sábado, 31 de julho de 2010

Considerações e comemorações: Um ano de Conversas Cartomânticas.



Olá pessoal. Quase passa em brancas nuvens o fato de já estarmos há um ano juntos!
Dia 17 deste mês, completamos um ano de Conversas Cartomânticas. Ano este em que eu cresci muito, pensando no que dizer, em como dizer, e refletindo na minha experiência o desejo de partilhar o que sei em relação às cartas. Como não canso de dizer, valeu, Alex, por me pedir para voltar a escrever! São 196 postagens, 20307 visitantes, 67 seguidores. Impensável quando comecei a escrever. Fato consumado, hoje. E a intenção é continuar crescendo. Vamos alcançar os 100 seguidores até o fim desse ano! ^^



Dia 20 comemoramos o Dia do Amigo. E como sou feliz por ter feito tantos novos amigos (embora eu seja péssimo no #followfriday, sei que as pessoas tem sido muito generosas comigo nesse sentido). Novos jogos, novas perspectivas, novos clientes... Todos buscando a mesma coisa: equilíbrio e fé no porvir.
Amigos, velhos como um bom vinho ou novos como a aurora de hoje cedo: obrigado por sua presença em minha vida.



Dia 26 comemoramos o dia da Avó, foi a comemoração de Nossa Senhora Sant'Ana (por vezes de São Joaquim, também), e, nos círculos afro-brasileiros, a comemoração de Nanã Burukê, a regente da carta 09 do baralho dito Cigano. Fui muito feliz nesse dia com minha avó, ainda que não tenhamos aberto um baralho...
E hoje comemoramos o dia do Orgasmo.



Segundo Carmita Albdo, para a IstoÉ Gente, "O Dia Mundial do Orgasmo foi criado há quatro anos, na Inglaterra, por redes de sex shops. Pesquisas feitas por essas lojas revelaram que 80% das mulheres inglesas não atingem o clímax em suas relações. Em termos de insatisfação sexual, os brasileiros não ficam longe. A presença ostensiva de sexo na tevê sugere um povo versado e realizado sobre o assunto, fantasia esta, porém, que não condiz com a realidade. Estudo conduzido pelo Projeto de Sexualidade da USP (ProSex) detectou que 50% das brasileiras têm problemas com a ausência de desejo, falta de orgasmo, dificuldade de excitação ou dor durante a penetração – algumas delas têm mais de uma queixa. Um paradoxo num país com sexo tão presente no cotidiano. Os homens brasileiros também têm problemas. Cerca de 12 milhões deles sofrem de alguma disfunção sexual e é certo que a insatisfação nesta área sinaliza algum problema de saúde e contribui para conflitos do casal."
E a autora continua: 
"A proposta do Dia do Orgasmo não tem como finalidade decretar mais um feriado, mas debater o assunto nas diversas esferas sociais. Isso inclui a instituição de educação sexual de qualidade nas escolas, mais consciência quanto ao uso de preservativos e mais esclarecimento sobre as causas da falta de desejo sexual e da disfunção erétil. Não há justificativa para a perpetuação de problemas que podem e devem ser resolvidos. E o principal remédio ainda é a discussão franca e isenta de preconceitos."
Seguem aqui algumas dicas do Portal Terra.



Enfim, diversas comemorações passaram, mas ao fim e ao cabo, minha felicidade é saber que posso partilhar com vocês conversas importantes em tão sem importância quanto um fim de tarde de pernas pro ar.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

As Cartas Fênix



Olá pessoal. Travei contato, recentemente, com um oráculo bem interessante: as Cartas Fênix, que propõem o (re)encontro com sua(s) vida(s) passada(s). São 28 lâminas, que perpassam a história da humanidade e aproximam o operador de alguma de suas passagens pelo planeta - talvez a mais importante para a compreensão do momento atual de sua vida.
Achei o texto um pouco tendencioso. Logicamente, se você procura um caminho espiritual, é porque tem questões a responder, independente da vida em que estiver! Mas acho válido o oráculo, por possuir uma simbologia rica relacionada com diversas culturas; nos prepara, inclusive, para certos insights relacionados com o Tarot.
As cartas são:

