sábado, 31 de março de 2012

Lenormand says... The War is coming.



A segunda temporada de Game of Thrones começa amanhã. Ansioso? Eu? Imagine. 
Falando nisso...


"Alguém já lhe contou a linda história da Montanha e do Cão? Uma história adorável de amor entre irmãos?


Não são muitas pessoas que sabem dessa história.
Não conte a ninguém.


Se o Cão souber que mencionou essa história, tenho medo que nem todos os cavaleiros de Porto Real irão conseguir salvar você."
Game of Thrones, primeira temporada, quarto episódio


É... The War is coming. Até lá, revejamos e reflitamos sobre a primeira temporada. 



sexta-feira, 30 de março de 2012

Conexão Reporter. Ou: da natureza da profissão, só que ao contrário.


Olá pessoal. Ontem foi ao ar uma edição do Conexão Repórter que visava apresentar o charlatanismo ligado àqueles cartazes que vemos com certa regularidade colado em postes, ou àqueles anúncios de "trago seu amor em três dias" (experimenta jogar essa frase no Google, rs) etc.
Não gostei da abordagem da matéria, ainda que o Cigano (sim, com "C") tenha mostrado claramente como é o procedimento para a Quiromancia e, ao fim, tenham colocado o depoimento de uma taróloga. Não conheço o trabalho dos profissionais entrevistados, mas gostei do que disseram. Contudo, ambos tiveram um tempo mínimo no meio e ao final da reportagem, frente às abordagens de vários charlatães que se utilizam de cartas, búzios e quiromancia para atender.
Eu, sinceramente, acho um mega desserviço chamar esses profissionais de cartomantes e videntes (para piorar, eles mesmo se autointitulam assim). Devido a isso pululam definições do que somos, ligadas a um imaginário que transcende a realidade dos fatos. Cartomante é aquele que manipula as cartas com fins divinatórios, assim diz o dicionário. Independente da natureza delas, seja um Tarô, um Petit Lenormand, um baralho comum, um baralho espanhol ou um oráculo específico, não importa, completo eu. Não deveríamos precisar de títulos como tarólogo - que tem sido banalizado por pessoas que se acham donas de toda a verdade e sabedoria do oráculo que veio do Egito (#brinks). Dá um pouquinho de vergonha ser chamado de tarólogo conhecendo gente desse naipe, que como pessoa e como profissional nada acrescentam à comunidade de praticantes e pesquisadores. Mas, na falta de palavra melhor, seguimos com o título e o nome.
Eu sou Cartomante acima de tudo, hereditário. E faço valer o título que me proponho, mantendo o que minha avó me ensinou e usando minhas cartas (do baralho que eu quiser) para Ver aquilo que é preciso Ver. E, diante disso, não sinto vergonha nenhuma de ser chamado assim, e, se eu fosse, também não teria vergonha de ser chamado de vidente. Afinal de contas, os profissionais da área esotérica são agora amparados pela lei.
Temos aqui um paradoxo. Se, amparados pela lei, podemos nos aposentar e ter direitos àquilo que nossa profissão nos oferece, por outro lado somos colocados no mesmo balaio de gato que estelionatários, ou seja, criminosos. Paradoxal, mas fato. Não adianta você se dedicar ao estudo e à meditação para melhorar e ampliar sua Visão se, ao fim e ao cabo, você será tachado com a mesma tarja que alguém que, com lábia e malícia, exige valores exorbitantes em nome de todos os Orixás, Deuses e o que lá que seja para retirar um trabalho feito (que a maior parte das vezes, nem existe).
Repare que, na maior parte dos casos, buscam-se soluções para o amor. Relações afetivas são complicadas e nem todo mundo aceita bem um término (as mina pira nos término, mano). Nesse momento, em que um profissional sério deveria orientar @ consulente a viver o luto e renovar sua autoestima, temos a chance de aparentarmos ser algo que não somos: solucionadores de problemas. Lembremo-nos que o oráculo é uma ponte para o panorama presente com indicações do futuro decorrentes desse mesmo presente. Não mais que isso, não além disso. 
Fica aqui minha reflexão sobre o tema. Eu ainda sou (e creio que serei por muito tempo ainda) um Cartomante. Todos os demais títulos que porventura foram criados decorrem desse e, para evitar desgaste e fadiga, é assim que me denomino. Que possamos, todos que praticam essa arte, lembrarmo-nos que não basta fechar os olhos ou atacar um estelionatário, um charlatão que se passa por profissional. Não adianta de nada negar o título Cartomante em favor de Tarólogo, se ao fim e ao cabo no imaginário social tudo é a mesma coisa.
Curandeiro é médico? Não, mas já foi, e para muitos ainda é. Advogado é doutor? Não, a menos que tenha doutorado, mas é tratado assim. E muitos "médicos" e "doutores" ainda pululam por aí. Se profissões tão antigas, legitimadas e laicas sofrem ainda estigmas generalizantes, que dirá da profissão de Cartomante, cujo imaginário ainda não foi desfeito graças à iniciativas tanto de profissionais quanto dos charlatães
Tudo vira a mesma coisa, MESMO.
Para assistir a matéria, clique aqui: 

