domingo, 24 de julho de 2011

Da arte de fazer perguntas.

Consulente: "Eu gostaria de saber se vou comprar um Audi"
Consultante: "..."

Olá pessoal. Cada cartomante tem sua abordagem da consulta, como desenvolver o ritual, como esclarecer o consulente. Há quem faça uma entrevista prévia para se nortear sobre as questões que devem ser abordadas. Outros, como eu, não gostam de saber o motivo pelo qual o consulente procurou aconselhamento.
Nesse caso, temos que orientar o consulente previamente para que ele entenda que o que o motivou a ir consultar-se não necessariamente é o tema da consulta. O que ele precisa ouvir não necessariamente se encaixa no que ele deseja ouvir. Mas, claro, sempre existe a possibilidade de perguntar ao oráculo o que se deseja. Não gosto que meus clientes saiam da mesa com dúvidas, gosto que saiam com reflexão sobre os esclarecimentos que as cartas ofereceram.
E é aqui que devemos ser precisos. Ter dúvidas não é querer gastar o tempo. E para isso devemos estar atentos. 


Eu conduzo o ritual da seguinte forma:
  1. Retiro a Carta Diagnóstico, para saber se posso efetuar a consulta e qual é o seu tema principal.
  2. Desenvolvo um jogo panorâmico para efetuar o diagnóstico geral da situação do consulente, tendo como foco a Carta Diagnóstico.
  3. Dialogo com o consulente sobre o conteúdo do jogo, buscando a compreensão dos pontos norteadores do aconselhamento - pois, até então, não havia travado conhecimento do motivo que o levou à minha mesa. É nesse momento que dialogamos sobre a melhor forma de ele aproveitar os prognósticos em função do que o trouxe, tirando as perspectivas de um plano ideal e trazendo-as para o cotidiano.
  4. Deixo-o perguntar sobre os demais assuntos que considerar pertinente, abrindo jogos menores para responder às questões. (normalmente, três cartas).


Nesse ponto, já estamos num diálogo aproximado de 45 minutos. A abertura para perguntas, então, deve ser precisa, para que o consulente possa se recordar dos prognósticos. Então, é bom que o consulente seja orientado na elaboração de suas questões. Para norteá-lo, normalmente sugiro uma abordagem inspirada nos quatro planos, como segue:

Plano Material

Saúde. Dinheiro. Posses. Imóveis. Negócios. As sensações. Alimentação.

Plano Emocional

O cônjuge. O(s) filho(s). A família. Os sentimentos. Os sonhos. 

Plano Mental

O social. Pessoas próximas que não partilham do mesmo sangue. Amigos e inimigos. Vizinhos. Projetos. Planos. Estruturações. Preocupações. A solidão.

Plano Espiritual

A carreira (sei que parece estranho eu ver isso aqui, mas pense bem: a carreira pode tanto ser a escolha profissional quanto o cumprimento de um destino). Viagens. O "olhar que vem de fora". A proteção e estrutura psíquica. A religião e a religiosidade.

De acordo com a natureza da pergunta do consulente, tento encaixá-la num dos planos. Dessa forma, tenho condições de temporalizar melhor seus interesses. Se o jogo tratou de finanças e de reestruturação financeira, eu posso me recusar a abrir as cartas para ver se ele comprará um Audi no tempo do jogo. Foge ao aconselhamento dado previamente, é um contrassenso. Não digo que o referido consulente não comprará o Audi, mas que, no tempo do jogo, não lhe é recomendado efetuar gastos, conforme o jogo já lhe apresentou.
Menos desgaste, maior eficácia. 

Abraços a todos.

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