I. Desenho Zen-budista.
II. Roda Mágica das Prairie Plains.
III. Feiticeiro pré-histórico.
IV. Sacerdote Jaguar Maia.
V. Deusa Egípcia Buto.
VI. Efígie da Mão dos Construtores de Túmulos (sul de Ohio)
VII. Amuleto Cigano.
VIII. Bracelete Persa.
IX. Amuleto Romano de Mão
X. Máscara Jukun de Akuma (não, não é aquele do Street Fighter) (África)
XI. Deusa Iugoslava da Terra.
XII. Pedra Viking das Runas.
XIII. Urso Chinês.
XIV. Dançarina Elisabetana.
XV. Espelho Celta.
XVI. Anjo Renascentista.
XVII. Pintura Aborígene em Couro.
XVIII. Shiva Hindu.
XIX. Pintura Grega.
XX. Iluminura Medieval
XXI. Catedral Russa Bizantina.
XXII. Crescente e Estrela do Islamismo.
XXIII. Pintura em Antiga Catacumba Cristã.
XXIV. Sumo Sacerdote Hebreu.
XXV. A Deusa Havaiana Pele.
XXVI. O Tamborete Sagrado Achanti (África)
XXVII. Máscara Kachina dos Hopis (Sudoeste americano)
XXVIII. Símbolo ocidental contemporâneo.

Relacionadas a períodos, locais e personalidades diferentes, as Cartas Fênix servem como panorama de um problema bem mais complexo, que é a influência das vidas passadas no presente do indivíduo. 

Particularmente, sinto-me mais à vontade de lidar com esse aspecto no Petit Lenormand, quando as cartas 09 e 08 estão combinadas; algo do passado do consulente emergirá, e pode, dependendo da conjuntura das cartas, ser algo de longa, longa data.
Caso alguém tenha experiência com essas cartas, seria muito generosa em partilhar conosco.
Abraços a todos.

SHEPPARD, Susan. As Cartas Fênix: Um novo método para você descobrir os aspectos positivos de suas vidas passadas. Tradução de Heloysa de Lima Dantas, ilustrações de Tony Taylor. São Paulo: Pensamento, 1993. Acompanhado de 28 cartas coloridas.




O livro e o baralho Wicca e meu jogo semestral


Olá pessoal. Adquiri, recentemente - e novamente (o primeiro eu dei de presente), o Livro e o Baralho Wicca, da Sally Morningstar (Ed. Pensamento). O livro, acompanhado de 42 cartas, esteve comigo no meu período de Neófito na Bruxaria (isso lá pra 2003, realmente não me lembro).
É um belíssimo baralho. Belíssimo mesmo. Suas cartas representam Deuses, apetrechos e atos do cotidiano da Wicca. É muito didático para quem está começando, ainda que não represente uma síntese dos estudos, mas o começo dos mesmos. (Aqui temos uma apresentação das cartas, por Cacilda Guerra)
Outra coisa importante: Sally não denomina (abençoada seja) seu baralho como um Tarot!
Senti muita falta desse baralho. Mas, sobretudo, do jogo que ele possui, de sete cartas. Adaptei-o para o Marselha e o faço há alguns anos, semestralmente; assusta o grau de acerto que ele possui.
O jogo chama-se Sequência da Estrela e compõe-se por sete cartas, formando um hexagrama com uma carta ao centro. Os planetas estão organizados conforme o hexagrama presente no centro da Árvore da Vida cabalística, então não é muito difícil conseguir um diagrama semelhante. As cartas significam:


1 - SATURNO. As restrições que você ou o ambiente lhe propõem no período do jogo.
2 - LUA. Os fatores inconscientes e as influências da programação infantil, do atual mundo interior.
3 - MERCÚRIO. As lições que serão aprendidas no período concernente ao jogo; revela o seu potencial.
4 - JÚPITER. Representa as forças que o ampararão e aonde buscar ajuda. Representa também o que pode estar bloqueando seu caminho.
5 - VÊNUS. O caminho da beleza. O compartilhar, o dar e receber. o seu Dom.
6 - MARTE. A ação efetiva necessária no período do jogo.
7 - SOL. Síntese do jogo e questão central que norteia o desenvolvimento das questões periféricas.
Nessas sete posições eu coloco os Arcanos Maiores. Depois dessas, embaralho os Arcanos Menores, selecionando seis - um para cada mês do porvir.
Faço esse jogo, naturalmente, duas vezes por ano: uma no dia 31 de dezembro e outra no dia 30 de junho.
Além de ser muito claro, ainda me auxilia nos estudos dos Arcanos Menores - tenho um mês para experimentar cada um deles, um por vez.
Para todos os Wiccanos, Bruxos ou interessados no Caminho Pagão, recomendo o livro. Para todos os Cartomantes, recomendo o jogo.
Abraços a todos.