Abraços a todos.

quinta-feira, 29 de março de 2012

O peso da Espada.

Ás de Espadas
Waite Smith

Olá pessoal. Desta vez, propus uma reflexão para o Clube do Tarô sobre as Cartas Numeradas de Espadas do Tarô Waite-Smith. Novas perspectivas se desdobram a partir dos próprios desenhos, quando correlacionados com a obra The Pictorial Key of Tarot. Vamos comigo?

terça-feira, 27 de março de 2012

Eliane Brum e o Petit Lenormand

Olá pessoal. Eu sou fã inveterado e assumido dos textos da Eliane Brum. Ela tem aquela (rara) habilidade de extrair lições preci(o)sas do cotidiano que nos levam a olhar o nosso próprio com um olhar mais terno e misericordioso. Existe mistério em certas entrelinhas que jamais descobriremos... e isso é bom.
Estudemos com a Eliane as cartas 29, 25, 13, 30, 28 do Petit Lenormand. Nessa ordem. Com essas cartas. Com a Criança ao meio, mas deslocada.


Eliane Brum é jornalista, escritora e documentarista. Ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de reportagem. É autora de um romance - Uma Duas (LeYa) - e de três livros de reportagem: Coluna Prestes – O Avesso da Lenda (Artes e Ofícios), A Vida Que Ninguém Vê (Arquipélago Editorial, Prêmio Jabuti 2007) e O Olho da Rua (Globo). E codiretora de dois documentários: Uma História Severina e Gretchen Filme Estrada. elianebrum@uol.com.br

domingo, 25 de março de 2012

Blogagem Coletiva: Métodos de Tiragem


Olá pessoal. A convite da Michele Serinolli, reeditei o texto sobre a Mesa Real e refleti novamente sobre o método. Com o passar do tempo, algumas coisas puderam ser acrescidas à estrutura da jogada. O resultado pode ser conferido aqui. Espero que apreciem.
Gratidão pelo convite, Michele! Que possamos continuar juntos trilhando esse caminho tão bonito, que é a Cartomancia.
Abraços a todos.

P.S.: Por gentileza, queira responder a este questionário. É importante para mim, para que eu possa manter esse blog agradável para você, leitor.

sábado, 24 de março de 2012

Conversas Cartomânticas: Priscilla Lhacer e o Pajem de Ouros


Apesar da minha aversão aos relacionamentos virtuais, sou obrigado a aceitar o quanto eles são preciosos para aprofundarmos laços que, por pura falta de tempo, não puderam se estabelecer antes. Esse é o meu caso com a Priscilla. Nos conhecemos na Confraria Brasileira de Tarot (evento este, fundamental e divisor de águas neste meu ano), e nos reencontramos no Fórum Nacional de Tarô. Mas foi a internet que permitiu que conversássemos mais. E, em conversas de horas sem que percebêssemos, fomos nos aproximando mais do que as cartas querem dizer em relação ao nosso cotidiano. E, em relação ao nosso cotidiano, que hoje ela nos apresenta o Pajem de Ouros.
Priscilla Lhacer é economista com mestrado em Economia pela USP. Atualmente cursa doutorado em Finanças na FGV e é analista do Banco Central, mas sabe que sua verdadeira vocação é ajudar as pessoas através do Tarô e da terapia floral, o que faz através do site Amor, o Próprio.

