sim, um dragão de fato, que na verdade é um lagarto grande: o Dragão-de-Komodo, ou crocodilo-da-terra (Varanus komodoensis).


via GIPHY

Como disse anteriormente, o dragão, mítico, parte do padrão existencial dos répteis, sobretudo os ofídios. O dragão passa a ser então, um sonho, um senhor do reino onírico, do qual ele mesmo faz parte. 


Esboço: Dragão atacando um leão
Leonardo da Vinci


Leonardo Da Vinci, como podemos ver acima, desenhou seu dragão - e, levando-se em consideração o grau de realismo que Da Vinci buscava em suas obras, desenhar o mítico não deixa de ser sui generis - a partir de morcegos e répteis.
Os dragões, símbolos da China, são essencialmente ligados às artes marciais orientais, tendo sido explorados nos filmes de ação e luta em diversas ocasiões. 


Príncipe Zouko e o Dragão vermelho.


Entre todas as possibilidades a se apresentar, creio que a que melhor define a relação entre homens e mitos quando isso se aplica à artes marciais está representado em Avatar: The Last Airbender, Livro III: Fogo, episódio 13: os Mestres Dobradores de Fogo.


Aang e o Dragão Azul.


(aqui você tem o resumo, aqui você pode baixá-lo, e aqui você pode assistir a cena sobre a qual falo).
As artes marciais foram desenvolvidas através da observação dos animais e da relação entre seus movimentos e a eficácia de seus ataques. E, sendo o Dragão uma soma de diversas criaturas míticas, seria por excelência o professor, como no desenho.
Estou disposto a aprender com ele. Ou eles; estamos diante de setenta e oito possibilidades...
Abraços a todos.

sábado, 29 de outubro de 2011

(Dia do) (Simbolismo do) Livro.

26
Petit Lenormand

Olá pessoal. Vinte e nove de outubro, dia do Livro, um dos nossos parceiros mais inseparáveis na Arte. 

Conhecimento
Instant Ideas Tarot

Os livros são meios para um fim. Seja diversão, seja conhecimento, seja pesquisa, ele está ali, comunicando em páginas mudas, ainda que eloquentes. Para aqueles que não entendem seus códigos, um segredo; mas, ao contrário da linguagem falada, é mais fácil escrever que saber escrever com entonação, mais difícil ainda é ler na entonação do autor. Para além dos códigos/segredos próprios da escrita, temos uma comunicação mais sutil que se dá entre autor e leitor que leva-nos a perceber o que está ali, imiscuído entre as linhas, entrelinhas.
E, se Deus escreve certo por linhas tortas, ler Seu livro (seja ele qual for entre as opções que as religiões oferecem) é um desafio. Até que ponto ali é Deus escrevendo certo em suas linhas tortas, e até que ponto é ali o homem escrevendo torto em linhas que, dado o axioma, já eram previamente tortas?


A Sacerdotisa, Arcano II, já leu esse livro (e reitero que não sei qual das opções ela leu, escolheu e referenciou como d'Ele) e o conhece de cor. E não mais o lê: sua prévia leitura ficou marcada pela experiência e ela sobrevive, virgo inviolata, noite após noite contando-nos suas histórias por Mil e Uma Noites.

Sacerdotisa
Lover's Path

Eu sei que eu comecei a ler por causa da minha avó. Ela lia para mim uma história por noite, antes de eu dormir e dizia: "Você verá quando conseguir ler de carreirinha! Aí você vai ler o que quiser, sem precisar de mim!"

Sacerdotisa
Dream Enchantress 

Por isso, mais que segredo, eu relaciono o livro à ideia de independência. A leitura silenciosa foi uma das maiores conquistas da sociedade ocidental e, apesar de hoje não termos isso em mente com frequência, podemos ler o que quisermos - coisa que, há pouco mais, pouco menos de meio século, era, no mínimo, inviável. Seria nossa memória curta, a tecnologia célere ou o tempo evanescente demais?

Sacerdotisa
Lenormand Tarot

No Petit Lenormand, adicione-se aos significados de segredo e mistério as ideias de trabalho, estudos, ordenação, disciplina, rotina, aprendizagem. E, tá aí um motivo a mais para pensarmos na leitura: Mlle Lenormand, seja ela autora (ou não) dos manuais de cartomancia a ela creditados, foi na escrita desse livros que histórias começaram e se desenrolaram.
Escrevamos, leiamos ... que nossos diários, Livros das (nas) Sombras virem livros. Que nossas falas táteis sejam tateadas em outros contextos por outras mãos.
Como até hoje tateamos o Livro de um Deus em setenta e oito páginas... ou pelo menos me contaram assim.
Abraços a todos.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Tenho medo de jogar cartas... E agora?

