quinta-feira, 28 de março de 2013

A Jornada do Louco em sua Autodescoberta: O Enforcado


Olá pessoal. Após apreender a habilidade do Arcano anterior, o Herói se defronta com um teste. Certamente pensará ser um teste final, dadas as dificuldades de superá-lo; contudo, é o primeiro de quatro testes (como, no primeiro arco, tivemos na Sacerdotisa a primeira de quatro habilidades): um teste difícil, moroso. Necessário, porém.


A carta denota surpresa, terror. O horror, o horror, ser pego com a boca na botija. Culpado ou inocente, as circunstâncias não permitem defesas. Armadilhado, é melhor ceder que se defender. Um momento mais apropriado virá, e esse momento não é agora. Chore um pouco, e deixe ir.



Interpretações mais recentes (convenhamos: podemos estender um pouco o conceito de recente para um oráculo com séculos de uso) apontam para o mártir, para o injustiçado, para o que cede voluntariamente sua vontade para uma circunstância maior. Em outras palavras, o herói, metamorfoseado temporariamente em vilão. Todos somos vilões, afinal, dependendo do ponto de vista.


Pescaria no Sri Lanka. Enforcados e enforcamentos. 
Pendurados e arrebatamentos
[de um mundo, a outro]

E, numa metáfora pertinente ao momento, o que é a pesca senão a vivência do Enforcado para um peixe? Sair de um mundo conhecido e confortável para uma experiência desconfortável e assustadora, contra a vontade, sem entender o que acontece, sem motivação alguma (compreensível para ele)? Aprendendo com a metáfora, ser Pendurado nada mais é que sair de um mundo, para o outro, extremamente desconfortável, de ponta cabeça, up is down. Falávamos de peixes em outro arco do Conversas Cartomânticas, um arco literário que nos aproximava do Rei de Copas [parte I e parte II] Isso nos lembra, inclusive, de um conto de fadas bem conhecido, que traz a lição do Enforcado em suas escamas: a pequena sereia.


Waterhouse, "a Mermaid"

Dentro da nossa jornada junto ao Louco, já aprendemos a afastarmo-nos das situações para enxergá-las melhor, a aproximarmo-nos das situações para resolvê-las melhor e a resistirmos às situações quando elas não são do nosso agrado. Agora, aprenderemos a desistir delas. 
Essa é a lição que o conto da Pequena Sereia nos dá: Toda escolha é uma desistência per se. Algo se perde, com certeza, quando existe somente a perspectiva de alcançar o que se almeja. Curiosamente, como podemos apreender do conto, algo é obtido - por vezes, melhor que o desejo inicial.
Desistir não significa perder. Significa optar conscientemente por aquilo que nos parece mais adequado, confortável ou pertinente ao nosso momento, sem garantias. Como quando meditamos: desistimos do mundo exterior em função da paz interior. E aqui também, a escolha consciente permite a passagem sem dor, mas não sem desistência. Upside down.


Contudo, por mais que o Herói possa, parcialmente, evitar a dor desta carta ao aceitar seus eflúvios conscientemente, caminhar entre armadilhas para lobos, caçando flores entre cardos, não fará mais palatáveis os espinhos e menos lacerantes as dores, tampouco mais funcionais suas justificativas. Porque, afinal de contas, só mensura a Dor a quem ela toca, e só se conhece a Dor quando por ela se é tocado (uma lição que Sidarta Gautama aprendeu depois de homem feito). A dor do outro será sempre incomensurável, ainda que plenamente inteligível (para quem já foi tocado por ela pelo menos uma vez). E ter (ou pedir) desculpas não nos faz menos culpados. E perdoar ou desculpar não nos faz mais santos. Observar o Enforcado de longe não torna sua experiência mais doce. Vivenciá-lo conscientemente, contudo, ameniza os hematomas.
Se você tirou essa carta na posição de Separação, sugiro que você leia a história de Sidarta Gautama até o ponto em que ele foge do palácio. Algo ali vai lhe tocar sinestesicamente, confie em mim. Se você tirou essa carta na posição da Iniciação, suas dores atuais vêm com código de barras. E está na hora de ler, para entender o fio condutor dos mais recentes eventos. Se você tirou essa carta na posição do Retorno, está na hora de deixar para trás as justificativas e arrependimentos. Escolhas são escolhas. Seus passos lhe trouxeram até aqui. Eles levarão você a partir de agora para onde você desejar.
Os exercícios propostos e a bibliografia utilizada estão em um arquivo PDF. Para baixar, clique aquiPara outras imagens desse Arcano, clique aqui

terça-feira, 26 de março de 2013

...e dois Anjos oram por um cálice de sangue.

