quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Blogagem Coletiva Petit Lenormand: 10. Anna Cecilia e a Foice.


Existem algumas cartas no baralho que são alvo de controvérsias. Particularmente, considero a Foice uma delas. Não consigo acompanhar o desejo de ver-se coisas boas em seu corte - a consequência pode ser boa, certamente, mas o corte não deixa de ser doloroso.
Sendo assim, foi um texto que aguardei ansiosamente. Um dos olhares que, certamente, mais me atrairiam e mais me suscitariam reflexões.
A Anna Cecilia foi sagaz e muito didática em suas colocações. Espero mesmo que vocês apreciem esse texto tanto quanto eu apreciei.

QUEM TEM MEDO DA FOICE?

A 10ª lâmina do Baralho Lenormand é temida até por quem não tem conhecimento sobre as Cartas Ciganas. Confesso que também já me assustei com ela... Mas, por que “A Foice” traz tanto receio aos leigos olhares? 
Venho buscando respostas para esse questionamento. Por ora, cheguei a algumas conclusões, que aliás, nem de longe, se propõem a serem conclusivas... (Conto com outros pontos de vistas caros leitores!). 


Primeiramente, é de público conhecimento que a foice corta. Claro que o objetivo é cortar a plantação.. Mas, se usada, sem o devido cuidado, pode chegar a machucar algum desavisado que passe no local na hora da poda ou até mesmo o próprio agricultor... Mas, por outro lado, se a plantação não for cortada, como iremos fazer a colheita e posteriormente nos alimentar? Ou seja, as pessoas na impulsividade costumam ignorar os benefícios além corte e se prendem aos possíveis riscos do corte em si.


Minha segunda hipótese sobre o medo de “A Foice” é o fato de que o Valete de Ouros está com a foice para cima (pelo menos no baralho padrão do Conversas Cartomânticas e no meu Petit Lenormand também!). Ao olhar a carta de relance, está mais para uma arma do que um instrumento de trabalho (parêntese do editor: olhem isso aqui). Sem contar que a mitologia grega ainda reafirma isso já que Cronos (O Tempo/Saturno) usou o instrumento como arma contra seu próprio pai Urano (Céu). Atendendo ao pedido da mãe, Gaia (Terra), o filho mais novo da prole castrou o patriarca com um golpe de foice. E assim o Tempo separou o Céu da Terra e tornou-se Rei dos Deuses (pelo menos até seu filho Zeus crescer e o destronar!). 


Como dito anteriormente, a carta 10 ( A Foice) equivale ao Valete de Ouros. O naipe simboliza o elemento Terra. Tanto a ligação com os interesses materiais (trabalho, questões financeiras, ambições, etc..) como com a terra em si (Gaia para os gregos) reforçam a ligação de “A Foice” com a Agricultura. O Valete representa alguém jovem (assim como o próprio Cronos – deus ligado a agricultura - que era o casula de Gaia e Urano) e a ação que segue após a idealização de algo (o fim do período do planejamento, para início da fase de execução).
Como se não bastasse a violência de Saturno usando a Foice, o instrumento agrícola ainda é associado, pelo inconsciente popular, à morte. Isso ocorre porque a personalização da Morte é o Ceifador com uma foice na mão. De certa forma até pode se entender “A Foice”, sozinha, como a morte de uma situação, mas para início de outra (quem sabe até bem melhor!).


 Confesso que a carta 10 me fez enxergar a vida de forma diferente. Um grande terreno, em que há plantas bonitas, bem cuidadas, mas onde também existe ervas daninhas, pragas e plantas velhas e mortas que necessitam sair dali para abrir espaço para um novo plantio. Por esse motivo percebo “A Foice” como uma mudança necessária, que nem sempre desejamos ou que pode até nos surpreender tanto, que inicialmente, iremos passar desconforto para nos adaptar, mas depois de um tempo notamos que foi realmente crucial para aprendermos a desapegar e ajustar as coisas.  Vale ressaltar que após o corte, fortalecemos a planta, e abrimos assim espaço no nosso terreno para as novas sementes germinarem... 

2 comentários:

Quando um monólogo se torna diálogo...