A Glau, do blog Quitandoca, escreveu um post para as pessoas que tem medo de cozinha, que achei tão confortante e acalentador, que acabei inspirado para fazer o mesmo por aqui. Já falamos, previamente, sobre o começo da conversa com as cartas, mas focamo-nos nas conversas desejadas. E quanto se tem medo das cartas e do que elas podem oferecer?

"Jogar Tarô? eu? Imagine... Tenho medo dessas coisas!"

Que Cartomancia é um ato de magia, é quase consenso. Magia, nesse caso, é tomada na mesma acepção de Arte - trocentos conceitos, nenhum consenso sobre qual é o mais preciso e adequado, usamos o termo esperando a compreensão de quem o recebe, sem a menor certeza se o que dizemos é o que é ouvido (ou lido). Mas, se tomarmos os atos de magia como atos de Vontade, Cartomancia é, sim, um ato de magia. É a manifestação do desejo intrínseco do homem de perscrutar o futuro, no limite, o devir.
E isso dá medo.


Nove de Espadas
Waite-Smith Tarot
A realidade pode ser dura, mas a imaginação perversa é mais.

Evidente; ninguém quer antecipar, nem o maior dos ansiosos, uma situação difícil, ruim ou limitadora. Sofre-se várias vezes até o sofrimento final (quando a previsão se mostra, afinal, correta). Então, com o tempo, a gente aprende a não discutir. Não é um fatalismo, longe disso; mas, se está ali, para quê discutir? Está ali, eu sei que é verdade. Resta me adaptar e adequar ao melhor caminho, que minhas cartas apontam.
Primeiro medo: as cartas funcionam.
Segundo medo: as cartas funcionam! Paradoxal pensar nisso, mas existem ainda pessoas que temem justamente o fato das cartas funcionarem! Talvez, convencidos por Machado de Assis que o caminho é justamente o oposto daquele lido pela Cartomante, se surpreendam justamente pela eficácia do oráculo! Em qualquer outra profissão, o esperado é que as coisas funcionem como propõem-se que funcionem. Só nas mancias eu ainda vejo as pessoas buscando um atendimento só para terem certeza de que estavam certas em não acreditar em nada disso.
Como se, para a Cartomancia funcionar, fosse necessário acreditar em alguma coisa...
Terceiro medo: Sim, elas funcionam. Darei eu conta de entender o que elas querem dizer? Sim, dará. O mote as cartas não mentem jamais é real. E elas são tão sinceras que desmascararão qualquer um que se proponha a jogar sem se dedicar, sem apreender. Poderia eu falar sobre estudar, mas não é esse o caso. Sensibilidade não é como estudo. Estudo se cria. Quero saber sobre os nabos do Tibet? Google it. Eu não sabia, passo a saber. 
Isso não funciona quando falamos de sensibilidade. Sensibilidade se desenvolve. 
Então, você pode estudar a relação entre as cartas, e sim, você será um cartomante. Você pode se sensibilizar para o que elas representam, e sim, você será um cartomante. Mas é da união do estudo com a sensibilidade que nasce a segurança que afugenta o medo. Está ali na mesa, você vê, e você sabe; não é uma visão fugidia, é uma combinação de cartas que atrai sua atenção para passar uma determinada mensagem. Não tem que discutir, não tem que temer. É só falar. E funciona. Você entendeu o que elas quiseram lhe dizer, naquele contexto.
Partamos então para o contraponto. Zoe de Camaris, citada pelo Leo Chioda, diz, e eu assino embaixo: só na posição de consulente é que se sabe do poder do tarólogo. E é deles, dos consulentes, que parte o quarto medo. 
Ok, você já superou o fato das cartas funcionarem, e já consegue manter um diálogo com elas. E o medo do consulente? Medo aqui, em duas acepções: medo do consulente em relação à consulta (aquele mesmo medo que você já experimentou e já superou, então tem a compreensão de como ele funciona) e medo do Cartomante em relação ao seu cliente.
Esse talvez seja o medo mais fácil de perder, por isso mesmo aquele a que tende-se a se agarrar mais. Jogue. Muito.
Cartomante não é terapeuta, não é psicólogo, não é psiquiatra, não é médico, a menos que seja além de ser cartomante. Então, pasme: o consulente não veio para lhe ver. Ele veio para saber o que as cartas têm a dizer, e por isso veio lhe ver.
Você é o profissional que intermedia essa relação, não é muito importante. E, por isso, é importante: você é capaz de ler, mas são as cartas quem vão dizer o que você tem a dizer. Ninguém valoriza uma carta pelo escriba, mas sim pelo conteúdo - e do conteúdo procede o valor do escriba. E ninguém deveria valorizar uma consulta pelo cartomante, mas pelo que é dito. 
A Cartomancia apresenta o cartomante, não o contrário. Não sei para você, mas para mim isso é extremamente confortador. Você não é o consolo, você não é o apoio, você não é o conselho. As cartas são, e você só as interpreta. Partem delas as informações precisas que você deve repassar.
E é por isso que deve-se jogar muito, para perder o medo. Cada consulente é um, cada consulente vem de um jeito, busca informações de um jeito, apresenta-se de um jeito. Se focarmo-nos em como nós podemos auxiliar cada um deles, teríamos que nos utilizar de um universo de técnicas que não são fundamentais à nossa profissão. Nós temos um baralho - ou mais de um - e isso basta: confiemos no que ele(s) diz(em). Reitero: cartomante não é terapeuta, a menos que o seja.
Eu aprendi cartomancia desde pequeno, não sei muito bem sobre o medo das cartas, porque nunca tive; sei do medo do que se ouve, sei do medo do que se cria em fantasmas na mente que sequer possuem grilhões no mundo real (seja lá a amplitude que tenha o termo "real").
E esteja atento ao diálogo das cartas. Se elas estiverem falando claramente, ótimo. Se não, pense se não é você que está precisando limpar os ouvidos e treinar mais... para perder o medo.
Abraços a todos.