Dois de Espadas
Paz
Thoth Tarot

Talvez nenhum outro título proposto por Crowley para as cartas numeradas seja tão controverso quanto o dado ao Dois de Espadas. Paz. Será mesmo? Para entendermos o título, vamos de encontro aos aspectos circundantes: a imagem e a atribuição astrológica.

Reparemos na empunhadura.
Anjos em prece. Mas não se engane; são anjos que imploram pela lambida da lâmina. Nada em Espadas é o que parece ser, embora entender o que parece auxilie no entendimento do que é de fato.
A rosa azul é perfurada pelas duas lâminas e, veja só, aparentemente, é justamente o cruzar das lâminas que mantém as pétalas unidas. Até quando? 
Segundo Elias Mendes, em sua página Mega Astrologia do Facebook (acesso em 8 de dezembro de 2012):

Miniatura do Códice "Decretos de Smithfield" 
( final do século XIII, início do XIV)
Biblioteca Britânica, Londres.

Libra acaba sendo um posicionamento complicado pra se ter a lua, porque o bem estar da pessoa acaba dependendo de fatores que frequentemente, mesmo sob as melhores condições, fogem ao controle: a harmonia em sua relação com o ambiente. Esperar pela cooperação alheia pode ser frustrante, e muitas vezes a lua em libra acaba gastando um excesso de energia na tentativa de estabelecer um equilíbrio 

que no final das contas é muito delicado e se desfaz por motivos estúpidos. Nem todas as pessoas são dispostas a cooperação, nem todas as pessoas aceitam facilmente que sua liberdade termina quando começa a do outro. Quanto mais a pessoa tentar viver sem a dependência da aprovação pública e sem tentar intervir no equilíbrio do seu ambiente, mais harmonia ela vai obter, porque o equilíbrio no final das contas acaba sendo um processamento interno, passa por uma capacidade de se aprender a conviver e aceitar as diferenças. 

A grande vantagem da lua em Libra reside na sua "super-percepção dos outros". É como um super poder, existe uma consciência social muito forte, onde ela consegue perceber as disposições, medos, vontades e desejos das pessoas através do convívio, com uma velocidade muito alta. Isso garante as pessoas que tem a lua em libra a capacidade de se antecipar aos outros e faz com que sua interação com as pessoas seja amplamente facilitada. A inteligência social, e a capacidade de "manejar" outras pessoas é muito desenvolvida. 
Ficam questões a serem pensadas, aqui. Para acompanhar mais de perto meus pensamentos sobre o naipe de Espadas do Tarô Thoth, sugiro a leitura desse texto aqui, que eu escrevi para o Clube do Tarô.
Abraços a todos.

sexta-feira, 22 de março de 2013

SORTEIO: Concorra a um Ancient Italian!


Olá pessoal. Todo mundo que segue o blog sabe do meu amor pelo Ancient Italian. Como prometido, comemorando o ano novo astrológico e a chegada ao décimo primeiro passo do Louco em sua Aventura do Herói, o Conversas Cartomânticas, em parceria com a loja Amor, o Próprio e a Lo Scarabeo, sortearemos no blog um exemplar deste baralho, auxiliando no acompanhamento da série A Aventura do Louco em sua Autodescoberta.


Para participar é simples:
1. Seja seguidor do Conversas Cartomânticas (Friend Connect e Facebook).
2. Deixe um comentário nessa postagem com nome e e-mail.

O sorteio será realizado dia 8 de abril, pelo Random.org. O ganhador terá três dias para entrar em contato, após os quais o sorteio será realizado novamente. 

Boa sorte a todos, e até lá ;)

quinta-feira, 21 de março de 2013

The Game of Thrones Lenormand: 12. Os Passarinhos de Varys.


Olá pessoal. Já na contagem regressiva para a terceira temporada - Faltam nove dias! - Vamos acompanhar os passarinhos de Varys, este que é um dos personagens-chave para entendermos a história. Caminhando suavemente com suas chinelas sobre as lâminas do Trono de Ferro, garante um certo equilíbrio num jogo em que os protagonistas são peões e os figurantes podem ser bem mais que Reis; Rainhas do Xadrez - embora não garantam a perda do jogo se mortos, garantem a vitória do jogo se vivos.




