Reflexão para o "fim do mundo": seria o cartomante culpado ou o consulente responsável?
domingo, 30 de dezembro de 2012
Da função do cartomante, do papel do consulente.
quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
A Jornada do Louco em sua Autodescoberta: Os Enamorados.
Olá pessoal. Curiosa e sincronicamente, o último passo da caminhada do Louco rumo a sua autodescoberta neste ano é justamente o Arcano regente do ano vindouro. Ou seja, temos aqui uma dica, um sussurro, um toque casual que nos lembra do que enfrentaremos nesses dias que virão.
Você confia que a Deusa Athena o afagará para sempre?
Até o momento, terminamos a aprendizagem com os quatro sábios. Será mesmo? Aqui, o Herói tem a tentação de parar, porque já está bom. Ou porque há tanto ainda a aprender com os Mestres... Ou por uma preguiça disfarçada de humildade que diz que, quando o Mestre quiser, ele dará um sinal e assim saber-se-á que a hora chegou.
Sinto dizer. Tudo isso muito longe da verdade.
Nesse caminho ainda temos sangue e sêmen a jorrar.
Enamorados
Ancient Italian
A carta dos Enamorados está entre as cartas do Tarô com maior número de representações diferentes, e em todas o tema amor está em evidência. Mas, como enquadrar o amor no Caminho do Herói? Não temos, em português, palavras definidoras do amor como em grego. Temos adjetivantes, mas partem do mesmo amor. Do mesmo conceito.
Da mesma forma, essa carta representa escolhas. Caminhos a se seguir, ou não. Uma perspectiva para essa análise deu-se pelo fato do jovem estar entre duas mulheres. Lembra-se que eu disse que o Hierofante prepararia um caminho que seria trilhado nas duas cartas seguintes? Começamos a ver isso delinear-se aqui. Se outrora o Hierofante ocupava papel preponderante entre os dois noviços, aqui o homem é equalizado às duas mulheres. Ele não vê de forma clara suas motivações, tendo que ouvir uma e outra para fazer sua escolha, ou, em outra análise, sendo guiada por uma em direção à outra.
Portanto, nesse momento da caminhada, o Herói perde o senso de referência analítico proposto pelo Hierofante. Só pode contar com os instintos, com o pulsar do coração, com o resfolegar da respiração. Só pode contar com o fato de que está vivo.
E, estando vivo, qualquer coisa é possível.
Há quem considere, portanto, esse o primeiro passo da aventura. Na verdade, esse é o encerramento da primeira etapa, a preparação. O Herói nunca estará pronto na verdade; pronto ele só estará quando ver o sucesso, o encerramento. Estar pronto é quase como dizer que ele conhece o fim da jornada. Ele se prepara para o Desconhecido, e o Desconhecido é sempre uma surpresa.
Por isso é bom conhecer o máximo de probabilidades possível, um leque de referências, mas não se ater a elas senão como adendos à própria capacidade. Aqui, tomado de terror, o Herói descobre que ele só pode contar consigo mesmo, já que ninguém, nesse mundo ou no outro, pode fazer qualquer escolha ou tomar qualquer atitude em seu lugar sem levar toda a aventura à derrocada.
Eu não disse que a parte divertida começava agora?
Se os Enamorados saíram na posição da Separação, está na hora de você sair da sua zona de conforto. Esqueça o que você já fez, esqueça as justificativas, esqueça as desculpas. E comprometa-se com o seu futuro, o passado está perfeito e polido demais, não precisa mais dos seus préstimos. Se saiu na posição da Iniciação, o momento é agora. Pelo quê seu coração pulsa mais forte? O que tira seu ar? Como foi que você reencontrou seu motivo para viver? Responda e aja, sem pensar muito – você já pensou o suficiente. Se essa carta saiu na posição do Retorno, sim, você fez o suficiente. Mas o que resultou dessa suficiência? Está na hora de abraçar apenas o essencial. Onde está o seu coração, está o seu tesouro.
Os exercícios propostos e a bibliografia utilizada estão em um arquivo PDF. Para baixar, clique aqui. Caso queira conhecer outras versões dessa carta, clique aqui.
Abraços a todos, até o próximo passo. Espero que vocês tomem a decisão correta. Ou ao menos, enfrentem o seu Destino, de peito aberto. Ou talvez, simplesmente deem outro passo, sem a menor certeza do que virá – tudo é válido nesse momento.
terça-feira, 25 de dezembro de 2012
Feliz Natal!
Olá, pessoal. Eu não sei se vocês sentem isso, ou se é só uma impressão minha, mas o fim do ano tende a deixar as pessoas melhores, é isso mesmo? Eu sinto uma aura de dever cumprido, de felicidade por ter vivido (ou sobrevivido), de saudade e carinho pelos entes queridos que partiram, para outro lugar ou para o Outro Lado; e vejo também que os projetos tomam forma, as agendas são preenchidas, as coisas que não nos pertencem doadas, mágoas superadas, tristezas esquecidas; não importa a religião a que você pertença ou se você considera esse momento hipócrita e fútil: as pessoas ficam, aparente e momentaneamente, melhores.
Esse ano, em especial, tivemos mais um motivo de ansiedade pelo fim do ano: aparentemente, ele coincidiria com o fim do mundo, fim dos tempos e outras coisas apocalípticas do tipo. Medo e curiosidade dançavam no peito de muita gente. É a soma de má interpretação de um texto de outra cultura + inclusão de elementos da própria cultura + desinformação sobre as relações entre uma e outra + promoção midiática. Uma bomba relógio que não explodiu, porque não tinha combustível.
Mas aproveitemos o gancho. O mundo poderia ter acabado, sim. E se tivesse? O que você deixaria de ter feito? O que você se arrependeria de não ter feito? O que você queria exatamente naquele instante?
E... por que não agora?
Por que não?
Aproveitemos os fins. Aproveitemos os encerramentos. E vivenciemos o dever cumprido mais uma vez.