sábado, 22 de outubro de 2011

Falando em videogames... 8-bit Tarot.


Olá pessoal. Depois da postagem anterior, onde apresentei duas imagens dialogantes – pelo menos para mim, o que não é grande coisa; eu vejo Tarot em tudo! – eu decidi apresentar para vocês o 8-bit Tarot, um projeto ousado e que eu, particularmente, acho lindo. 
Quando eu digo que vejo Tarot em tudo, eu realmente não estou brincando. Músicas, textos, imagens (sempre imagens!), danças, comidas, bebidas. Tarot é meu cotidiano. E se eu sou gamer, por que não jogos, se o Tarot, antes de ser qualquer coisa, não passa de um jogo? 

Sonic the Hedgeog
SEGA Master System

E, falando em jogos, minha infância foi videogame. Amo até hoje, apesar de ter ficado nos 32 bits (no máximo; tem jogos que eu não consigo entender a mecânica participativa do jogador!). Ainda assim, minha paixão são os jogos dos games de 8 e 16 bits, dos videogames NES (8 bits), Super NES (16 bits) (Nintendo) e Master System (8 bits) e Mega Drive/Genesis (16 bits) (SEGA).
Diante dos jogos de hoje, é praticamente impossível pensar em jogos que você comandava o personagem com um ou dois botões mais o direcional. Mas é tão divertido... Pode ser preciosismo de minha parte; mas eu me divirto bem mais.
E pelo jeito eu não sou o único... 


O 8-bit Tarot é um baralho inspirado no Rider Waite, em que cada carta foi redesenhada  por Índigo Kelleigh na resolução de 88 x 152 pixels utilizando apenas as cores padrão da paleta de cores Mac OS 8 bit (acima). A técnica, e até mesmo o grafismo, remetem imediatamente à ideia dos jogos do NES – como Mario Bros. É precioso!

A caixa, com tampa, contém um baralho de 5,8 x 8,9 cm 
e uma carta adicional descrevendo o projeto.

Esse poster mostra todas as cartas (que são visíveis individualmente no site do autor)...


E aqui temos o(s) Mago(s). Juro que meus olhos brilham enquanto eu escrevo...

À esquerda: Waite-Smith; à direita: 8-bit.


O autor, Índigo Kelleigh (Indy) vive em Portland, OR. Trabalha essencialmente com desenhos feitos à mão, incorporando elementos digitais aos trabalhos. 