Varys é um eunuco gordo e careca. Costuma usar vestes elegantes, como sedas de cores escandalosas, e chinelos que lhe permitem andar sem ser ouvido. É um tanto quanto afetado e bastante bajulador. Esconde seus verdadeiros sentimentos e motivações e usa suas habilidades de espionagem de acordo com os seus interesses. Nunca sabemos, de fato, de que lado ele está, a quem ele serve, quais são seus planos. Porém, pelo que se sabe, Varys almeja a estabilidade dos Sete Reinos. Ele frequentemente se refere aos espiões como seu "passarinhos". Muitos nobres o consideram de mau gosto e pouco confiável. 




Sua relação com Mindinho (carta 14 do Game of Thrones Lenormand) é uma das mais curiosas, intensas e interessantemente perigosas da série.

Já demonstrou conhecer muitas das passagens secretas dentro da Fortaleza Vermelha (possivelmente mostradas por Aerys para que seus "passarinhos" pudessem transitar secretamente pelo castelo). É um mestre do disfarce.



Após o Torneio da Mão, Varys se disfarçou e foi ter com Lorde Eddard Stark (Carta 06 do Game of Thrones Lenormand) em seus aposentos. Ele o advertiu de que a Rainha Cersei (Carta 32 do Game of Thrones Lenormand) estava tentando matar o Rei Robert, afirmou que só estava disposto a manter o reino em paz e que queria ajudar Eddard a combater os Lannister. Ele também disse que a antiga Mão, Jon Arryn foi envenenado com Lágrimas de Lys pelo crime de "fazer perguntas".
Varys levou ao pequeno conselho o relatório em que Sor Jorah Mormont dizia que Daenerys Targaryen (Carta 17 do Game of Thrones Lenormand) estava grávida, o que resultou na ordem de Robert para que ela e o filho por nascer fossem assassinados. Em seguida, Varys se encontrou com Illyrio nos subsolos da Fortaleza Vermelha, onde os dois discutiram como adiar a guerra entre os Stark e os Lannister até o momento certo.
Quando o Rei Robert morreu, Varys continuou como mestre dos segredos para o Rei Joffrey (Carta 06 do Game of Thrones Lenormand). 



Varys, disfarçado de carcereiro, visitou Eddard enquanto este estava nas masmorras. Ele convenceu o nortenho a confessar sua traição, mesmo sendo falsa, para que pudesse salvar a vida de Sansa. Em troca, Eddard poderia vestir o negro, atrasando a guerra entre os Stark e os Lannister. Quando Eddard perguntou a Varys a quem ele servia, Varys afirmou que servia ao reino como um todo.

A despeito das intenções de Varys para poupar a vida de Eddard, Joffrey decidiu de última hora exigir a cabeça do traidor diante da multidão, deixando em choque a Rainha Cersei e o próprio Varys.



Quando Tyrion Lannister (carta 26 do Game of Thrones Lenormand) chegou à Porto Real para assumir o cargo de Mão do Rei, Varys se aliou a ele, entregando-lhe relatórios do que acontecia na cidade. Ele também ajudou o anão a tomar a Guarda da Cidade e lhe contou que a Rainha andava dormindo com o primo Lancel Lannister.




Dos diálogos entre Varys e Tyrion, uma das citações mais intensas é oferecida por George R. R. Martin.

Varys também ajudou Tyrion a instalar Shae, ensinando-o um caminho secreto que o permitiria visitar a mulher sem chamar a atenção de Cersei. Nessa época, Varys também relatou a Tyrion as circunstâncias que o levaram a ser castrado.



Na série de TV, Lorde Varys é interpretado por Conleth Hill.




Quando os Passarinhos de Varys saírem no jogo, esteja pronto para ouvir e ser ouvido. Mas, confie em mim (ou não, não fará diferença): você não irá gostar.

Toda informação é importante nessa hora, esteja atento.



Ele, como Mindinho, ainda é um Coringa. Está sempre presente no jogo, mesmo que não seja visto.



Aproveitando a postagem, não deixem de ver o trailer oficial da terceira temporada, e os vários previews que estão sendo postados dia a dia. De trinta em trinta segundos, chegamos lá. 

Eu acho.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Rei de Copas e a literatura, parte II: O Velho e o Mar.

Rei de Copas
Waite-Smith

Continuando nossa análise literária do Rei de Copas, cometamos um pequeno anacronismo que não afeta a simbologia proposta, e analisemos a carta do Tarô a partir de uma obra póstuma à seu lançamento: O Velho e o Mar, de Ernest Hemingway.