Feliz Natal com uma Árvore de Desejos e vivências cartomânticas. Um desejo para cada Arcano, cada um realizado em um Ás.
Abraços a todos.
quinta-feira, 20 de dezembro de 2012
The Game of Thrones Lenormand: 05. As Árvores-Coração
Olá pessoal. Continuando com nossa construção de significados para o Game of Thrones Lenormand, chegamos a quinta carta do baralho, a árvore. E, nas Crônicas de Gelo e Fogo, nenhuma árvore tem mais importância que as árvores-coração.
Catelyn nunca gostara daquele bosque sagrado.Nascera entre os Tully, em Correrrio, mais ao Sul, nas margens do Ramo Vermelho do Tridente. O bosque sagrado que lá havia era um jardim, luminoso e arejado, onde grandes árvores de pau‑brasil espalhavam sombras sarapintadas por córregos que rumorejavam entre as margens, aves cantavam em ninhos escondidos e o ar era perfumado pelo odor de fores.Os deuses de Winterfell mantinham um tipo diferente de bosque. Era um lugar escuro e primordial, três acres de floresta antiga, intocada ao longo de dez mil anos, enquanto o castelo se levantava a toda sua volta. Cheirava a terra úmida e a decomposição. Ali não crescia o pau‑brasil.Aquele era um bosque de obstinadas árvores sentinelas, revestidas de agulhas cinza‑esverdeadas, de poderosos carvalhos, de árvores de pau‑ferro tão velhas como o próprio reino. Ali, espessos troncos negros enroscavam‑se uns aos outros, enquanto ramos retorcidos teciam um denso dossel elevado e raízes deformadas batalhavam sob o solo. Aquele era um lugar de profundo silêncio e sombras meditativas, e os deuses que ali viviam não tinham nomes.Fonte: A Guerra dos Tronos, George R. R. Martin, Ed. LeYa, Brasil, 2010.
Existem florestas sagradas, onde crescem "árvores divinas" chamadas weirwood (que pode ser traduzida como "árvore do destino") ou árvores-coração. Essas árvores possuem protuberâncias que se assemelham a rostos e olhos esculpidos por onde escorre seiva vermelha. As orações, juramentos e os casamentos são muitas vezes realizadas na floresta sagrada.
Acredita-se que os rostos foram esculpidos nas weirwoods pelas crianças da floresta, mas o seu significado ou propósito não é completamente compreendido pelos homens.
Os deuses antigos são espíritos da natureza, sem nome, que são principalmente adorados no Norte embora ainda haja adeptos dessa religião nas regiões do sul.
Foram primeiramente adorados pelos crianças da floresta, mas os Primeiros Homens se afastaram das suas crenças anteriores em favor dos espíritos adorados pelas crianças.
Quando os Ândalos (que vieram do oeste) conquistaram o sul de Westeros (carta 04 do Game of Thrones Lenormand), eles trouxeram com eles a sua Fé dos Sete (fé nos Sete deuses).
Os espíritos foram então apelidados de Deuses Antigos e a prática do seu culto tornou-se limitada ao norte de Westeros.
Antigamente todas as casas nobres tinham um floresta divina com uma árvore de coração em seu centro, mas muitas famílias deixaram de seguir os deuses antigos e converteram suas florestas divinas em jardins seculares.
Eddard Stark (carta 06 do Game of Thrones Lenormand) acredita na floresta divina e frequentemente faz orações aos deuses antigos, assim como Jon Snow (carta 30 do Game of Thrones Lenormand). (Fonte, adaptada)
Quando a carta da Árvore-Coração sai no seu jogo, é momento de se voltar às origens. As raízes fortalecem a árvore. Quais hábitos e situações abandonados recentemente deixaram saudade, ou mal-estar? Como anda a sua saúde? Sabemos que os efeitos nocivos à saúde não são imediatos, são resultado de hábitos e comportamentos inadequados. Você se considera próspero, em paz? Ou andaram derrubando árvores do seu bosque sagrado?
quarta-feira, 19 de dezembro de 2012
Entrevista para o Jornal da EPTV: sobre o "fim do mundo".
Olá pessoal. Quem conhece o Arcano XX na pele sabe que mundos não acabam tão facilmente. Dei uma entrevista sobre a suposta correlação entre o calendário maia e o fim do mundo, tão anunciado para o próximo solstício.
O link para o vídeo é esse aqui.
Abraços a todos.
terça-feira, 18 de dezembro de 2012
De Keizerin: Um evento para recordar.
Olá pessoal. Estive no Rio essa semana para o evento De Keizerin, organizado por Prem Mangla, Sonia Boechat, Tânia Durão e Socorro Van Aerts. Quatro grandes mulheres disponibilizando seu conhecimento das cartas para nós.
Prem Mangla, Sonia Boechat, Socorro Van Aerts;
atrás, Emanuel e Tânia Durão.
Conversas Cartomânticas :)
Nem preciso dizer o quanto me diverti, não é? Tivemos conversas pré evento, com nossos baralhos, trocando experiências e aguardando a hora de abrir a tenda.
Socorro Van Aerts com o recém lançado Baralho Cigano...
Tive a oportunidade de finalmente conhecer a Socorro, que é um amor de pessoa; foi divertidíssimo ficar conversando com ela, todo tempo foi pouco. Infelizmente não deu tempo de cartear um pouco, estava curiosíssimo - a Socorro usa o Kipper, um baralho maravilhoso e curioso com o qual travei contato a pouco tempo. Falando nele, a Luciana Onofre fez a gentileza de traduzir o livreto do alemão para nós. Um incentivo para conhecermos o baralho praticarmos a divinação com ele. Estou encantado, mas ainda não o utilizei para adivinhações - brevemente, posto minhas impressões.
Prem Mangla e seu espaço de atendimento
no evento
Compartilhei carteados com a Prem Mangla durante toda a semana. Foi, como sempre, um prazer. E ela foi a responsável direta pela aquisição de um livro maravilhoso - Magias e Rituais de Amor (Ed. Pensamento): tenho muito a compartilhar sobre esse livro, breve resenha dele por aqui. Fizemos uma experiência juntos sobre esse livro, e logo logo partilho com vocês.