Valete de Ouros
Radiant Rider-Waite

Como todo Pajem, o Pajem de Ouros está associado a crianças, jovens, ou ao início de uma nova jornada na vida. A criança de ouros é aquela criança curiosa, aventureira, que caça minhoca e tatu-bola quando está ao ar livre, demonta relógios para remontar um robô, e pergunta a todo momento como as coisas são feitas (“mamãe, como é feito o chão? E como se faz uma casa? E um sabonete? E a sobrancelha?”, me perguntou certa vez o Pajem de Ouros que tenho lá em casa). Mas não confunda: o pajem de ouros não é aventureiro por ser sapeca, levado da breca, como o pajem de paus. Nem faz perguntas porque precisa satisfazer sua curiosidade intelectual, como o de espadas. Em suas peraltices, ele não está atrás de diversão; quer é tocar em tudo o que vê, ver para crer em o que lhe ensinam. Experimentar o mundo é o seu jeito – único jeito – de aprender.

Valete de Ouros
Marseille Dusserre

Quando representa um novo começo, o Pajem de Ouros está associado à concepção e renovação de tudo aquilo que tem existência material. Sabe aquele momento no qual escolhemos a faculdade que vamos cursar? Ou que decidimos fazer uma faxina no armário e jogar for a tudo o que não serve mais, só para dar espaço ao novo? Esses são momentos do pajem de ouros.
Os pajens estão tradicionalemente associados ao elemento terra, assim como o naipe de ouros. O pajem de ouros é, então, duplamente terra. Por isso está associado também a uma ligação profunda e espiritual com a natureza, com os animais, com o que é tangível e com tudo aquilo que nos cerca. Fazer uma caminhada na mata fechada, escalar montanhas, sentar à beira do lado e passar horas em silêncio, pescando: ele certamente o acompanhará em todas essas atividades. 
Toda mulher que já esteve grávida entende perfeitamente o que é ser um pajem de ouros. A gravidez é, talvez, o momento mais sublime desse arcano da corte. A sensação de ter dentro de si uma nova pessoa em formação… existe algo mais ligado a um começo, àquilo que é  terreno, ao tornar tangível o intangível, do que isso? Não por acaso esse arcano está relacionado à gestação – de uma criança, mas também de um novo emprego ou de um projeto que passará a ter existência física em breve. E – por que não? – do dinheiro e dos recursos materiais que ele faz brotar em nossa vida.

Pajem de Ouros
Visconti-Sforza (US Games)

O Pajem de Ouros é um aprendiz. Ele quer aprender coisas específcas, que tenham utilidade prática para ele e para o mundo. Na Idade Média podíamos encontrá-lo como o aprendizes-auxiliares nas oficinas dos artesãos e dos ferreiros. Na época renascentista, era o artista bancado pelo mecenas. É também uma amigo diligente, mas como todo arcano, ele também tem seu lado sombra: se o seu talento não for bem usado, pode se tornar preguiçoso, como aquele colega de trabalho que empurra tudo com a barriga e obriga a gente a fazer o service de dois. Aquele momento em que a gente acorda e fica enrolando na cama, mesmo sabendo que estamos atrasados, também pertence a esse pajem. Há um mundo lá fora cheio de possibilidades a serem vividas, exploradas, e é tanta coisa que chega a dar preguiça. O pajem precisa usar bem seu dom,do contrário ele sera levado à inércia, à inação. 

Valete de Ouros
Universal Waite

Nos baralhos mais tradicionais, como o Marselha, ele é representado por um rapaz jovem, segurando um pentáculo ou uma moeda. O Rider-Waite também segue essa iconografia. Em outros baralhos, os pajens são substituídos por princesas, o que cria uma igualdade de gêneros na corte do tarô, mas que mantém a característica de passividade, ingenuidade e imaturidade que os pajens trazem. 
Dois baralhos, a meu ver, representam o Pajem de Ouros de uma forma mais interessante para entendermos quem ele é e descobrirmos quem somos quando ele nos habita: o Osho Zen Tarot e o Inner Child Tarot.


Valete de Ouros
Aventura
Osho Zen Tarot

No Osho Zen, seu nome é Aventura. Ela nos fala de aceitar os novos caminhos sem medo e sabendo que nenhum resultado é garantido. São as novas aventuras que nos fazem crescer, mesmo que nos tenhamos com elas os frutos desejados. Nas palavras do próprio Osho, "a insegurança é o único caminho para crescer, enfrentar o perigo é o único caminho para crescer, aceitar o desafio do desconhecido é o único caminho para crescer."