Ernest Miller Hemingway (Oak Park, 21 de Julho 1899 — Ketchum, 2 de Julho 1961) foi um escritor norte-americano. Hemingway era parte da comunidade de escritores expatriados em Paris, conhecida como "geração perdida", nome inventado e popularizado por Gertrude Stein. 
Aos 18 anos, Hemingway foi para a Primeira Guerra Mundial trabalhar como motorista de ambulância para o Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, na Itália. Enquanto voltava da distribuição de chocolates e cigarros aos soldados, ele foi atingido por um projétil lançado por um morteiro. Ele ficou inconsciente e com estilhaços espalhados na cabeça, braços e pernas. Segundo Hemingway, “quando você vai para a guerra ainda garoto, você tem uma grande ilusão de imortalidade. Outras pessoas serão mortas… não você. Então quando você é gravemente ferido pela primeira vez, perde essa ilusão e começa a acreditar que pode acontecer com você”. O autor não se lembra de como voltou para o acampamento após o incidente. (Fonte)



Levando uma vida turbulenta, Hemingway casou-se quatro vezes, além de ter tido vários relacionamentos românticos. Em 1952 publica "O Velho e o Mar", com o qual ganhou o prêmio Pulitzer (1953), considerada a sua obra-prima. Foi laureado com o Nobel de Literatura de 1954.



O Velho e o Mar conta a história de um velho pescador chamado Santiago (qualquer semelhança não é mera coincidência). Apesar de muito experiente, Santiago encontra-se numa maré de azar, tendo ficado quase três meses - 84 dias - sem conseguir pescar um peixe.
Santiago possui um jovem amigo, chamado Manolin, que o incentiva a pescar. Na manhã do 85º dia, na sua pequena canoa, Santiago consegue um peixe, de tamanho descomunal (aproximadamente cinco metros de comprimento e 700 kg).
O peixe oferece muita resistência, e arrasta a canoa de Santiago cada vez mais para alto mar. Santiago sofre com o sol cegante e abre feridas nas mãos, de tanto lutar com peixe.
Depois de alguns dias, Santiago consegue finalmente matar o peixe e amarrá-lo à sua canoa. Porém, enquanto retornava a costa, sofre constantes ataques de tubarões.
Quando finalmente consegue chegar à praia, o peixe já estava sem carne, só restava a sua espinha, e Santiago estava sem forças. Os outros pescadores, vendo tamanho peixe, o maior que alguém já havia pescado, respeitam e ajudam-no, especialmente o jovem Manolin, que gostava muito do velho.


Príncipe de Copas
Tarô Iniciatório da Golden Dawn

Como Rei de Copas, o Velho nos mostra que mergulhar é preciso. Ir mais pra dentro, mais para o fundo, é preciso. Mas, ainda que a experiência seja rica, o resultado pode não ser testemunho para ninguém.
Desafie-se a isso.



Ah, um último detalhe, à guisa de desafio: muitos são os Reis de Copas por serem vistos. Reconheça-os... Se puder.
Abraços a todos.

quinta-feira, 14 de março de 2013

A Jornada do Louco em sua Autodescoberta: A Força.


Olá pessoal. Chegamos à metade (numericamente falando) da viagem do Louco. O Herói não tem mais como voltar, mas ainda não sabe até onde poderá ir e, mais que isso, ele não sabe o que vai encontrar.
E, no Arcano de hoje, o herói, após aprender a afastar-se e aproximar-se dos eventos, melhorando sua ótica sobre os mesmos, aprenderá a diferença, finalmente, entre fora e dentro. Entre eu e não eu. De uma forma belicosa. Através do enfrentamento.
A Força, Firmeza ou Fortaleza é uma virtude. Torna-nos inabaláveis. Não porque nos defende, mas porque, após adquirirmos sua dádiva pelo esforço, nada poderá ser tão forte quanto o prévio processo para obtê-la.
A Força é uma das cartas que mais sofreram modificações atributivas na sua representação. E isso aponta para uma série de experiências possíveis para o herói nesse momento.