Sua ilustração remete-se, mesmo nos momentos mais sombrios, ao cartoon. Seus trabalhos coloridos são criados digitalmente com o auxílio do Photoshop, Illustrator ou Painter. É familiarizado com técnicas vitorianas de design e impressão. E parece ser um cara bem bacana (para criar um Tarot desses..!)
Para entrar em contato com ele, acesse o Lunar Bistro ou mande um email para indigo@lunarbistro.com.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Mystical Fighter e Etteila

Olá pessoal. Não se parecem?

Esclarecimento, Etteilla

Chefe da Terceira Fase, Mystical Fighter

Um francês...

...Outro japonês.


E quem disse que videogame não lembra Tarô. Veja só.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Mystic Fair: Eu fui, eu irei!


Olá pessoal. Satisfazendo todas as expectativas, a Mystic Fair foi ótima! Como eu havia prometido, acabei rodando pouco em outras partes que não a sala 4. Mas... para quê? Tudo o que eu queria estava ali, o carteado era constante, as palestras eram tão intimistas que mais pareciam bate-papos - estávamos em casa. 
Haviam, evidentemente, momentos em que eu queria estar em dois lugares ao mesmo tempo, o que, evidentemente, não foi possível. Mas, para além disso tudo, para além daquilo que eu aprendi, eu vivi intensamente o evento. Eu saí do evento mais pleno de mim mesmo. Mais consciente das minhas escolhas. Eu estava entre cartomantes porque, entre todas as opções - Bruxaria, Xamanismo, Wicca, Umbanda, Angeologia e outras - era entre Cartomantes que eu estava em casa. Evidente que eu conversei com pessoas de todas as tribos, encontrei-me com pessoas de outras filosofias, joguei cartas com elas e recebi delas o que elas poderiam oferecer. Tudo isso foi muito rico, muito pleno. 
Mas era lá na sala 04 que eu estava em casa.

Olha o pessoal do carteado

Assistimos ao documentário "Decifrando o Passado: O Segredo das Cartas de Baralho", da emissora  The History Channel. Uma parte do documentário está aqui, mas vale ver o documentário inteiro:






A oficina da Sarah Helena foi, novamente, fascinante. Dessa vez eu explorei a Torre. É curioso como esse processo criativo se dá. Eu sabia que teria que desenhar um Arcano, mas não fazia a menor ideia de qual viria. Até que eu vi a Torre do baralho da Adriana Kastrup.


A Torre de Pisa. 

Um insight me ocorreu. A Torre Fulminada, a Casa de Deus, é como nossa coluna vertebral. guia dos pulsos elétricos (raios?) do nosso cérebro ao nosso corpo todo.


Braimstorm with lightnings


Outra questão própria do raio é que ele procura o ponto mais curto entre o céu e a terra, de carga oposta em maior intensidade. E, pensando nessas duas questões - o pulso elétrico que percorre o corpo e a estrutura óssea, e a rapidez e praticidade da ação do raio, que elaborei a imagem.


Olha a minha Torre de Pisa fulminada...




Vivenciei uma sessão de Grafologia, à convite de Deborah Jazzini. E o que achei mais fantástico é que, por tanto tempo, por tantos anos de estudo e proximidade das cartas, por me serem tão cotidianas, acabei perdendo um pouco do maravilhamento que existe no ritual. Quando o Alexandre começou a descortinar minha personalidade através da minha assinatura, me vi, de novo, diante do mistério. Como ele poderia saber tanto sobre mim? Lá estava eu, desnudo, tão desnudo quanto quando uso minhas cartas. Mas lá eu estava no desconhecido mundo de outra leitura. 
Com isso, maravilhei-me de novo. É impressionante o quanto um oráculo, ou estudo de técnica, é capaz de fazer por você. Recomendo, recomendo mesmo.


Alexsander e eu em conversas cartomânticas. 


Tive a oportunidade de conversar com mais vagar com meu amigo e companheiro de jornada Alexsander Lepletier. Temos abordagens distintas sobre o Petit Lenormand, trilhamos caminhos distintos para chegarmos às nossas conclusões, mas partilhamos tanto, e tanto! Suas palestras abriram meus olhos para possibilidades que eu não teria desenvolvido com tanta precisão. Foi fascinante aprender (mais) com ele. 