Tânia Durão na boutique da Socorro
Reencontrar-me com a Tânia Durão foi delicioso. Tivemos uma experiência com ciganos que foi memorável. Na verdade, sinérgica - os parceiros certos sempre se atraem. Ainda não carteamos, mas é parte daquelas pontas soltas que deixamos ao vento para termos motivos para voltar.
Sonia Boechat realizando um atendimento
E tive a grata satisfação de ser atendido pela Sonia Boechat. Com as cartas comuns de jogar, queridas que há muito não toco. Inclusive, está na hora. Um momento de muita gratidão, sobretudo por relembrar o valor e o poder dessas cartas. E, claro, pela mensagem, que veio em boa hora. Foi muito importante no meu processo atual.
Tânia Durão e Prem Mangla realizando atendimentos
Todos os participantes saíam com sorrisos, com os olhos brilhantes. Era gratificante ver que, na Tzara da Estrela, tinham encontrado a luz para os seus caminhos como quem se guia pelas constelações. A resposta estava ali, brilhante; precisava um verdadeiro guia para traduzir em palavras os eventos para além delas. Como essas grandes mulheres.
Só tenho a agradecer, e torcer por novos eventos dessa monta. Obrigado meninas, pela recepção, pelo carinho, pela força e pelas partilhas.
Abraços a todos.
quinta-feira, 13 de dezembro de 2012
A Jornada do Louco em sua autodescoberta: O Hierofante.
Olá pessoal. Encontramo-nos hoje com o quarto e último sábio desse momento da jornada. O Hierofante rege nossa interação com os outros. Se, na Sacerdotisa, aprendemos a lidar com nosso mundo interno, na Imperatriz com o mundo externo e no Imperador com os limites, no Hierofante aprendemos a lidar com as possibilidades. O Pontífice – feitor de pontes – nos ensina a criar caminhos entre os nossos limites e os limites do outro. Através de diálogos somos capazes de ir além do nosso mundinho.
Se na lição anterior o herói aprendeu a lidar com os seus limites, aqui, no Hierofante, ele aprende a lidar com os limites dos outros através da comunicação sincera.
Todos nós, em algum momento da vida, nos deparamos com a chamada “comunicação sem palavras”. É aquele entendimento que transcende explicações. Também, em algum momento, nos deparamos com a sensação de pertencimento, como se, desde sempre, estivéssemos em contato com um lugar, com uma pessoa, com uma situação ou serviço, com um grupo. Na verdade, ansiamos por isso – todos aqueles testes de “qual é o signo que combina com o seu”, “qual é seu número pessoal”, “qual é seu arcano pessoal” e afins nos levam à mesma conclusão: em nossa individualidade, precisamos nos encaixar em alguma categoria.
A carta do Hierofante também é um umbral de uma nova parte da aventura, que se liga às duas cartas seguintes. É a primeira carta da sequência numérica que possui mais de um personagem.Os dois noviços à sua frente tem sido interpretados de diferentes maneiras, de acordo com a linha tarológica que se propõe. Como aqui se propõe utilizar os baralhos inspirados em Marseille, são dois noviços. Depois de encontrarmos o limite do nosso universo pessoal no Imperador, somos convidados a entender os limites dos universos daqueles que nos rodeiam, estejam ou não no mesmo nível que nós.
O risco que corremos nessa etapa, contudo, é o mais perigoso entre os quatro sábios. Na Sacerdotisa, corríamos o risco de dedicarmo-nos integralmente às nossas emoções; na Imperatriz, o mesmo risco em relação às sensações; no Imperador, o risco de temermos por perder o espaço conquistado, vivendo uma eterna defesa de fronteiras; mas, no Hierofante, o risco é de acreditar que a aventura está completa por termos apreendido algum sentido para ela.
Nada mais longe da verdade. Agora que a parte divertida começa.
Se o Hierofante sair na posição de Separação, é hora de conhecer seu potencial como um todo. Lembre-se, você é fruto de uma linhagem hereditária, que formou o seu DNA e o seu caráter. Quem é você frente à isso? Se o Hierofante sair na posição de Iniciação, é hora de você começar a por em prática aquilo que já conhece na teoria. É muito bacana conhecer coisas, mas saber como usá-las são outros quinhentos. A aventura o desafia a colocar em prática a teoria que tanto lhe é familiar. Por outro lado, se o Hierofante sair na posição de Retorno, o que você aprendeu na viagem que considera essencial? Reveja os seus conceitos. Ainda há muito o que aprender.
Os exercícios propostos e a bibliografia utilizada estão em um arquivo PDF. Para baixar, clique aqui. Caso queira conhecer outras versões dessa carta, clique aqui.
Abraços a todos, até o próximo passo.
segunda-feira, 10 de dezembro de 2012
Impermanência.
Amo esse ditado. Ele aponta para questões que nos são muito prementes: como vemos a imediatez de um desafio. Nem sempre um desafio, visto de perto, é algo considerável se modificarmos a escala de análise. Nem sempre.
Por isso, deveríamos mudar a escala de análise, sempre, não é? Não.
Existe a necessidade de aprendermos a lidar com os desafios, da forma como eles se mostram, se apresentam aos olhos. Porque, caso sempre observássemos tudo à distância, jamais teríamos o gosto da superação. Como um menino que não pudesse andar de bicicleta pelo medo da mãe que ele caísse. Ou o medo dele mesmo. Uns ossos quebrados, vários arranhões e hematomas depois - ou não, quem sabe? - e ele poderia ser um ciclista.
Mas, perceba, o texto começou sobre um ditado que aponta para uma situação, e eu continuei sobre um posicionamento. Quem é você frente as situações desafiadoras? Situações são enredos dos quais somos protagonistas. Ah, é bom representar seu papel direito, porque, embora a vida não permita ensaios, se você não representar bem, o enredo se repete. Até que sua disposição em ser o protagonista da sua vida seja adequada para o desafio proposto.