Em uma conversa no Facebook, Fábio Donaire me presenteou com essa pérola de sabedoria iconográfica:
É engraçado como a boca do leão, nos baralhos tradicionais, fica exatamente na região da vagina de uma mulher aparentemente velha, frígida, casta. Uma mulher com tantas roupas e que é mais sexualizada que a mulher nua abaixo da estrela. Uma boca aberta, como se o centro da vontade estivesse submetido ao desejo do coração e à razão. A mão que abre a parte superior da boca do leão está na altura do coração. E é só na Força que o chapéu do conhecimento mágico reaparece. O leão está obviamente entre as pernas da mulher, como se ela o prensasse. Ele sai do seu manto, que cobre-lhe a parte traseira. Como se quisesse esconder uma parte dos instintos que precisa se manter no inconsciente. A parte que emerge, emerge controlada. Mas faminta.
A Força é uma Virtude, e, como tal, oferece ao Herói um novo subsídio na jornada. E esse subsídio pode ser chamado contemporaneamente de resiliência. O termo
é utilizado no mundo dos negócios para caracterizar pessoas que têm a capacidade de retornar ao seu equilíbrio emocional após sofrer grandes pressões ou estresse, ou seja, são dotadas de habilidades que lhes permitem lidar com problemas sob pressão ou estresse mantendo o equilíbrio. (Fonte)

E aqui temos uma nova habilidade emergindo para a jornada, que será fundamental no enfrentamento dos próximos passos. Contudo, como bem o Fábio ressaltou, ela emerge faminta.


Giane Portal encarnando a Força.
Beauty and the Beast.
Existe perigo em seus olhos.
Em todos eles.

Se você tirou essa carta na posição da Separação, o confronto que você vivenciou ou está vivenciando nesse momento é fundamental para a guinada que sua vida irá dar nos próximos meses (ainda que, normalmente, isso ocorra em semanas). Se você tirou essa carta na posição da Iniciação, a sua Fera interior despertou. Você não consegue mais manter o mesmo comportamento diante de questões que, por pura etiqueta, você deixava passar. Para avançar, será preciso abrir caminho. Se você tirou essa carta na posição do Retorno, não adianta usar de etiqueta agora. Não existem desculpas cabíveis. Ou há paixão... ou não há. 

Os exercícios propostos e a bibliografia utilizada estão em um arquivo PDF. Para baixar, clique aqui. Caso queira conhecer outras versões dessa carta (e, em relação à Força, recomendo veementemente que você faça isso - todas as atribuições são importantes e, na maior parte das vezes, exclusivas...), clique aqui.

terça-feira, 12 de março de 2013

Conhecimento versus (?) intuição.

Olá pessoal. Essa postagem é o resultado de conversas no grupo de estudo da Odele Lopes. Esse ás da nossa cartomancia tem nos proporcionado estudos fascinantes, e tem nos levado à profundidade em diversos aspectos, dialogando com os mais diversos baralhos numa linguagem acessível e carinhosa. Meu carinho e gratidão a ela, por tudo o que fez e faz pela cartomancia neste mundo (e nos outros).


Existe um certo preconceito em relação aos profissionais que se utilizam da intuição (somente, ou em grande parte) para efetuar suas leituras. O primeiro problema decorre do fato de ser praticamente impossível avaliar uma leitura que provém de um profissional desses, já que os seus valores e interpretações estão em um nível subjetivo e profundo. Da mesma forma, eu mesmo tenho uma certa reserva com quem lê um livro ou faz um curso e acha que está capacitado para atender ou mesmo dar cursos de cartomancia. É necessário, é fundamental viver o oráculo por um tempo, para entender seus limites e possibilidades, e esses são valores que professor nenhum pode ensinar. Algumas pessoas tem facilidade em ver questões amorosas; outras, tem facilidade em ver o futuro; outras, em dissecar o passado; outras, em ver desgraças e por aí vai. São especificidades subjetivas que estão ligadas à singularidade do cartomante, e não à habilidade do professor ou a natureza do oráculo. Não é porque dizem que não é aconselhável ver morte nas cartas, que efetivamente não se vê morte nas cartas.
O segundo problema decorre da capacidade de persuasão de alguns profissionais ser maior que sua capacidade de ser um oráculo (leia-se: trambiqueiros...) Já falamos aqui no blog sobre esse tipo de profissional, que é o alvo de programas de televisão que visam denegrir nossa prática profissional. Não me estenderei nesse ponto, por ora; creio que você, que está lendo, está alinhado sinceramente com a vontade de ser oráculo. Com todo o peso que essa profissão carrega. Pesemos então, intuição e conhecimento.