Ficha catalográfica: MORNINGSTAR, Sally. O livro e o baralho wicca: dê um toque de magia à sua vida. 5 ed. Tradução de Denise de C. Rocha Delela, ilustrações de Danuta Mayer. São Paulo: Pensamento, 2008. 128 p. Acompanhado de 42 cartas coloridas.  

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Organizando o baralho de Tarot

Olá pessoal.
Cada baralho, para mim, possui uma especificidade de vocabulário. Contudo, todos falarão sobre os temas que o consulente precisa entender. A minha escolha decorre do vocabulário que considero mais adequado à compreensão do consulente.
Mas, pensando no uso do Tarot e dialogando com o post anterior, gostaria de falar um pouco sobre as diferentes formas de se utilizar o grupo de cartas que forma este baralho, especificamente. Afinal de contas, da forma de utilização deriva a denominação...



22 cartas: É o costumeiro para iniciantes, ou para aqueles que tem alguma dificuldade com os Arcanos Menores. Das informações oriundas do nome, do número e da imagem dos 22 Arcanos são hauridas as principais leituras. Utilizo essa estrutura em jogos de emergência, quando quero uma resposta rápida. Existem cartomantes que se especializam no uso desse grupo e conseguem respostas precisas, que eu conseguiria com o uso do grupo todo – Arcanos Maiores e Menores.
Por vezes, deixo os Arcanos Menores de lado apenas para treinar a Visão do cotidiano aplicada aos Arcanos Maiores.



42 cartas: Não é muito usual, mas considero uma alternativa de transição para o baralho completo. São utilizados, além dos 22 Arcanos Maiores, a Corte – Rei, Rainha, Cavaleiro e Valete – somados ao Ás de cada naipe. Dessa forma, os personagens da Corte representam pessoas ou situações, e os Ases a plenitude da informação oriunda do naipe. No Brasil, tenho conhecimento de dois baralhos editados dessa forma: O Tarô Místico, da Celina Fioravanti, e o Tarô dos Anjos, da Monica Buonfiglio. Nenhuma das duas autoras remetem esse jogo a uma tradição ou a uma edição anterior em sua bibliografia, embora afirmem que seus respectivos baralhos são cabalísticos; não sei a procedência dessa forma de organizar as cartas, do que conheço das relações entre Tarot e Cabala. Não acredito, por falta de referências, que esta organização seja legitimamente brasileira. Utilizo o método apenas quando trabalho com os referidos baralhos.
Nota em 27 de março de 2011. Tendo ganho o Tarot Visconti-Sforza, tive o primeiro contato com essa forma de organizar o maço de cartas, de origem internacional. Stuart Kaplan sugere o uso das 42 cartas para a Cruz Celta, ou jogo de 10 cartas. 



56 cartas: Quando são utilizados apenas os Arcanos Menores. Nunca usei; quem aponta para este uso é a Patricia Fernandes. Quando é para usar as cartas ligadas ao cotidiano, prefiro usar o Baralho Inglês (nossas cartas comuns de jogar), de 52 cartas (quando usamos os significados das cartas de Tarot para as cartas de jogar, os significados do Cavaleiro se diluem entre o Rei e o Valete), ou o Baralho Francês, de 32 cartas (que possui significados levemente diferentes). Como já disse antes, não sei utilizar o Baralho Espanhol... ainda. E não possuo (ainda) o Grand Jeu de Mlle. Lenormand.



78 cartas: a forma mais completa de usar o Tarot, com seus 22 Arcanos Maiores e 56 Menores. A forma que eu utilizo correntemente, quando a edição do baralho permite. Dividindo os naipes em temas, e tomando os Arcanos Maiores como as lições a aprender, temos um panorama completo da vida do consulente com extrema precisão e máxima facilidade. É um pouco difícil guardar os principais significados de cada carta, sobretudo das cartas numeradas do Tarot de Marselha; devido a esse fato, temos hoje em dia baralhos com ilustrações que auxiliam a interpretação das mesmas (todos herdeiros do Rider Waite) ou com nomes próprios nas cartas (como o Thoth de Aleister Crowley). Só a prática, contudo, nos garante a precisão, nessa ou em outras organizações, mesmo que somente de 22 lâminas.
Até a próxima.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Dando nomes aos bois...