Fiquei pensando nessas coisas hoje, em função do vídeo abaixo. Porque existem questões profundas que emergem de forma lúdica... Tipo quando se embaralha um maço de cartas e escolhem-se algumas por acaso.
Abraços a todos, aproveitem o vídeo. Agradeço à Gabriela Amarello pela dica e pelas reflexões.
domingo, 9 de dezembro de 2012
Amigo Secreto do Blogando Por Aí: Meninas Prendadas.
Olá pessoal. Participei do Amigo Secreto proposto pela Ângela, do Blogando Por Aí, cuja proposta era criar um mimo virtual para o amigo sorteado. Recebi um selo e um cartão de natal da Bia Hain, do Revolta e Romance, coisa linda de se ver! Já seguindo, acompanhando, aproveitando as inspirações propostas.
Eu tirei a Lilian, do Duas Moças Prendadas. Fica aqui o meu desejo a elas de que o blog seja sempre próspero e que possamos nos falar mais vezes, nesse ano que iniciar-se-á tão brevemente.
sábado, 8 de dezembro de 2012
Favicon do Conversas Cartomânticas
Olá pessoal. Aceitando o desafio do ArrumaBlog, agora o Conversas Cartomânticas tem um favicon - aquele iconezinho que fica ali em cima, e mostra o que o blog é. A gente pensa que isso não tem importância, mas é super, super importante. Repare bem: conhecemos marcas pelos seus favicons.
E eu me questionava sobre que símbolo poderia representar o Conversas Cartomânticas. Nada é inocente, tudo é intencional, e a mensagem tinha de ser direta ao espírito do blog. Como a principal ideia do blog é conversar sobre o que é aplicável e o que não é na cartomancia, a partir da experiência do autor e dos leitores em constante troca, tinha que ser algo nesse sentido. E a melhor ideia que se aproxima do que proponho aqui é a Vesica Piscis.
Vesica Piscis é, grosso modo, a interseção entre dois círculos de mesmo raio, “em que o centro de cada circunferência está sobre a outra” (Wikipédia). Ao símbolo também é dado o nome de mandorla (amêndoa, em italiano).
Esse é um símbolo que tem me acompanhado já há algum tempo. Já escrevi algo a respeito quando analisei o naipe de Espadas dos Tarôs clássicos no Clube do Tarô. E eu continuei pensando sobre isso.
Levando em consideração que o círculo é um símbolo do infinito e do universo, a Vesica Piscis representa a interseção entre universos. E o que é uma conversa, senão uma interação entre universos de vivência, estudo, experiência e testes?
Mundo
Ancient Italian
Agora o Conversas tem um Favicon. Ele é inspirado não só no que criamos aqui, mas no Universo, Arcano XXI: É de universos em contato que o Conversas Cartomânticas é feito.
Estejamos juntos nessa.
Ah, claro: para os amigos blogueiros que seguem o Conversas Cartomânticas, que tal seguir o exemplo e entrar em contato com o ArrumaBlog? Fundamental conhecer metablogs para uma experiência mais proveitosa na arte da blogagem. Eu sigo o ArrumaBlog e recomendo.
Falando nisso, em breve um texto sobre blogs de Tarô. Aguardem.
Abraços a todos.
sexta-feira, 7 de dezembro de 2012
Mystic Fair São Paulo: Eu fui e eu irei de novo!
Olá pessoal. Mais um evento feliz, mais um momento de alegria, encontros, reencontros e desencontros (como não poderia deixar de ser).
Nesse evento, palestrei duas vezes. A primeira, sobre os quatro naipes do Petit Lenormand e sua lógica de aplicação à leitura cartomântica; a segunda, na sala temática de Lenormand, organizada por Alexsander Lepletier, especificamente sobre o naipe de Paus. Foi uma imersão proveitosa e vantajosa no universo desse oráculo de 36 cartas. E, claro: um momento de matar saudades de pessoas queridas. Indubitavelmente.
Tive a honra de conhecer pessoalmente pessoas queridas e reencontrar as já residentes no meu peito. E que (re)encontros. Tivemos um abraço coletivo no Museu Lo Scarabeo, onde encontramos e reencontramos o pessoal todo.
Além disso, no Estande 125, Tarot & Cia, vivenciei momentos de grande felicidade junto aos consulentes, atendendo com Tarô, Petit Lenormand e as cartas comuns de jogar, lado a lado com Prem Mangla, uma querida e excelente cartomante.
O momento mais gratificante para qualquer cartomante é o reconhecimento do consulente naquilo que é lido e posteriormente aplicado. Eu fiquei muito feliz. Obrigado Priscilla, pela parceria e pelo carinho.
Vivi momentos muito intensos de identificação. E, nesse ponto, preciso agradecer enormemente à Nivia Peggion, pela amizade sedimentada na internet e manifestada integralmente na vida "real". É aqui que a gente se (re)conhece.
Tive a oportunidade de me consultar com o quiromante Mago Scarceli. Me reconheci em cada frase dita. E fiquei pensando, meditando sobre. Algo que leva um tempo para assimilar e aplicar. E, convenhamos: fazer um resumo em quinze, vinte minutos de vários aspectos de uma vida é para poucos. Mago Scarceli é um desses poucos. Foi um prazer conhecê-lo.
Excelente quiromante, vale muito a pena.
Aguardemos pelo próximo evento. E certamente será tão bom quanto este. Espero você no próximo, para um abraço, para uma conversa, sempre cartomântica.
Até o próximo post.
Alexsander Lepletier, Emanuel J Santos e Deborah Jazzini
Tive a honra de conhecer pessoalmente pessoas queridas e reencontrar as já residentes no meu peito. E que (re)encontros. Tivemos um abraço coletivo no Museu Lo Scarabeo, onde encontramos e reencontramos o pessoal todo.