Nei Naiff e Vera Chrystina deram palestras complementares, que, se assistidas na ordem proposta pela programação, fechavam uma síntese do Tarô: Nei Naiff falou sobre qual o melhor Tarô para jogar, e sobre os Arcanos Maiores e sua relação com destino e livre-arbítrio; a Vera sobre os Arcanos Menores e sua aplicabilidade. Saí com bagagem nova para olhar minhas cartas por outras perspectivas. 


Enquanto eu fotografava o Mago, Nei Naiff jogou um
baralho para o alto. Vi umas quatro pessoas infartando.


Uma das coisas que mais me fez pensar foi a questão da imagem ser ou não fundamental para a leitura do Tarô. Quando pensávamos que essa questão estava resolvida - sim, é fundamental - Nei Naiff aparece com um Tarô em braile.
Voltamos à prancheta de trabalho.

A Força, Golden Dawn Tarot.
Thanks, Adash Van Teufel.

Falando em cartas, terei muito o que estudar. Tivemos uma mesa redonda que varou a madrugada sobre o naipe de Espadas. Adash Van Teufel, Leonardo Dias, Fabiano Medeiros e eu, discutindo bibliografia, iconografia, semântica, sintaxe e técnica, sobre as 14 cartas de Espadas. Thoth, Waite e Marselha em diálogo. Novamente, estilos diferentes, experiências diferentes, pontos de vista diferentes, sendo contrapostos com tranquilidade, com abertura para a opinião do outro, com respeito pela experiência do outro. 
Não chegamos a lugar nenhum, ainda; mas nos divertimos horrores.


Rachel, Babi, eu, Nath e Pietra.


Tive também uma "reunião" com Brujas Nath Hera, Rachel Fainbaum, Babi Guerreiro e Pietra Di Chiaro Luna. Pena que, para o carteado, Babi e Pietra não puderam ir. E a lanchonete virou tenda em dois minutos e um abrir de cartas.


A Força, Estensi Tarot.
Fortaleza.
Grazie, Nath.


E o carteado rendeu. Pena que não tivemos como juntarmo-nos para gordices - Bruxaria e culinária é quase sinônimo...


Isabel Catanio, Nath Hera, Adash Van Teufel, Leonardo Dias, Bárbara Guerreiro, Edy de Lucca, Vera Chrystina, Nei Naiff, Alexsander Lepletier, Rachel Fainbaum, Fabiano Medeiros, André Luiz e Drika, casal casamentando na feira, Maria Cristina, bruxaiada do meu coração: foi estupendo estar com vocês. Estupendo. Obrigado por tudo, que cada um fez por mim, e que em breve nos revejamos. 
Com nossos baralhos a postos, evidentemente.
Abraços a todos.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Dia das Crianças, ou lembranças douradas.

Traumzeit


Olá pessoal. Durante todo o dia, conversei sobre as lembranças de infância de amigos meus, inspirado como estava pela proposta do Leo Chioda (artigo na Revista Personare aqui, no Café Tarot aqui). Fotos vieram à tona, de álbuns há muito soterrados por obrigações e rotinas, limpando escaras ocultas há tanto tempo... em uma capa de ausência de tempo para ver o tempo que se ausenta.

Sol (Detalhe)
Tarô Iniciático da Golden Dawn

Eu também viajei nessa, mas minha viagem foi musical. Meu primeiro ímpeto, ao que me lembro - pasmem - foi pedir para meu pai um LP do José Augusto. Eu, ainda hoje, sei cantar todas as músicas sem fazer nenhum esforço. É engraçado como certas lembranças se mantêm vivas à despeito de serem ou não condenáveis pelos outros. É, eu sou cafona. :)


Louco
Tarô Iniciático da Golden Dawn

Na transição infância/adolescência, aquele lance de puberdade, puber, pelagem nova em certos lugares, voz desafinada, indo do mais agudo ao mais grave em menos de uma sílaba. E, se hoje temos homens querendo ser meninos, naquela época - que nem é tão distante assim na minha contagem - os meninos queriam ser homens.


Louco (detalhe)
Tarot da Golden Dawn

Eu sei que, nessa época, eu costumava acordar de madrugada - primeiros indícios de insônia com ares de serão - para ouvir música. E, nem tão longe assim, utilizávamos cassetes para gravar músicas, nada desse lance de baixar rapidinho. Demorei cinco anos (!) para saber o nome de uma música e poder baixá-la. E por aí vai. A dificuldade era grande, mas o prazer imenso ao obter aquele nome ou gravar aquela música - mesmo que fosse da metade para frente.