A intuição é fundamental para a leitura do oráculo. Simples: em meio a inúmeros significados, como "escolher" o correto? E como que a linha de raciocínio permanece coesa? E, sendo as mesmas cartas, como os resultados são diferentes? E como sentimos aquela sensação de certeza no que vemos?
Ainda assim, não gosto da palavra "intuição" justamente porque ela soa como justificativa quando a pessoa não sabe o motivo do que vê, ou, pior, quando fala sem saber direito o caminho que a visão seguiu. Aí vem o conhecimento. O que não inviabiliza o seu uso, só o seu uso como justificativa.
Da mesma forma, o conhecimento do oráculo é fundamental para a leitura do mesmo. Você tem que conhecer os LIMITES de cada carta, para que elas sejam específicas. Quer ver? Tentem pensar em qual carta, entre os 22 Maiores do Tarô, representa mudança. Depois que vocês pensarem um pouquinho, verão que pelo menos cinco cartas correspondem a esse possível significado, mas cada uma é específica na sua colocação. Para você explicar o que está vendo, seu vocabulário (leia-se, conhecimento) deve corresponder à sua habilidade em ler. E essa foi uma lição que aprendi para nunca mais esquecer com a Kelma Mazziero: seu vocabulário tem que ser muito bom, e o dicionário tem que estar entre os seus livros principais de tarô. As palavras tem poder

De quê adianta uma tabela como essa,
se você não sabe usar ou, pior,
se você não vê utilidade?

Logo, se torna aqui viável a colocação do Nei Naiff, quanto às diferenças de prática entre taromantes/tarotistas e tarólogos. Todos nós que lidamos com cartas somos cartomantes, sempre bato nessa tecla. Ok que a palavra se tornou pejorativa, mas isso se deve ao uso até então. Eu reforço seu sentido positivo com a esperança que, daqui a alguns anos, o nosso reconhecimento como cartomantes alivie o seu peso e seja diametralmente diferenciada de charlatanismo. Ainda assim, todos sendo cartomantes, temos entre nós alguns tem habilidade para pesquisar os significados e conversar sobre eles, outros são mais focados na adivinhação (e, antes que alguém me apedreje, a "terapia" que as cartas oferecem nada mais é que uma adivinhação, sim?). É importante sabermos que existem dois campos dialogantes que não se desmerecem. Mas, num grupo de estudos, claro que o conhecimento se fará marcadamente presente. Contudo, reitero, na prática, a mão que manipula as cartas é sempre soberana, sempre mesmo. Não importa se o que você vê está ou não no livretinho, se o teu cliente - o único juiz que importa - estiver satisfeito e reconhecer a verdade nas suas palavras, não há o que desmerecer. 
Embora, seja intuição, seja conhecimento, seja ambos, sem treino, não há fruto.
Ninguém nasce pronto para a cartomancia. Nascemos suscetíveis, mas nunca prontos. É o treino e a prática que nos balizará para a avaliação de nossos clientes.
Abraços a todos.

domingo, 10 de março de 2013

Magias e Rituais de Amor: Um estudo do Naipe de Copas.

Olá pessoal. Sempre que vou ao Rio tenho a oportunidade de conviver um pouco mais com uma grande amiga, Prem Mangla. Em nossas conversas cartomânticas, sempre encontramos novos caminhos e visões acerca de nossa prática. Novos métodos, novas abordagens, novos significados, novos baralhos.
Em uma ida à livraria, passei por esse livro, e se não fosse por ela, não o teria olhado com maior vagar. Prem tem uma predileção por oráculos que falem do amor em todas as suas formas (e ela é muito boa nisso). E eu sequer imaginava que esse livro fosse um oráculo. Obrigado pela indicação, Prem - a vivência com ele tem sido muito prazerosa.



Esse é um livro que me surpreendeu por vários motivos. A começar por suas cartas. Treze cartas belamente ilustradas em tamanho A5 (!), que representam os diversos níveis de atuação do amor. Falaremos sobre elas mais adiante.
O livro em si é tão bonito quanto as cartas, ricamente ilustrado. Com diversos rituais para autoconhecimento e despertar da autoestima, é um livro para ser consultado, mais que lido. Não é livro para ser lido apenas uma vez. Os conhecimentos nele descritos podem e devem ser utilizados não só na necessidade, mas no cotidiano, na vida. Aqueles que já mantém uma prática mágica constante encontrar-se-ão em casa. Aqueles que estão dando os primeiros passos, também – a leitura é fácil e as descrições, precisas. Indicações preciosas para os Livros das Sombras dos irmãos da Arte.