Abraço no Museu LoS
Além disso, no Estande 125, Tarot & Cia, vivenciei momentos de grande felicidade junto aos consulentes, atendendo com Tarô, Petit Lenormand e as cartas comuns de jogar, lado a lado com Prem Mangla, uma querida e excelente cartomante.
Prem Mangla e Emanuel realizando atendimentos.
O momento mais gratificante para qualquer cartomante é o reconhecimento do consulente naquilo que é lido e posteriormente aplicado. Eu fiquei muito feliz. Obrigado Priscilla, pela parceria e pelo carinho.
Karan, Prem Mangla, Nivia Peggion e Emanuel
Nivia e Emanuel
Vivi momentos muito intensos de identificação. E, nesse ponto, preciso agradecer enormemente à Nivia Peggion, pela amizade sedimentada na internet e manifestada integralmente na vida "real". É aqui que a gente se (re)conhece.
Tive a oportunidade de me consultar com o quiromante Mago Scarceli. Me reconheci em cada frase dita. E fiquei pensando, meditando sobre. Algo que leva um tempo para assimilar e aplicar. E, convenhamos: fazer um resumo em quinze, vinte minutos de vários aspectos de uma vida é para poucos. Mago Scarceli é um desses poucos. Foi um prazer conhecê-lo.
Excelente quiromante, vale muito a pena.
Aguardemos pelo próximo evento. E certamente será tão bom quanto este. Espero você no próximo, para um abraço, para uma conversa, sempre cartomântica.
Até o próximo post.
quinta-feira, 6 de dezembro de 2012
The Game of Thrones Lenormand: 04. Westeros.
Olá pessoal. Essa foi talvez uma das cartas que mais me levaram a pensar. Quando elenquei as referências, a primeira ideia que me passou pela cabeça para definir a carta 04 do Petit Lenormand foi Winterfell. Evidente; eu me identifico bastante com os Stark para chamar Winterfell de casa. Mas, pensando um pouco melhor, estendi o conceito a Westeros, o continente. E agora preciso restringi-lo novamente.
Norte de Westeros.
Sul de Westeros
Westeros é um dos três continentes do mundo. A maioria de sua área é coberta pelos Sete Reinos. Os dois outros continentes que dividem o mundo no qual Westeros está são Essos, um vasto continente, fica no leste depois do Mar Estreito, e Sothoros, sudeste do estremo oeste de Essos. As terras ao longo da costa sul, chamadas de Terras do Mar de Verão, incluindo Ghis e as ruínas de Valíria, a antiga casa dos reis Targaryen de Westeros.Ao sul de Westeros ficam as Ilhas de Verão. (Fonte)
A carta 04 do Petit Lenormand é o refúgio, o porto seguro, a origem e o retorno. Westeros é uma construção política dos Targaryen, mantida pelo Usurpador. Não é uma casa. Não é um lar. Mas, durante a história, nos deparamos mais de uma vez com o desejo de voltar para casa.
Tudo começa com a visita de Robert Baratheon a Winterfell. Outorgando a Ned Stark o título de Mão do Rei, o força a deixar sua casa, seu lar, em direção a Porto Real. A saudade do lar é forte. Jon Snow (30 - Os Lírios) deixa Winterfell rumo à Muralha (19 - A Torre). Theon Greyjoy (03 - O Navio) é criado em Winterfell, longe de Pike. Danaerys Targaryen (17 - A Cegonha) é criada sem lar, mas relembrada constantemente por seu irmão do seu lugar de direito. Arya Stark (22 - Os Caminhos) tenta voltar para casa. E em Vaes Dothraki, os belicosos homens-cavalo não podem portar lâminas nem guerrear entre si.
Perceba que aqui não é só saudade que movimenta os eventos. Aqui, temos ações efetivas. É necessário voltar para casa, porque existe uma casa. E esse voltar tem consequências - dificilmente algo na obra de George R. R. Martin não tem.
Quando a carta de Westeros sair em um jogo, lembre-se do que você chama de lar. Aonde estão suas origens. E pergunte-se se suas origens pedem um retorno, ou uma partida - observando as cartas que lhe ladeiam. De qualquer forma, essa carta é um conforto, de haver, em algum lugar, alcançável de algum jeito, um local onde você pode descansar. Há um lugar conhecido onde você vivencia o pertencimento.
Você pode ver um mapa interativo do continente aqui.
quarta-feira, 5 de dezembro de 2012
Conversas Cartomânticas: Ano IV: Os Enamorados
Olá pessoal. Ao contrário dos anos anteriores, demorei um pouquinho mais para preparar os textos de fim de ano. Makhtub, tudo tem sua razão de ser, mas cá cegamos: preparação para o Ano IV do Conversas Cartomânticas.
Nesse ano, tive a honra de publicar um livro com as nossas conversas. O livro figurou entre os mais vendidos do AGBook por três semanas seguidas. Obrigado pessoal, pela confiança e carinho no meu trabalho. Ele, na verdade, é nosso – as nossas conversas, os seus questionamentos e as minhas reflexões concatenaram-se nessa obra. Ah, aproveitando o ensejo, até o dia 9 de dezembro o livro estará com 25% de desconto nas compras pelo site.
Para formatá-lo, precisei revisar o blog, rever postagens e entender o fio condutor que nos norteou até agora – afinal de contas, a Divindade tem um jeito curioso de mostrar-nos que há ordem no aparente caos. E, como eu escrevo conforme os estímulos que obtenho (sejam filmes, músicas, livros, conversas ou até mesmo sonhos), nunca parei para pensar se havia alguma ordenação nessas postagens todas – já contamos com quase quatrocentas. E sim, há uma ordem.
No Ano I do Conversas, tivemos textos dialogando com vários baralhos ao mesmo tempo. O Ano II foi marcado pela blogagem coletiva Conversas Cartomânticas, sobre Tarô. Este ano, pela aquisição de novos baralhos e pelo entendimento da geografia da cartomancia, assim como com blogagens mais longas que se estenderão até o ano que vem (A jornada do Louco em sua autodescoberta, sobre Tarô; e o Game of Thrones Lenormand).