Criança de Cristal
Inner Child Tarot

No Inner Child, um baralho que associa a cada arcano um personagem das histórias infantis, o Pajem de Ouros é representado por Huckleberry Finn, o melhor amigo de Tom Sawyer, de Mark Twain. Filho de um bêbado, Huck Finn foi criado sem mãe, dormindo na porta das casas dos outros ou nas casinhas de cachorro. Tinha amor à natureza, horror à bebida, e uma alma absolutamente livre. Era notável por fazer aquilo que julgava ser o certo, mesmo achando que iria ao inferno por isso , como quando ajudou  o escravo Jim a se libertar (e viveu um livro inteiro com ele, em As Aventuras de Huckleberry Finn, a sequência de Tom Sawyer). 
Esses dois baralhos me trazem uma conexão com a ideia de que o Pajem de Ouros é, de certa forma, um irmão mais novo d'O Louco (como todos os Pajens, talvez). A diferença é que o campo de aventura dele é mais limitado e mais voltado ao aprendizado, ao contato com a matéria. E, quando crescer, ele não sera como o Louco, ele terá aprendido algumas lições e as experiências o terão deixado mais cauteloso, um pouco menos divertido, mas muito obstinado, transformando-se em um trabalhador incansável. Ele sera Cavaleiro e terá abandonado esse espírito aventureiro para ir em busca de uma segurança, estabilidade e crescimento interior que lhe fizeram falta quando menor.

Princesa de Ouros
Spiral Tarot

Para finalizar, deixe de presente a vocês uma pequena meditação para entrar em contato com o pajem de ouros que está dentro de nós. 

Pajem de Ouros
Morgan-Greer 

Feche os olhos e respire profundamente três vezes. Imagine-se entrando em um caminho desconhecido, de terra, todo gramado em volta. Aos poucos, o gramado vai crescendo e se transformando primeiro emu ma mata fechada, depois uma floresta.  Você anda lentamente, respirando a cada passo, sentindo o cheiro da terra úmida e da vegetação. Ao longe, há o barulho de um rio e de alguns animais que habitam este espaço.
Enquanto caminha, preste atenção a si mesmo. O que você sente? 
Tome o tempo necessário para explorer esse ambiente. A poucos metros de ti, há um banco de madeira rústico, com um pentáculo encravado nele. Sente-se e descanse.Uma voz suave avisará: “este é o lugar em que contactamos o Pajem de Ouros. Quem fala com ele é sempre um aprendiz. O que você quer aprender com ele?” 
Pausadamente, pergunte o que quiser. 
Uma figura surge de dentro de uma caverna distante e vem em sua direção. É o Pajem de Ouros. Converse com ele o tempo necessário sobre aquilo que perguntou e escute atentamente tudo o que ele tiver a dizer a respeito.
No final, ele diz: “Você aprendeu como ter poder no mundo terreno e adquirir as habilidades necessárias para seguir seu caminho. Não espere obter tudo isso sem trabalho árduo e paciencia. Não se atrase para encontrar o que quer por preguiça. A hora é essa. Faça acontecer e eu o guiarei em cada passo.”
Despeça-se. Caminhe lentamente pela trilha de terra na direção da volta pela floresta, depois pela mata fechada, até encontrar o ponto de partida. Respire lentamente e lembre-se de onde está. Escute os sons à sua vonta e abra os olhos. 
Seja bem vindo ao mundo material novamente, aquele do seu cotidiano, em que o seu Pajem de Ouros habita.

Pajem de Ouros
Anna K Tarot

Ao Emanuel, que me convidou para participar dessa blogagem coletiva, um abraço enorme. Que o Pajem de Ouros te guie em suas novas empreitadas terrenas!

Princesa de Pentáculos
Golden Dawn Tarot

Nota do editor: Em alguns baralhos, como o Tarô da Golden Dawn (1977), os Pajens são substituídos pelas Princesas. Existem diversas possibilidades de análise dessa perspectiva; porém, em última instância, aplica-se tanto às Princesas quanto aos Pajens os mesmos significados propostos.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Refletindo-se nas Águas da Corte de Copas.