Voltemos a falar sobre as cartas. As cartas representam não apenas um oráculo, como também talismãs a serem utilizados junto com as frases de poder que as acompanham. Cada uma das treze cartas representa uma área, um nível de atuação do amor. Como são treze cartas, eu fiz uma experiência que foi muito funcional: cada uma das cartas pode ser correlacionada com uma carta do baralho comum, cujos naipes possuem treze cartas cada. Evidentemente, optei por Copas para representar cada uma das cartas deste oráculo, conforme segue:



Afrodite. Poder. Corresponde ao Ás de Copas.



Libra. Equilíbrio. Corresponde ao Dois de Copas.



Vênus. Amor Divino. Corresponde ao Três de Copas.



Cálice. Plenitude. Corresponde ao Quatro de Copas.



Mãos em Prece.  Paz. Corresponde ao Cinco de Copas.



Coração Partido. Mágoa. Corresponde ao Seis de Copas.



Corpo. Aparência. Corresponde ao Sete de Copas.


Golfinho. Brincadeira. Corresponde ao Oito de Copas.



Rosa. Valorização. Corresponde ao Nove de Copas.



Macieira em Flor. Merecimento. Corresponde ao Dez de Copas.



Quartzo Rosa. Apoio. Corresponde ao Valete de Copas.



Os Antepassados. Coragem. Corresponde à Dama de Copas.



Anjo da Guarda. Orientação. Corresponde ao Rei de Copas.

Atualmente, o livro encontra-se indisponível no site da editora. Encontre-o nas melhores livrarias. 

sexta-feira, 8 de março de 2013

Para o entendimento da carta 29 do Petit Lenormand.


Olá pessoal. A carta 29 do Petit Lenormand é representada por uma mulher, relacionada ao ás de Espadas, e seu poema (Lenormand Cartamundi, tradução livre) fala "A adorável carta da Senhora / [que] ela não se desvie / dos primeiros sinais / de amor e de felicidade."

As cartas 28 e 29 são cartas a princípio fáceis de se entender - são as Testemunhas, aquelas que nortearão a leitura durante todo o jogo, representando o consulente e sua contraparte. Acontece que temos dois problemas nessa afirmação: 1. Nem sempre a questão que norteia o consulente é de natureza afetiva e 2. Nem sempre o consulente é heterossexual. Já propus algumas possibilidades interpretativas no segundo caso (caso seja um homem homossexual, procurar seu companheiro nos Reis; se for uma mulher homossexual, procurar entre as Rainhas). Mas agora aprofundemos no primeiro caso. E, para isso, precisamos mergulhar profundamente no feminino, encontrando em nós mulheres célebres por sua forma e coragem... De serem mulheres. Evidentemente, para uma mulher será uma experiência muito mais fácil do que para um homem, mas convido a todos a superarem os limites do gênero em busca do entendimento que supera a todos eles.
Não há muito o que dizer. Há mais o que mostrar. 
É uma lista em franco crescimento, que tende a se expandir ad infinitum: sempre existe um exemplo na vida de cada mulher.

Frida Khalo
Auto-Retrato (Dedicado a Leon Trotsky). 1937. 
Óleo sobre masonita. 76,2 x 61 cm. 
Museu Nacional das Mulheres nas Artes, em Washington, DC, EUA.

Maria Bonita


Maria Gomes de Oliveira, companheira de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, foi a primeira mulher a participar de um grupo de cangaceiros.
Maria Bonita nasceu e cresceu no povoado Malhada da Caiçara, no município Paulo Afonso, Bahia.
Teve de um casamento fracassado, no qual não teve filhos. Além do mais, o marido era estéril e a diferença de temperamento gerou conflitos que levaram o casal a se separar.
Porém, no fim de 1929, Maria Bonita conheceu o temível Rei do Cangaço no sertão, Virgolino Ferreira da Silva, o Lampião, aos 32 anos. Ela tinha apenas 18.
O chefe de bando era vingativo, cruel e destemido, mas também tinha lá seus momentos de herói romântico. Dos saques das fazendas dos latifundiários do sertão, furtava perfumes franceses e o melhor uísque escocês. Ao relento nos acampamentos, entre as fugas para escapar da perseguição policial, puxava um fole de oito baixos e a ele foi atribuída a autoria de um dos maiores sucessos do cancioneiro sertanejo e nacional, "Muié Rendeira", de cuja autoria se apropriaria, no Rio, o malandro Zé do Norte.
Morando na chácara dos pais, após um ano de namoro, foi chamada por Lampião para fazer efetivamente parte do bando de cangaceiros, assim se tornando a mulher dele, com quem viveria por oito anos.
Supõem-se que Maria Bonita engravidou quatro vezes e que em duas delas perdeu os filhos. Comprovadamente ela teve uma filha com Lampião de nome Expedita Ferreira Nunes, a única reconhecida legalmente, que foi criada por um casal de amigos vaqueiros. 
Maria Bonita morreu em 28 de julho de 1938, quando o bando acampado na Grota de Angicos, em Poço Redondo (Sergipe),foi atacado de surpresa pela polícia armada oficial (conhecida como "volante"). Foi degolada viva, assim como Lampião, porém este já morto, e outros nove cangaceiros.
Maria Bonita tornou-se um símbolo feminista da força da mulher nordestina e brasileira.