Não sei o que o Ano IV nos reserva em sua totalidade, mas me preparei para ele. Com gratidão por tudo o que aconteceu até hoje conosco. Com gratidão por tudo o mais que ocorrerá nos anos seguintes.
Os Enamorados
Tarot of Sevenfold Mystery
Tenho uma surpresa para vocês. Nesse Ano IV, teremos uma blogagem coletiva paralela às correntes: 12 meses com os Enamorados. Doze tarólogos, artistas, cartomantes e estudiosos, sempre no primeiro dia do mês, falando sobre suas experiências com o Arcano Regente do ano. E o nosso primeiro participante é Robert M Place, autor do Tarot of Sevenfold Mystery, explicando a simbologia proposta por ele para esse Arcano. Primeiro texto internacional, de um autor que respeito e que foi ultra carinhoso conosco disponibilizando seu material. Aguardem até 1 de janeiro.
Sol
Ancient Italian
E as surpresas agradáveis não param por aí. Nesse Solstício, comemorando a chegada do Ano IV (e não o fim do mundo, que não vai acontecer, pelo menos não nessa data), sortearemos o baralho referência do Conversas Cartomânticas: fomos presenteados com um Ancient Italian por Priscilla Lhacer, do Amor, o Próprio. Em alguns dias, a postagem para concorrer a tão belo instrumento de trabalho – e minha ferramenta favorita.
A agenda de cursos e eventos está quase pronta, teremos uma aba só para isso. E os atendimentos para o fim de ano precisam ser marcados com alguma antecedência, então não perca tempo! Marque logo seu horário.
Teremos mais sorteios durante esse período, correlacionados com as blogagens em andamento. Estejam atentos às datas, não deixem de seguir as postagens.
Estamos a caminho do Ano dos Enamorados (com esse layout lindo feito pelo irmão Euclydes Cardoso Jr. do TarotCabala). Em alguns dias, textos preditivos aqui e no Clube do Tarô.
E fica aqui meu agradecimento a você, leitor, que acompanha esse trabalho. Estamos, de fato, juntos nessa empreitada.
segunda-feira, 3 de dezembro de 2012
Você tem vinte e quatro horas. Ou: da interpretação dos significados oraculares de forma reflexiva.
A cartomante fê-lo sentar diante da mesa, e sentou-se do lado oposto, com as costas para a janela, de maneira que a pouca luz de fora batia em cheio no rosto de Camilo. Abriu uma gaveta e tirou um baralho de cartas compridas e enxovalhadas. Enquanto as baralhava, rapidamente, olhava para ele, não de rosto, mas por baixo dos olhos. Era uma mulher de quarenta anos, italiana, morena e magra, com grandes olhos sonsos e agudos. Voltou três cartas sobre a mesa, e disse-lhe:- Vejamos primeiro o que é que o traz aqui. O senhor tem um grande susto...
Machado de Assis. A Cartomante.
Olá pessoal. Eu fico pensando na questão tripartida que nos norteia sempre. O diagnóstico. A previsão. O aconselhamento. Três faces da adivinhação. É um pouco assustador, no começo, justamente porque precisamos da confirmação de que estamos agindo corretamente, e isso só vem com o tempo. E com o tempo, também vem vocabulário, para podermos esclarecer aquilo que vemos em uma ou duas cartas com bem mais de duas ou três palavras-chave. E quando a previsão não é das melhores, o que fazer?
E quando a previsão vem codificada? Existem dois momentos que me dão desespero: quando a mensagem vem codificada (e isso ocorre geralmente quando jogo para mim mesmo); uma frase, uma única frase, em meio a diversas cartas. E não adianta torcer que mais caldo não irá sair.
A segunda situação é quando, dadas as circunstâncias do jogo, eu sou obrigado a dizer coisas que, pessoalmente não diria de jeito nenhum. Você joga para uma pessoa conhecida. Ela está apaixonada. Você vê, com sua experiência, que aquilo não tem a menor chance de dar certo. A língua coça. E você é desmentido pelas cartas. As cartas dizem que vai dar certo. Respiro fundo, várias vezes, mas passo o recado. O oráculo é sempre soberano ao oraculista.
Mas hoje, atenhamo-nos ao primeiro caso. Quando a mensagem vem codificada.
Perceba o que ocorre na tirinha. Eu fico pensando se o consulente parou para pensar se a cartomante acertou ou errou. Em que nível estava o acerto, em que nível (poderia estar) o erro.
Bem, independente da natureza do prognóstico, confie no que vê. A confiança é fundamental para o bom resultado. A confiança é fundamental para a clareza da resposta. E só se obtém confiança praticando. Então pratique. Reconheça as cartas. Reconheça o que você vê.
E, consulente, confie no seu cartomante. Não estou dizendo para acreditar em cartomancia, crença absolutamente desnecessária para o funcionamento do oráculo. Mas você precisa ouvir. Precisa entender. E precisa perguntar - quanto mais específica a pergunta, mais específica a resposta.
Sigamos traduzindo e transmitindo mensagens.
Abraços a todos.
A segunda situação é quando, dadas as circunstâncias do jogo, eu sou obrigado a dizer coisas que, pessoalmente não diria de jeito nenhum. Você joga para uma pessoa conhecida. Ela está apaixonada. Você vê, com sua experiência, que aquilo não tem a menor chance de dar certo. A língua coça. E você é desmentido pelas cartas. As cartas dizem que vai dar certo. Respiro fundo, várias vezes, mas passo o recado. O oráculo é sempre soberano ao oraculista.
Mas hoje, atenhamo-nos ao primeiro caso. Quando a mensagem vem codificada.
Perceba o que ocorre na tirinha. Eu fico pensando se o consulente parou para pensar se a cartomante acertou ou errou. Em que nível estava o acerto, em que nível (poderia estar) o erro.