Olá pessoal. Hoje, 22 de março, é o Dia da Água. Essa data não poderia passar em brancas nuvens (ainda que nuvens sejam água em forma de sonho...)




Para a Cartomancia, a Água é representada por Copas. Ao contrário dos demais naipes, não encontrei, em meus estudos, discrepâncias à essa afirmação. Copas representa o profundo, impenetrável e imiscuível mundo dos sentimentos que, paradoxalmente, é reflexivo em sua superfície, permeável ao toque, e plástico à forma. A Água é um mistério, de onde a vida surgiu, para onde a vida retornará, sem, no entanto, revelar-se plenamente nesse ínterim.




A Água possui memória. Ela se altera pelas emoções que emanamos perto dela. Por isso as religiões possuem suas Águas Sagradas, e Fontes Sagradas brotam do coração da Terra. Da mesma forma, quando precisamos limpar um ambiente, usamos água. A sensação de limpeza é muito mais profunda que se usássemos apenas a vassoura. Tipo a sensação de esvaziamento que sentimos no peito quando o alívio toma conta de nós.
 Falando nisso, o coração é por excelência o órgão da Água, ainda que fabricado com doses generosas de Fogo. Sua dança em nosso peito garante que a água flua em  sangue aonde ela é necessária no momento certo.
Não podemos nos esquecer também do sistema linfático – que é autônomo, mas ama um carinho e funciona muito melhor recebendo massagens com regularidade. A drenagem linfática foi, para mim, a mais grata surpresa entre todos os sistemas de massagem que experimentei. Comigo, mais que o corpo, o tratamento alcançou níveis mais profundos, camadas mais escondidas, sem grande esforço ou pressão, e liberou tensões que, se dependessem de mim para serem liberadas, primeiro teriam que ser descobertas.



Mas o que essa conversa toda tem a ver com Corte e com Tarô?
A Corte de Copas é a mais permeável e a mais inacessível das Cortes do Tarô. Tudo as afeta, nada as atinge. As personagens representadas por Copas tem uma habilidade ímpar de contatar realidades paralelas e obter delas sensações e sentimentos – que, por conforto e bem-estar, habitam justamente nesse naipe. O problema é que a água não se filtra sozinha – exceto por decantação – e os filhos das Copas absorvem tudo. Eu disse tudo.
Encontrando residência em um elemento passivo, são reativos, não ativos. Não espere de um filho das Copas uma ação, a menos que o desejo provenha de você, primeiro. Talvez por isso excelentes amantes: aprenderam a dançar antes de engatinhar, a cantar antes de falar, a sorrir antes de pedir.


Isso os torna extremamente perigosos. Não é difícil se encantar por qualquer um deles. A parte positiva disto é que a Cartomancia clássica toma o naipe de Copas como positivo; a parte negativa é que você nunca vai saber exatamente o que perpassa a criatura – sentimentos só pertencem aos seus donos e, em Copas, sentir é tão comum quanto respirar, o que permite ao representado sentir o que quer, enquanto quiser.




A metáfora é clara: se você não tem condições de respirar debaixo d’água, não tente mergulhar muito fundo, você talvez não consiga voltar. Como diz o ditado... galinha que acompanha pato, morre afogada.

Confira os textos da Blogagem Coletiva:




Ah, a Regina Guigou fez um compilado da Corte de Copas, aqui. Dá uma passada, vale muito a pena.

Publicidade e propaganda às avessas ou: do excelente gosto do Diabo.

Diabo
Tarô Lombardo


- Este rei é poderoso porque “tem pacto com o demônio” – dizia uma beata na rua. O rapaz ficou intrigado.
Tempos depois, enquanto viajava para outra cidade, o rapaz escutou um homem ao seu lado comentar:


Visconti Sforza (USGames)
Reelaboração de original perdido desenvolvido por Luigi Scapini.


- Todas as terras pertencem ao mesmo dono. Isto é coisa do diabo!
No final de uma tarde de verão, uma bela mulher passou ao lado do rapaz.


Diabo
Universal Goddess


- Esta moça está a serviço de Satanás! – gritou um pregador, indignado.
A partir daí, o rapaz resolveu procurar o demônio.