Olá pessoal. Continuando nossa conversa sobre os gêneros e a manipulação das cartas, gostaria de falar um pouco sobre o termo que designa a nossa profissão (ok, pode trocar "profissão" por "hobby", ou por "passatempo" ou por "missão de vida"... Não importa; gosto de "profissão" porque, ao se tornar verbo, mostra que eu "professo" a Cartomancia)
Qual é o termo para definir o que somos? Cartomantes? Tarólogos? Consultores de Tarot? Adivinhos? "@ moç@ que põe cartas?"
Entre todos os termos que vejo, o mais abrangente, para mim, é Cartomante mesmo, e é com ele que eu me defino. Cartomante é aquele que manipula as cartas - independente de qual seja a natureza do baralho. Como eu jogo vários tipos, prefiro essa denominação. Além disso, é uma homenagem aos meus antepassados que faziam disso um meio de vida, e que, a despeito de todo o preconceito que os cercava, mantiveram a tradição, as imagens e os significados para que hoje eu pudesse ser o que sou.
Todos os tarólogos são cartomantes, mas nem todo cartomante é tarólogo. Sendo assim, acho o termo restrito aqueles que se dedicam ao estudo intensivo das lâminas do Tarot como meio de autoconhecimento, previsão do futuro e/ou estudos iconográficos e simbólicos das imagens que o compõe.
Sinceramente, racho de rir com "@ moç@ que põe cartas". É uma forma pueril de se dirigir ao Oráculo, mas com prerrogativas um tanto quanto perigosas. São as pessoas que, por não saberem como se dirigir, se apegam aos estereótipos. Com essas pessoas, é necessário nao só um trabalho de orientação, mas também de direcionamento, para que essa pessoa, ao invés de manter um padrão vicioso de reconhecimento das cartas como "Ver a Sorte" ou coisa que o valha, passe a ser uma propagadora dos reais efeitos de um bom jogo, que são o autoconhecimento e o reconhecimento do potencial criador.
Abraços a todos.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Sobre o gênero daquele que manipula as cartas

Olá pessoal. Como tá ficando difícil atualizar o blog, devido aos meus atuais compromissos – me formo no curso técnico em Conservação e Restauração de Bens Culturais da Fundação de Arte de Ouro Preto (FAOP) dia 10 de julho – estou aproveitando o parco tempo que tenho para escrever. Estou dentro de um ônibus. Pois bem, fora os solavancos, acho que esse post sai – na verdade, se você estiver lendo, eu obtive êxito na empreitada...
 

Estive pensando em algo que li no Caminhos do Tarô. As cartas comuns eram reservadas somente às mulheres e aos efeminados, enquanto os Arcanos Maiores eram reservados aos homens. Fiquei impressionado com tal afirmação, porque ela é lógica, do ponto de vista histórico. Eu fiquei pensando em como abordar algo que para mim soa lógico sem cair na homofobia nem na misoginia. Vocês dirão se eu consegui.
 

Questão de autocrítica: tenham em mente que, quando cito os gêneros, estou na verdade afirmando coisas acerca dos homens e mulheres dos séculos XVIII e XIX. A atualidade já tem os gêneros diluídos o suficiente para que tais análises estejam obsoletas, ou, se muito, a caminho disso.
A questão é: os homens são mais atraídos pelo poder, pela magia cerimonial (e por cerimônias de todos os tipos...) enquanto as mulheres estão mais interessadas no dito “futuro”. E que futuro é esse? Um bom casamento, filhos, segurança... estruturação.
Lembrem-se que os sistemas que hoje usamos são derivados daqueles desenvolvidos por homens e mulheres do século XIX, quando ninguém havia queimado sutiens ainda! (Ou espartilhos, que são mais cruéis e mais adequados ao período).
Lembremo-nos do conto A Cartomante, do Machado de Assis. A figura da mulher solteira que sobrevive do que consegue angariar fica evidente. E o que diríamos das afirmações de Antoine Court de Gebelin, que disse ter descoberto num maço de cartas, usado por moças para prever o futuro ou ver a sorte, os mistérios do Antigo Egito?
 

A subestimação do intelecto feminino fica evidente, quiçá ferina, numa afirmação como esta; ainda que, convenhamos, tenham havido nos dois últimos séculos intervenções de ambos os gêneros tanto na magia cerimonial com o Tarot quanto na divinação.
Na divinação, temos Etteilla, responsável pelo tronco comum seguido por toda a Cartomancia francesa. Outrora Alliette, fez fortuna com sortilégios e previsões, como boa Bruxa que seria... se fosse mulher!
 

Por outro lado, já no século XX, temos Pamela Colman Smith (cujo baralho desenvolvido em parceria com Arthur Edward Waite completou 100 anos), Lady Frieda Harris (parceira de Aleister Crowley na produção do Thoth’s Tarot) e Dion Fortune, talvez a maior cabalista cerimonial do século XX (se não for, certamente é a mais citada...)
 

