sexta-feira, 31 de julho de 2009

A Carta Diagnóstico ou: Quando não se deve proceder com a consulta



Uma das técnicas que venho desenvolvendo em minha prática na cartomancia, e que tem obtido resultados excelentes não só para mim, como para meus alunos, é a Carta Diagnóstico. Apesar de podermos jogar sem nenhum tipo de "licença" ou ritual, já que o processo interpretativo ocorre de acordo com o cartomante e o seu conforto na situação de leitura, eu, particularmente, "peço licença" para abrir o jogo, e essa licença é dada pela Carta Diagnóstico. Com ela, eu sei se posso abrir o jogo e qual é o principal assunto que será tratado na leitura. É um índice, um sumário, um começo. 
Certa vez, eu resolvi abrir o Thoth Tarot, buscando uma orientação. Respirei fundo como de costume, esvaziei a mente, buscando concentração e centramento, de forma a alcançar a clareza para enxergar a situação sem deixar que as esperanças ou o medo me influenciassem. Afinal, jogar Tarô para você mesmo é a maneira mais simples de aprender e a mais fácil de se enganar.
Chegado o momento do corte, viro o Arcano XII.
Fiquei atônito. Ué, mas eu tinha feito tudo certinho, porque o jogo não abriria?

Muitos jogos pedem uma certa quantidade de cartas ou mesmo um certo embaralhamento para abrir - são os rituais próprios de cada cartomante. Para evitar confusões ou indecisões de minha parte, elegi a escolha da Carta Diagnóstico para entender que forças estão em atuação no momento atual da consulta. Esse é o primeiro embaralhamento do jogo e quem corta é o cartomante - é ele quem mapeará as energias que estão envolvendo o momento do jogo, a si mesmo e ao consulente, percebendo também através dessa carta como proceder em relação ao consulente - que vocabulário utilizar, quais são as áreas da vida do consulente sobre as quais deve se focar mais etc.
É possível usar a técnica com qualquer baralho que se utilize, desde que se reflita sobre o significado de cada carta e se teste a técnica a partir desse primeiro mapeamento. Não é difícil supor quais cartas no Petit Lenormand não abrem jogo, por exemplo. Contudo, com a prática deste método, surgiram questionamentos específicos de cada baralho, por exemplo, no Petit Lenormand: "O jogo abre com as Nuvens? É um jogo de confusões mentais, stress, ou é a voz de Iansã?"
Para mim, não pode haver dubialidade em nenhum momento do jogo, sobretudo em seu começo. Quando saem cartas que podem responder de maneira dúbia - tanto o jogo não deve ser aberto quanto o jogo versará sobre aspectos muito densos/tensos da vida do consulente, tiro mais três cartas: 
Uma para o ambiente, pois o local pode não estar adequado para a consulta, sendo necessário efetuar alguns momentos de harmonização, acendendo incensos, aspergindo água abençoada ou perfume ou acendendo velas; 
Uma para o consulente, para saber se ele está pronto para o jogo ou movido por sentimentos menores, como a curiosidade ou o teste "se o cartomante é bom mesmo"; 
Uma para o consultante (o cartomante), porque nem sempre estamos cem por cento para iniciarmos uma leitura.
No exemplo, o Enforcado diria respeito a coisas que serão vistas de maneira equivocada (Sabendo que o jogo era para mim mesmo, seria difícil ir além das minhas vontades imediatas na leitura). Surpreso, como já disse, não me contentei e arrisquei uma segunda tentativa. 
Saíram: Ás de Espadas. Três de Discos. Cinco de Copas.
O Ás de Espadas para o ambiente mostra clareza na exposição intelectual do jogo, ou seja, as idéias que o permeavam seriam vistas de maneira clara, pois a energia estava fluindo bem no local.
O Três de Discos para o consulente mostra que a preocupação está ligada ao plano material e deve ser informada de maneira prática, direta, sem rodeios.
Entretanto, o Cinco de Copas, a terceira carta, foi que me respondeu por quais motivos eu não deveria abrir o jogo: eu estava muito envolvido emocionalmente com a questão para ter clareza, devido à mágoa envolvida no processo.
Como cliente ok, como cartomante... não.
Perguntei então se era realmente importante abrir o Tarô para essa leitura. Saiu o Oito de Copas. Nesse caso, seria um jogo por uma informação que eu estava careca de saber mas ansioso por confirmar, e que sem sombra de dúvida despertava em mim sentimentos menos nobres. 
Ok, ok. Entendi. Eu jogo depois. Por outros motivos, claro.
Usar a Carta Diagnóstico é muito bacana e muito efetivo, não importa qual cartomancia você utilize. Ela evita leituras anacrônicas, confusas, truncadas, porque impede que o jogo comece se algum dos três fatores estiver destoando: o ambiente, o consulente e o consultante (o cartomante) devem estar em perfeita sintonia para que o jogo flua com tranquilidade, respeito e sobretudo, clareza nas explanações.
Um grande abraço nada truncado e até o próximo post.

10 comentários:

  1. Parabéns por seus estudos! Muito boas suas explanações sobre os temas...
    Gostei muito de seu blog.
    Grande abraço

    ResponderExcluir
  2. Parabéns, suas explicações tem me ajudado muito a compreender melhor as cartas, trabalho com o petit lenormand, é o baralho com o qual me identifico mais

    Abraços

    22 de Fevereiro de 2010

    ResponderExcluir
  3. Olá,
    Venho lendo o seu blog e tenho gostado MUITO! Estou começando a pesquisar sobre Baralho Cigano e já peguei ótimas dicas aqui. Você me indicaria aonde comprar um baralho cigano? E se acha necessário me aprofundar um pouco mais no Tarô dito "tradicional" para compreender o cigano melhor ou como base?
    Na realidade procurei pelo cigano, pois inicialmente me atraiu bem mais. Talvez porque tenha uma relação mais direta com Orixás, que são a minha "área" rsrsrs....

    Obrigada desde já! Se possível espero manter contato!

    ResponderExcluir
  4. Olá pessoal. Obrigado pelo retorno tão positivo!
    B., não consegui entrar em contato contigo. Quanto ao baralho que deseja, existem diversos no mercado, e seria bacana conversarmos para podermos ver qual iconografia melhor lhe atenderia, nesse caso. Estarei às ordens.
    Abraços a todos.

    ResponderExcluir
  5. Também desejo a você um 2012 iluminado em todos os sentidos.
    gostei do post,realmente essa dica e valiosa, eu costumo em algumas consultar tirar uma unica carta quando o consulente nao tem algo em especifico, para sentir o tema da consulta.
    Mas sua dica para termos uma noção da energia do local do consulente cartomante é tudo de bom.Vou adotar.bjaum!

    ResponderExcluir
  6. Muitíssimo interessante o teu texto.
    Vou guardar porque creio que certamente me será útil mais algumas vezes à frente.
    Obrigado por compartilhar essa informação experimental.
    Abraços
    Namastê

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Salamanca, espero que seja realmente útil. Esse texto tem alguns anos, mas ainda me parece palatável - é ainda meu modo de ver as coisas.
      Abraços!

      Excluir
  7. Nossa, que clareza, quanta lucidez e que informação coerente e salutar. Super interessante, e mesmo sendo antiga, será sempre atual essa postagem Parabéns e Muito Agradecida por poder "degustar um manjar espiritual" tão nutritivo para minh'alma. Abraços

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Carla, são comentários como o seu que me fazem continuar escrevendo. Muito obrigado.

      Excluir

Quando um monólogo se torna diálogo...