Diabo
Holy Grail


- Comenta-se que o senhor faz as pessoas poderosas, ricas e belas – disse o rapaz, assim que o encontrou.


Diabo
Thoth Crowley-Harris


- Não é bem assim – respondeu o demônio. Você só escutou a opinião daqueles que estão querendo me promover.


Diabo
Angels Tarot

Excerto retirado do blog do Paulo Coelho.

terça-feira, 20 de março de 2012

Resultado do sorteio: Tarô de Marselha, da Editora Pensamento



Olá pessoal, feliz Ano Novo... astrológico!
Que possamos ter e usufruir os influxos positivos do Luminar Feminino, regente deste ano.


Sem mais delongas, vejamos os participantes da promoção, concorrentes a um Tarô de Marselha, da Editora Pensamento:
1. Cacá
2.Lilian Guedes
3. Michele
4.Silvia
5. Osvaldo
6. Katharina
7. Angela
8. Ana Julia
9. Carlos 
10. Vanessa Gois
11. Edy
12. Roselene
13. Renan
14. Barbara
15. Raquel
16. Tamires
17. Patrícia
18. Iony
19. Regina
20. Antonio
21. Leonardo
22. Igor
23. Milena


Vamos lá, rufem os tambores:

E o ganhador é...

Igor Freire!

Você vai receber um email com as orientações para que possa postar seu prêmio.
É isso aí pessoal, aguardem novas promoções para breve, e sigamos em Conversas Cartomânticas.
Abraços a todos.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Deus é um superlativo.


Olá pessoal. Raramente posto por aqui questões decorrentes de consultas. Não porque não ache os estudos de caso necessários, longe disso; É porque, normalmente, as questões levantadas são muito particulares para que eu exponha aqui. Esse caso que vou contar é uma daquelas exceções que devem, sim, ser divulgadas - mantendo, evidentemente, o respeito ao nome dos envolvidos.
Por esses dias, joguei para um jovem pai de família. Havia ficado desempregado há pouco e queria saber de novos rumos, pois o desespero começou a ligar no seu celular e ele queria se posicionar antes que o desagradável personagem batesse, enfim, à sua porta. O jogo foi muito positivo, e eu já estava bem satisfeito com o que havia visto. Reconhecêramos seus limites e a forma de transpô-los para obter o melhor dos resultados. Foi aí que ele me perguntou: como está minha relação com Deus? Digo, tem algum entrave espiritual que esteja me mantendo nesse rumo esquisito?
Ok, embaralhemos, cortemos, disponhamos as cartas, como manda o ritual. Diante de perguntas tão complexas, quanto menos eu pensar, melhor. Deixo as cartas falarem com o ênfase que lhes é próprio. Depois da frase formada, posso explorar mais o tema mas, num primeiro momento, deixo com elas. 
Surpreendentemente, as cartas foram enfáticas em recomendar-lhe uma boa dose de hedonismo, sem gelo. Algo surpreendente, sem dúvida. Enquanto conversávamos sobre o prognóstico, percebi que ele carregava (literalmente) a família nas costas. Oferecia-lhes tudo o que era possível, e mais. Não era capaz de negar nada. O não lhe era sofrido de dizer.
As cartas apontavam para o caminho oposto... A relação deste com Deus estava baseada em paradigmas que não correspondiam ao que ele precisava. 



Ele me disse: "Fico meio sem graça de encher o saco de Deus, sabe? Só recorro a Ele quando se esgotam todas as possibilidades aqui, na Terra. Não acho certo ficar o importunando com os meus problemas."
As cartas me mostravam justamente o contrário, era hora de ele começar a pedir o que quisesse, porque Deus estava com redobrada atenção para lhe conceder o que pedisse. Temi por ele, que ele perdesse esse momento tão precioso.
"Meu amigo, se eu te pedir essa corrente que está no seu pescoço (e que caminhava com ele havia anos) você me daria?"
"Se você for um dos meus, sim."
"Você me perguntaria se eu teria encontrado uma igual antes, se eu não teria dinheiro para comprar, perguntaria porque motivo eu quereria justamente a corrente em seu pescoço?"
"Não..."
"Então, me diga... Por que você quer esperar acabarem suas perspectivas e expectativas para pedir a Deus o que deseja? Acredita mesmo que Ele agiria contigo diferentemente da forma como você age com os outros?"



