domingo, 18 de agosto de 2013

Um começo de resposta para uma pergunta de muito tempo.


Olá pessoal. Eu venho me debatendo com uma questão acerca do Tarô enquanto imagem, e isso tem tirado literalmente o meu sono. Ainda que possamos, sabendo os conceitos pertinentes a cada carta, jogar qualquer baralho de Tarô, isso significa, necessariamente, que todo baralho de tarô trará a mesma qualidade de leitura, sendo imagens diferentes e, portanto, baralhos diferentes ainda que de uma mesma categoria?
Particularmente, eu tenho comigo a ideia de que é impossível termos jogos iguais com baralhos diferentes. Entenda, ter jogos diferentes não significa termos mensagens diferentes, mas partindo de pontos diferentes podemos chegar às mesmas conclusões. Todos os caminhos levam à Roma.
Para facilitar a minha vida, dividi a percepção do que é Tarô em três grandes grupos. O tarô instrumento, o baralho propriamente dito, o papel e tinta que utilizamos. O tarô imagem, que nos permite, através do acesso aos referenciais singulares da figura impressa no papel, ou não (que nos digam os baralhos virtuais e os jogos em flash), reconhecer os padrões de leitura. E o tarô técnica, aquele que é baseado na mão e nos conhecimentos de cada praticante e que, a partir dos diálogos acerca dos conceitos e estudos de caso, permitem a evolução do primeiro e do segundo "tarôs" anteriores. É uma forma didática de entender o processo que, no fim das contas, é tudo uma coisa só mas complica a vida do pesquisador justamente por isso. Vira uma torre de babel falar sobre o instrumento quando o interlocutor entende de técnica ou defender um tarô virtual quando a pessoa só reconhece o instrumento, e por aí vai. 

Aí, num daqueles acasos que explicam o motivo pelo qual a dúvida se expressa - em algum lugar existe uma resposta e inevitavelmente ela virá até você - o Carlos Hollanda postou em seu Facebook a seguinte imagem. Aproveite, inclusive, para fazer o desafio valer a pena.

clique na imagem para ampliar

Achei em pouco mais de três segundos. E na conversa que se seguiu, o Carlos postou a seguinte mensagem:

Dica/aulinha de Teoria da Informação: o motivo de acharmos muito depressa, em bem menos tempo do que diz o enunciado e o "duvido" do autor original da mensagem, é o fato de que o número 8 é "a" informação diante do ruído, o número 9 extremamente redundante. A Informação é originalidade, ela sobressai ao ruído. A Informação redundante, se excedente, torna-se informação nula, o mesmo que ruído ou o mesmo que nada, desaparece aos sentidos. Já a informação em si se destaca fortemente ao sistema cognitivo. Esse mesmo princípio é utilizado em cibernética para que os dados sejam reconhecidos e promover ação. Em tempo, apesar de ser verdade que Mercúrio em Escorpião é bem atento, nem mesmo é preciso tê-lo ali para perceber o 8 em tempo recorde.
Acrescentando: ainda assim, só é possível dar inteligibilidade ao ícone "8" porque ele faz parte de nossos códigos de reconhecimento, nosso repertório sígnico. Se não o fizesse, perceberíamos alguma anomalia, mas nosso sistema cognitivo encontraria um modo, inconscientemente, de ajustá-lo a padrões conhecidos, fazendo com que, assim, ele se assemelhasse ao que estivéssemos condicionados a perceber naquele momento por fatores históricos, preconceitos, necessidades imediatas, experiências recentes etc.

Agora eu tenho um ponto de partida para responder uma questão que, até o momento não tinha a menor possibilidade de resposta, ainda que, evidentemente, soasse plausível para mim. E pensar que ouvi que deveria ignorar os pontos do baralho que gerassem incômodo.
Muito pelo contrário. Nas entrelinhas é que são guardados os tesouros. E eu preciso estudar Teoria da Informação.
Abraços a todos.

2 comentários:

  1. Oi Emanuel, pensei num quarto elemento, ou elemento zero talvez, prefiro assim. Também achei o 8 bem rápido, e num segundo me veio o pensamento "olhe para lugar nenhum"! e, achei. Talvez se fosse olhar de novo devesse fazer o mesmo exercício de olhar, olhando para lugar nenhum. Então conclui algumas coisas por aqui, meio loucas, mas me senti a vontade para compartilhar minhas idéias com você. Algo como " Se o elemento Zero fosse o próprio Oráculo que nos observa" enquanto deslizamos entre o instrumento (tarot ou outro deck) imagens, técnica...Achei o 8 , algo assim, meio que me achou antes que eu o achasse, rssr...Conversa meio louca, juro que só bebi um café, justo antes de ler seu post! bjus e a luz de Sara te conduzindo em mil viagens!

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    1. Oi Sonia, minha querida! Você tem toda razão. É dessa forma que encontramos alguns aspectos importantes da leitura, que não são nada ortodoxos. É a chamada apofenia, da qual emerge a pareidolia. Ambas fundamentais para entendermos como o oráculo se processa em nós, mas perigosíssimas nos estudos de caso, gerando as famosas "rixas" entre escolas de cartomancia. O importante, como sempre, é que funciona.
      Um beijo!!!

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Quando um monólogo se torna diálogo...