Texto de Diego Vieira
Administração Imagens Históricas





...E mais 21 mulheres para reflexão.

Abraços a todos.

quinta-feira, 7 de março de 2013

The Game of Thrones Lenormand: 11. O Chicote de Stannis Baratheon



Lorde Stannis Baratheon é o irmão do meio entre os Baratheon Robert e Renly. Ele serviu no pequeno conselho do Rei Robert Baratheon como Mestre dos Navios e também era Lorde de Pedra do Dragão. Após a morte de Robert, ele se declarou o herdeiro legítimo do irmão e passou a reivindicar o Trono de Ferro, embora tenha pouco apoio em sua pretensão.


Assim como seus irmãos, Stannis é um homem grande - alto, de ombros largos e fortes. Ele não é descrito como atraente, já que não possui a beleza de seu irmão Renly ou de Robert, quando era mais novo (o que eu acho particularmente muito estranho, já que até os bastardos do Robert Baratheon são descritos como atraentes). Ele tem olhos azuis escuros e uma calvície avançada, deixando apenas uma franja de cabelo preto na cabeça ("a sombra de uma coroa"). Seu rosto é tenso como couro curado e ele tem bochechas encovadas. Os lábios são finos e pálidos.


É sério, teimoso, implacável e com um senso inflexível de dever e justiça. A teimosia e determinação de Stannis são lendárias, e foram bastante úteis durante a Rebelião de Robert, quando ele segurou o castelo de Ponta Tempestade contra o cerco dos Lordes Mace Tyrell e Paxter Redwyne por um ano, impedindo que a poderosa hoste da Campina pudesse se juntar ao exército lealista que lutava contra o irmão. A guarnição já estava sem suprimentos e numa situação desesperada quando foram salvos pela intervenção oportuna do contrabandista Davos Seaworth. Outra característica do seu caráter é não dissimular ou lisonjear. A relação dele com Davos (carta 34 do Game of Thrones Lenormand) é sintomática disso.


Apesar da lealdade de Stannis, Robert não lhe deu muito reconhecimento. Em vez de lhe agradecer por ter segurado Ponta Tempestade, ele agradeceu ao Lorde Stark por ter levantado o cerco. 
Stannis ficou descontente quando Robert o nomeou Senhor de Pedra do Dragão e deu Ponta Tempestade e todos os seus rendimentos para o irmão mais novo, Renly. Robert precisava de um governante forte para a ilha, já que lá era o símbolo do agora extinto poder dos Targaryen, e Stannis era mais adequado para a função do que o jovem Renly. Entretanto, a nomeação também foi pensada como uma desfeita, colocando o espinhoso Stannis a alguma distância do continente. Fiel e cumpridor, Stannis agiu como um administrador eficaz para Pedra do Dragão.
É um comandante experiente, marinheiro e guerreiro. Entretanto, sua personalidade atrapalha sua liderança. De fato, Stannis é pouco amado, tanto entre os plebeus quanto entre os nobres.


Seu estandarte é do Senhor da Luz - Rh'llor - o que aponta sua relação com a Sacerdotisa Vermelha (Carta 07 do Game of Thrones Lenormand). Isso o afasta ainda mais da predileção do povo.


A relação tórrida entre Stannis e Melisandre ainda terá muito o que oferecer. Aguardemos.


No seriado, Stannis Baratheon é interpretado por Stephen Dillane.


Quando o Stannis Baratheon estiver presente na consulta, lembre-se que a língua é um chicote que pode quebrar até ossos. E que os ossos quebrados podem não se soldar.
Agressão, pretensão, violência e uma vontade férrea: positivo ou negativo, só dá para saber em relação a algo, não per se.
Abraços a todos. E aguardemos o dia 31. Ansiosamente.