Lágrimas nos olhos, sem mais questões, despedimo-nos. 

Deus é um superlativo de nós mesmos. Aonde estivermos, Deus também estará, inevitável e inexoravelmente.
Certamente, Deus é um grande Cartomante (ou se consulta com Madame Cazam). E uma inspiração para seguir meu Caminho na Arte. E, claro, Deus tem um senso de humor do seu próprio tamanho.



Abraços a todos.

sábado, 17 de março de 2012

Conversas Cartomânticas: Edu Scarfon e o Cavaleiro de Ouros



Olá pessoal. Continuando as atividades da Blogagem Coletiva, cá temos a presença do querido Edu Scarfon. O Edu é jornalista e conheceu a magia desde muito jovem. Dedica-se há anos à propagação da bruxaria no Brasil. Além disso, desenvolve um dos mais respeitados trabalhos de culto aos deuses do panteão grego, ensinando seus rituais sagrados e como acessar essa magia tão antiga do povo que é considerado berço cultural de nossa civilização.
Iniciou sua jornada por meio de estudos de bruxaria, helenismo, xamanismo e tarot. Daí para frente, Edu fundou o Coven Faces da Lua e começou a organizar uma nova liturgia, unindo práticas e técnicas do culto grego à Wicca, inserindo também a Magia Grega e aquilo que pesquisara e aprendera com relação a este povo por intermédio dos próprios deuses. Assim nasceu sua tradição, a Eleusiana.
O Sacerdote de Apolo atua com oráculos como o Tarot Mitológico e a Litomancia Grega (método canalizado por ele). Além disso, ministra cursos, workshops e treinamentos de Magia Grega, Wicca e Tarot por todo o país. Edu, ainda, realiza rituais e festivais em honra aos antigos deuses.
Edu é o sacerdote responsável pelo espaço Faces da Lua e, conjuntamente com a Pietra di Chiaro Luna, responsável pela Confraria Brasileira de Tarot. Ele hoje nos convida a explorarmos o Cavaleiro de Ouros. Vamos com ele.
Contatos com o Edu: Faces da Lua.

Cavaleiro de Ouros
Modern Medieval

Encontro com o Cavaleiro de Ouros

Este é um arcano que eu, particularmente, gosto bastante de abordar e inclusive, vivenciá-lo. Buscarei, inicialmente, colocar a visão pessoal com relação a esta lâmina, adquirida durante esses anos de estudo sobre o universo do tarô e em seguida, utilizarei a obra “Tarô Mitológico”, da autora, Juliet Sharman-Burke e da reconhecida astróloga e também taróloga, Liz Greene como suporte.
Como todo cavaleiro, o fato de estar montado num cavalo, passa a ideia de movimentação e é assim, que o vejo, não importa o naipe. É um arquétipo que mostra-se em movimento, buscando seus objetivos, podendo estes, serem dos mais variados, de acordo com o naipe. Certa vez, ouvi numa explicação sobre tarô, de uma pessoa que contava um mito relacionado com as cartas da corte: Todo cavaleiro tem como objetivo tornar-se rei, ou seja, desenvolver-se dentro daquilo que atua, vindo a conquistar supremacia e estruturação perante seus intentos, o que explicaria muito bem esta movimentação.

Cavaleiro de Ouros
Lo Scarabeo Tarot

O Cavaleiro de Ouros, numa visão contemporânea em que estaria associado ao elemento Terra, representa o desenvolvimento e a potencialização do gosto pelo trabalho. Enquanto o Pagem nos faz sentir, uma certa necessidade de colocar alguma atividade em prática e viabilizar idéias para que isto aconteça, o cavaleiro já nos transmite foco e maior determinação. É um trabalhador nato e leal às atividades profissionais. Com grande ambição, busca se dar bem e realizar-se neste quesito. Para mim, é alguém de espírito jovem que se parece muito com a personalidade capricorniana ao pensar intensamente no futuro e almejar estruturar-se.