Levando em consideração a contribuição dessas pessoas às áreas “reservadas” ao sexo oposto, voltamos à questão inicial: por que às mulheres e aos efeminados (que, em grande parte, partilham da intuição feminina somada à perspicácia investigativa masculina, ou seja, resultam em grandes cartomantes) eram reservadas as cartas comuns? Navalha de Ockhan: porque elas são diretas e precisas. Porque elas falam de um tempo curto – de dias a meses (há exceções: nas mãos de um bom cartomante, as previsões podem ser, realmente, de anos à frente). Porque elas falam do cotidiano. Porque elas se ligam ao lado mais prático e corriqueiro da vida. E mais: elas são acessíveis a qualquer um.
 

E por que seriam reservados aos homens os Arcanos Maiores? Porque são amplos e afeitos a metáforas e alegorias (sendo, eles mesmos, alegorias); porque não se assentam em nenhum culto, sendo passíveis de associação com vários deles; porque são filosóficos, na medida em que levam ao questionamento, mais que revelam acontecimentos; porque estão ligados à atemporalidade da ação – enquanto não se aprende uma lição, não se consegue partir para a seguinte...

E, parafraseando Starhawk, podemos encontrar facilmente em nossa memória cinco mulheres que se adequam às questões ditas "masculinas", e cinco homens que se adequam às questões ditas "femininas". Diante de um baralho, os gêneros se diluem.
Nessa medida, e tendo em mente a composição do baralho de Tarot, que é formado pelos dois grupos, trabalhar com ambos é uma chance inenarrável de trabalhar com os aspectos masculinos e femininos do ser, buscando a praticidade feminina relacionada com a visão de longo prazo masculina.
E vice versa.
Abraços a todos.
 
P.S.: Enquanto editava esse texto, encontrei esse artigo, do Marcelo Del Debbio. É, eu não estou sozinho nessa...

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Reconhecimento e agradecimento à COPAG do Brasil


Olá pessoal. Depois da medida de desespero tomada posts atrás, fui agraciado com o reconhecimento pelo trabalho que desenvolvemos - eu escrevendo, vocês lendo - neste blog. A Mariana Navarro, conforme vocês podem ver no comentário do referido post, veio em nome da COPAG oferecer o Baralho para Ver a Sorte, que era tão caro a mim!


Bem, eu preciso ser claro na minha explanação para que vocês entendam que a importância deste baralho transcende o emocional. Este baralho conta com a qualidade COPAG - para qualquer um que goste de baralhos, essa informação chega a ser supérflua. Além disso, aqui no Brasil, poucos baralhos ditos Ciganos mantiveram as cartas comuns representadas em sua iconografia. Normalmente, o que se vê ou são as cartas redesenhadas com inspiração afro-brasileira ou representações do Petit Lenormand. Esse baralho constitui o diferencial; pois, ao mesmo tempo em que mantém as cartas comuns, sua iconografia respeita os significados desenvolvidos pela Escola Brasileira, como meu amigo Alex gosta de chamar a tradição desenvolvida aqui no Brasil.


O melhor exemplo está na carta 02. Enquanto na Europa ela significa sorte, no Brasil foi traduzida como obstáculos; na representação dessa carta, no Baralho para Ver a Sorte, temos exatamente essa representação, com os paus que oferecem resistência à passagem. Você poderia dizer: "Hei, mas é a representação do Tarô Cigano, da Katja e do César Bastos!". Sim, é; mas lá está o Seis de Ouros representado, detalhe suprimido no baralho do casal Bastos, e nos subsequentes.

(Imagem: Orkut Lenormand, por Gian. Confira a explanação da carta aqui)

O que é melhor; ao contrário dos baralhos herdeiros do Tarô Cigano, esse baralho não se relaciona com as divindades afro-brasileiras, sendo portanto facultativo seu contato com tais arquétipos.


Não só por esses detalhes, mas pela vivência com esse baralho, considero-o insubstituível. Recomendo-o, sem dúvida; mas, infelizmente, ele encontra-se esgotado atualmente. Caso o encontre, num golpe de sorte, ou caso a COPAG resolva o reeditar, não deixe de adquiri-lo; a relação custo-benefício é clara e evidente, e você se coloca mais próximo daquilo que é nosso, enquanto estudantes da Arte produzida no Brasil, sem mascará-la em imagens da Escola Européia ou reinterpretadas por uma perspectiva religiosa. 


Abraços a todos.