AJ, Howie, Kevin, Nick, Brian. 
Cabelinho de cuia... Meu Deus.

E foi numa madrugada dessas que eu conheci Backstreet Boys. As Long As You Love Me. Hoje, olhando com os olhos do coração para um passado que só existe na minha memória (era madrugada e as pessoas estavam dormindo, lembram-se?), é engraçado pensar que eu acordava nos primeiros acordes e ficava sonambulando sonhador enquanto eles cantavam. E eu nem sabia o nome deles ainda! E não entendia nada do que estava sendo dito - aprendi inglês com eles depois. 
Só achava bom e isso era suficiente.


Sol (detalhe)
Visconti-Sforza

Cresci com eles. Aprendi inglês com eles. Aprendi a dançar com eles (cansei de gravar clipes em fitas VHS passados inúmeras vezes na extinta TV Manchete). Romantizei meus dramas com eles - acho que os homens estão ficando cada vez menos responsáveis pelos seus próprios dramas, talvez pela hiper valorização dos mesmos hoje em dia, talvez por não terem vivido devidamente entre os treze e os dezessete anos... Dezoito já é maioridade e não adianta reclamar. Os dramas continuam, a vida continua, mas a abordagem é diferente, não adianta ser Peter Pan.
Esses dias, não mais que dez dias atrás, numa das minhas divagações pelo YouTube - algo impensável para mim a dez anos atrás - eu conheci uma banda, The Wanted.

Nathan, Jay, Siva, Tom, Max. 
Carteado.

Entrei em choque, evidentemente. Eu conhecia aquele estilo, eu conhecia aquela abordagem, havia um quê de releitura na banda. Era algo novo, mas velho. Old but Gold.
Eu percebi que estava envelhecendo.
Uma hora isso iria acontecer. Uma hora eu iria cair na real - a gente envelhece um dia por vez e só percebe quando os dias viram anos e se acumulam em décadas. 
Foi interessante, entretanto, perceber isso através da ciclicidade. Eu estava consciente, naquele momento, de que envelhecera porque eu via com olhos de novidade algo que reconhecia como memória, como recordação. 
 Mas, ironicamente, isso soou bem divertido. É da experiência absorvida que as boas vidas são vividas, dos sonhos realizados que os bons tempos são tecidos. Eu vivi bem minha infância, vivi bem minha adolescência, com toda a dor, sofrimento e crueldade que todos nós encaramos e encararíamos novamente várias vezes.
E se, a partir de agora, encarássemos com mais vontade o dia de amanhã?
Não por acaso, esse texto sai com o fim do dia. Sincronicamente, o dia acaba, como as lembranças se esvaem. Fica a proposta de seguir em frente, olhando aquela criança com ternura e vivendo o homem que me tornei com honra. 
Te convido e te desafio a fazer o mesmo. Faça desse dia o último dia do seu passado e o primeiro dia do resto da sua vida. 
Feliz dia das crianças. 





Say my name like it's the last time,
Live today like its your last night,
We want to cry but we know its alright,
Cause I'm with you and you're with me.

Butterflies, butterflies... we were meant to fly,
You and I, you and I... colors in the sky,
We could rule the world someday, somehow
But we'll never be as bright as we are now.

We're standing in a light that won't fade,
Tomorrow's coming but this won't change,
Cause some days stay gold forever.
The memory of being here with you
Is one I'm gonna take my life through,
Cause some days stay gold forever.

Promise me you'll stay the way you are,
Keep the fire alive and stay young at heart,
When the storm feels like it could blow you out
Remember, you got me and I got you.

Cause we are butterflies, butterflies... we were meant to fly,
You and I, you and I... colors in the sky,
When the innocence is dead and gone,
These will be the times we look back on.

We're standing in a light that won't fade,
Tomorrow's coming but this won't change,
Cause some days stay gold forever.
The memory of being here with you
Is one I'm gonna take my life through,
Cause some days stay gold forever.

I won't, I won't let your memory go
Cause your colors they burn so bright,
Who knows, who knows what tomorrow will hold
But I know that we'll be alright

Butterflies, butterflies... we were meant to fly,
You and I, you and I... colors in the sky,
We could rule the world someday, somehow
But we'll never be as bright as we are now.

We're standing in a light that won't fade,
Tomorrow's coming but this won't change,
Cause some days stay gold forever.
The memory of being here with you
Is one i'm gonna take my life through,
Cause some days stay gold forever.