Cavaleiro de Ouros
Waite-Smith

No tarô Rider-Waite, obra consagradíssima de Arthur Edward Waite, a ilustradora, Pamela Colman Smith mostra um Cavaleiro de Ouros, montado num cavalo negro e na posse de um pentáculo, objeto no qual, o portador tem o olhar focado. O cenário é um local com bastante terra, colinas verdejantes e duas árvores de fundo. O cavalo pisa no gramado e junto de seu cavaleiro, dá a idéia de avistarem um outro local, numa certa distância a frente. Este avistar, dá a idéia de que o cavaleiro reflete sobre o que almeja para seu futuro, que pode estar associado ao pentáculo que ele porta em mãos, a moeda de ouro que remete ao princípio da riqueza e prosperidade.   
Como todo arquétipo, o do cavaleiro de ouros também possui seu lado sombra: na busca pelos desejos profissionais, pode tornar-se autoritário e orientado somente para as questões de trabalho, vivendo-o 24h por dia. 

Cavaleiro de Ouros
Aristeu
Tarô Mitológico

No Tarô Mitológico temos um encontro com Aristeu, ilustrando esta lâmina. Um jovem trabalhador que era filho de Apolo, deus da arte e dos dons proféticos, com a ninfa Cirene. Aristeu era pastor e apicultor, além de possuir muitos dons para a agricultura, dedicando-se também ao plantio de oliveiras. Num dado momento, Aristeu tenta seduzir Eurídice que era casada com Orfeu. A jovem foge do pastor e acaba tropeçando numa serpente que a morde, tirando-lhe a vida logo em seguida. As ninfas que presenciaram o triste canto de Orfeu ao perder sua amada, decidem vingar-se de Aristeu, tirando a vida de suas abelhas. Nosso herói, então, viaja de encontro com o profeta, Proteu, que lhe revelaria o que fazer para redimir-se com as forças da natureza e voltar a criar as abelhas com o mesmo sucesso de antes.
Ao conhecer o mito de Aristeu, como propõem as autoras do Tarot Mitológico, nos deparamos com uma figura tão dedicada ao trabalho, ao profissionalismo e à predisposição para efetuar melhorias, que certamente, trata-se de uma excelente escolha por parte das autoras para a abordagem do arcano.

Cavaleiro de Ouros
Morgan-Greer 

Vestindo o Cavaleiro de Ouros

Em muitos momentos da vida, nos deparamos com a necessidade de engatar uma atividade profissional e de ter ainda, a energia necessária para fazer, de fato, a coisa acontecer a ponto de nos propiciar realização e sucesso. O contato com este arquétipo pode nos proporcionar isso!
Quantos cavaleiros de ouros não existem ao nosso redor? Pessoas perseverantes, que buscam viver a realidade e detentoras de grande capacidade. São aquelas que se movimentam o tempo todo para verem seus ideais de trabalho realizados. O cavaleiro também é voltado para seu físico, uma vez que faz menção ao potencializar da influência material. Isso inclui a o cuidado com o próprio corpo! Vimos no mito de Aristeu, que o jovem buscava diversas formas de seduzir Eurídice antes de acontecer a tragédia com ela.
Quando precisarmos desse potencial empreendedor em movimento a favor de nossos intentos de prosperidade e inclusive, sedução, lembrando que esta não acontece apenas no plano afetivo, como nos vêm em mente assim que ouvimos a palavra, mas em todos os sentidos, poderemos pedir ajuda ao cavaleiro.

Nota do editor: nos baralhos clássicos, o Cavaleiro de 
Ouros é o único que porta uma arma além do símbolo 
do seu naipe. Nos marselheses, uma clava; em 
outros (como o 1JJ),  uma espada.
Cavaleiro de Ouros
Marseille Dusserre

Uma dica é carregar a carta consigo, buscando fazer uma reprogramação comportamental e assim, agir mais como o cavaleiro agiria. Invoque num ritual feito por você em posse desta lâmina, as energias da egrégora que ela contém. Delimite especificadamente quais são os atributos deste arquétipo que deseja ou experimente, vivê-lo na totalidade por um período, o que pode tornar-se um desafio e uma experiência enriquecedora. No final do período, devolva a carta ao seu tarô e agradeça pelo auxilio fornecido. 

Príncipe de Pentáculos
Golden Dawn

Nota do editor: Em alguns baralhos, como o Golden Dawn (1977), os Cavaleiros são substituídos pelos Príncipes. Existem diversas possibilidades de análise dessa perspectiva; porém, em última instância, aplica-se tanto aos Príncipes quanto aos Cavaleiros os mesmos significados propostos.