Bem, independente da natureza do prognóstico, confie no que vê. A confiança é fundamental para o bom resultado. A confiança é fundamental para a clareza da resposta. E só se obtém confiança praticando. Então pratique. Reconheça as cartas. Reconheça o que você vê.
E, consulente, confie no seu cartomante. Não estou dizendo para acreditar em cartomancia, crença absolutamente desnecessária para o funcionamento do oráculo. Mas você precisa ouvir. Precisa entender. E precisa perguntar - quanto mais específica a pergunta, mais específica a resposta.
Sigamos traduzindo e transmitindo mensagens.
Abraços a todos.
quinta-feira, 29 de novembro de 2012
A Jornada do Louco em sua Autodescoberta: O Imperador
Olá pessoal. Encontramo-nos com o terceiro dos quatro sábios da iniciação. O Imperador rege a praticidade e a lógica por trás de nossas ações. Até o momento, nos deparamos com qualidades receptivas, denotativas de nossa ação no ambiente. Com o Imperador somos convidados a sairmos do nosso “mundinho” e, mais que isso, gerarmos modificações no mundo dos outros. Estivemos até o momento receptivos às informações hauridas de sentimentos e sensações; agora, confiemos em nosso espírito combativo e empenhemo-nos em fazer valer nossa Vontade.
A nossa vontade é soberana. Acredite se quiser.
(...)fazemos nossas próprias leis, definimos as nossas realidades e depois nos vemos agindo dentro das restrições das nossas interpretações da realidade. (DICKERMAN, 78)
O Imperador é o senhor dos limites. E, interpretando corretamente essa frase, percebemos o universo de possibilidades que existem em um único limite. Somos treinados o tempo todo a superar os obstáculos, e é essa energia, esse momento do Caminho do Herói que nos norteia. Aqui, o Herói descobre que ele, a exemplo dos seus antepassados, consegue manter os limites descobertos anteriormente e os faz valer. Nessa carta, obtém-se a segurança de que, ainda que existam reinos a serem descobertos, o reino do Eu está em regularidade e segurança.
Se você tirou o Imperador na posição da separação, está na hora de enfrentar a escolha de ser independente, ainda que a bagagem que conseguiu o deixe à vontade em parar. Não é momento de obedecer, mas de servir – e aqui fica a reflexão entre a diferença entre uma coisa e outra. Se o Imperador saiu na posição da iniciação, está na hora de você manter. Ainda que seja conveniente encontrar novos rumos e inícios, ainda que sejamos o tempo todo bombardeados pelo novo, a segurança do que já se tem é o tema da questão. Agradeça. Se você tirou o Imperador na posição do retorno, a quem é que você deve uma explicação? Quem está te sentindo inconstante? O que foi que você construiu e deve se orgulhar?
Os exercícios propostos e a bibliografia utilizada estão em um arquivo PDF. Para baixar, clique aqui. Caso queira conhecer outras versões dessa carta, clique aqui.
Abraços a todos, até o próximo passo.
segunda-feira, 26 de novembro de 2012
Comodismo.
Quatro de Copas
Waite-Smith
O quatro de Copas é uma carta complicada. Não chega a ser encardida, mas é complicada. Um dos seus significados mais comuns é tédio. Estar enfadado com o contexto. Tá bom, tá bom. Mas poderia estar muito, muito melhor. E eu não estou com saco para ir atrás desse melhor. Tá bom, assim. Tá bom.
Somos tentados o tempo todo a manter. Manter relacionamentos, empregos, vidas que não nos satisfazem. Porque somos assombrados pelo "...e se..." o tempo todo. Poderia, deveria, faria, aconteceria, vivenciaria, conheceria, experimentaria, amaria. Condicionalmente, se eu optasse por outro algo que não o que está bom.
Essa é a carta do futuro do pretérito. Do pretérito imperfeito. Do que não foi, porque outra coisa aconteceu. Ou não aconteceu - eu não quis, mesmo que quisesse.
Nessa carta fica escondido, nos meandros, um pequeno teste à nossa vontade. O excesso já vivenciado não mais sustenta, denotando carência. Paradoxal carência frente a um excesso de possibilidades (meio) experimentadas. É como comer a sobremesa antes do almoço, desanda tudo. Fica satisfeito de cerejas e esquece do bolo. E diz que está tudo bem.
Talvez por isso, essa é a carta também de certa dose de maledicência, do disse-me-disse, do conselho fortuito e desnecessário. "No seu lugar..." eu seria você, não eu. Eu faria outras escolhas. A sua grama parece mais verde porque não sou eu quem cuida dela. Vejo cada uma das cachaças que você toma, mas não vejo nenhum dos tombos que você leva. "Veja só, justo ele, tão bonito/inteligente/esperto/esforçado"... e não eu.
Perceba que existe aqui uma noção de tempo, também. Tempo perdido, desperdiçado, gasto em amenidades sem futuro. Fica implícita uma relação de voltar atrás e refazer tudo de novo para escapar dessa estrada.
Sinto muito, não dá, ela é tão necessária quanto todas as outras. Inevitável, até.
Quanto tempo você vai ficar na sombra, com três taças de água fresca, eu não sei; mas que uma taça está ali, mostrando que seu conteúdo poderia ser melhor, ah, está.
Perceba o personagem. Ele está amuado. Existe um banzo em seus olhos baixos. Seus braços cruzados impedem o acesso ao seu plexo, mas não ao seu coração. Ele precisa ser ouvido, bem mais que embebedado - ele já está o suficiente, seja lá do que tenha bebido, do cálice do amor, da dor, ou da rotina. Ele já não quer mais, mas espera que alguém o movimente. Nem a hierofania ao seu lado o movimenta - ele não está para ouvir vozes de Deuses ou de outrem, ainda que as ouça, se cantarem a música que ele quer ouvir.
Tomara que ele as ouça.
Tomara.
Ou não.
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
The Game of Thrones Lenormand: 03. O Navio de Theon Greyjoy
Olá pessoal. Seguimos com nossas reflexões com Theon Greyjoy, o capitão do Navio Cadela do Mar. Theon é o filho e herdeiro presumido do Senhor Balon Greyjoy. No final da Rebelião Greyjoy, Theon foi levado como refém e protegido de Eddard Stark. Theon é conhecido pela sua arrogância e seu sorriso convencido. Ele é um magro e bonito jovem de 19 anos.
Jon Snow, Theon Greyjoy, Robb Stark
Theon tinha dez anos quando a rebelião de seu pai foi esmagada e seus dois irmãos foram mortos. Tornou-se, presumidamente, o herdeiro da Casa Greyjoy e das Ilhas de Ferro. Ao fim da rebelião, foi levado como refém e escudeiro pelo Senhor Eddard Stark e foi criado em Winterfell pelos nove anos seguintes, sendo ensinado juntamente com as crianças Stark em todas as disciplinas, tornando-se um arqueiro habilidoso. Theon considerava Robb Stark um grande amigo e irmão, mantendo um relacionamento respeitoso com os demais Stark. No entanto, ele não se dava bem com Jon Snow, o outro 'forasteiro' da família.
Theon salva Bran de um ataque de selvagens, flechando um homem que segurava uma adaga junto ao pescoço do rapaz; porém é duramente criticado por Robb Stark por não ter atuado antes. Isso o magoa profundamente.
Durante a Guerra dos Cinco Reis (segunda temporada), Robb envia Theon para casa às Ilhas de Ferro para oferecer a Balon uma realeza sobre as Ilhas de Ferro, se ele devastar costa dos Lannister com os seus navios longos. Uma jovem o recebe, mostrando reconhecê-lo, e ninguém mais; ela aceita suas carícias e palavras doces mas, para seu espanto e humilhação, vem a descobrir, mais tarde, ser sua irmã Yara (Asha, nos livros).
Balon e critica as maneiras do norte de Theon e rejeita a proposta de Robb. Nota-se que Balon Greyjoy transferiu todo o ressentimento que sentia pelos Starks para o seu único filho que acabou sendo criado por eles. Com isso, Theon acabou caindo num limbo, já que sempre foi tratado com um certo desdém pela família de Robb e agora ganhou o desprezo do pai e da irmã (fonte).
Theon aprende de planos de Balon para dominar o Norte, mas recebe uma posição de baixa autoridade. Por um momento, pensa em avisar Robb, mas muda de ideia. Em minha opinião, esse é um dos momentos mais intensos de Theon na segunda temporada - mostra claramente que ele está pelo menos tentando adaptar-se às regras de seu antigo lar, ainda que, dadas as circunstâncias, isso seja humanamente impossível.
Theon é batizado na fé do Deus Afogado e recebe o Navio Cadela do Mar (Sea Bitch). Aqui começa a ventura e tragédia do rapaz, que não sabe lidar com a perspectiva de ser para sempre uma sombra - primeiro de Robb Stark, depois de Yara Greyjoy.
Insatisfeito com os seus deveres e ciumento da aquisição de Yara do Bosque Profundo, Theon formula um plano para ir contra as ordens e capturar Winterfell para si. Uma parte dos homens que o acompanhavam marcha na Praça Torrhen para tirar a guarnição de Winterfell. Com um pequeno grupo, Theon ataca Winterfell e esmaga os seus guardas restantes.
Com Winterfell sob o seu controle, Theon tem Bran e Rickon como reféns. Theon tem muita dificuldade em controlar a população de Winterfell, muitos dos quais são conhecidos por ele. Maester Luwin serve Theon, e implora-lhe que mostre misericórdia e tolerância. Bran e Rickon Stark conseguem escapar com a ajuda de Osha e Hodor. Theon não encontra os meninos; mata dois meninos moleiros com a mesma idade e apresenta os seus cadáveres preservados como os 'Starks'.
Como o retorno da guarnição Winterfell, Theon pede ajuda a Yara. Ela chega com seus homens, mas diz a Theon que os Homens de Ferro nunca conseguirão manter castelos que não estejam perto da costa. Ela abandona Winterfell e aconselha Theon a fazer o mesmo. Theon percebe que mesmo a sua maior conquista não lhe rendeu nenhum respeito, nem dos homens do norte ou dos homens de ferro, e cai em desespero - uma das cenas mais psicológicas do seriado até então. Luwin convence Theon a juntar-se à Patrulha da Noite, onde seus crimes serão perdoados e ele pode ganhar respeito. Porém, antes que isso ocorra, Winterfell é cercada e Theon é traído por seus próprios homens - o que demonstra, acima de tudo, que ele continuava mantendo a fidelidade Stark em meio aos homens de ferro. Uma combinação que nunca iria dar certo.
No seriado, Theon Greyjoy é interpretado por Alfie Allen, irmão da cantora Lily Allen. Inclusive, a cantora fez uma música para Alfie, que você pode ouvir aqui.
Theon Greyjoy é um dos personagens mais psicológicos da segunda temporada. Além da relação óbvia com o Navio, nessa combinação podemos explorar outros aspectos da carta que ficam subentendidos em tiragens.
O Navio representa viagens longas. Nunca voltamos os mesmos depois de uma viagem. Com o cotidiano, raramente percebemos grandes modificações em nós mesmos; mas a distância permite que os outros percebam que não somos mais os mesmos - assim como percebemos, também, que quem nos observa também não o é.
Depois de nove anos afastado de Pike, tudo que Theon tinha eram lembranças e projeções, muito mais essas últimas que as primeiras. Ao deparar-se com a realidade, percebeu que ele mesmo não era mais um Greyjoy como supunha ser.
Quando a carta do Navio surge num jogo, prepare-se para reconhecer, em uma viagem física ou psicológica, que você não é mais o mesmo, e seu ambiente também não. Esteja pronto para fazer escolhas difíceis. E preste atenção se não é momento de partir.
Abraços a todos.
Fonte da consulta: http://www.gameofthronesbr.com/2011/01/theon-greyjoy.html
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