terça-feira, 5 de outubro de 2010

Blogagem Coletiva: Quem é o Rei da sua casa ou: Que Rei sou eu?


Nós somos mesmo as Rainhas do Lar. Algumas em treinamento, outras bem estabelecidas, algumas mais ali, outras bem certas de como levam as suas casas. Tarólogas. Mulheres. Mas... cercadas de homens!! Reis foram muitos pela História. O Terrível, O Invencível, O Grande. O convite agora é para pensarmos: qual percepção que temos dos homens que regem a casa conosco? Conhecer quem divide o reino com a gente acaba por aproximar um universo inteiro de nós, afinal de contas: meninos são meninos. Maridos, pais, irmãos, namorados, filhos (sim, por que não?). Quem é o Rei da sua casa?

Olá pessoal. Recebi um convite deliciosamente desafiador da Luciana Onofre e da Pietra de Chiaro Luna: participar da blogagem coletiva que encabeça essa nossa Conversa. Uma pena não ter participado da blogagem coletiva anterior. De qualquer forma, vale o esforço para que eu produza algo a respeito das Rainhas!







Recapitulando o blog, percebi que já havia escrito sobre o aspecto paternal dos Reis antes, assim como sobre os Cavaleiros. Contudo, algumas informações aqui veiculadas vão de encontro as palavras ditas antes. 



Os Reis são cartas que possuem interpretações diversas. Na verdade, do que conheço da bibliografia sobre o Tarot, as únicas cartas que não sofreram grandes alterações interpretativas foram as Rainhas: permanecem estáveis em seus Tronos, assentadas em Briah, sendo, paradoxalmente, o Trono do Rei Menino, do Senhor da Promessa. Se elemento é a Água, sólida em sua própria impermanência, mostrando que são cartas confiáveis, mas fluidas e adaptáveis dentro de sua área de influência. 
Os Reis, por outro lado, possuem interpretações mais amplas. Há quem os relacione ao Fogo e à Iod, à primeira flama e ao poder criativo, a Chokmah e a Atziluth. Há quem os relacione ao Ar e a Vau, ao pensamento e à manifestação de idéias, a Tiphareth e a Yetzirah, trocando-os de lugar com os Cavaleiros. No Thoth Tarot, de Aleister Crowley, os Reis são suprimidos e seus aspectos são relacionados aos Príncipes, que também estão assentados, em carruagens ao invés de tronos. 


(Tarot Hermetic: percebam que, no topo da carta, está seu nome - Rei de Paus - e na parte de baixo seu título - Príncipe da Carruagem de Fogo). 

Conforme o Tarot Mitológico, trataremos os Reis, nessa postagem, como a dimensão dinâmica, iniciadora e organizadora de cada naipe.
Um preâmbulo: De maneira sincrônica, o Palavras de Osho publicou hoje o seguinte texto:

A Chave Mestra

É só por meio da meditação que você se torna um rei, que você se torna um mestre, senhor de si. Mas essa é a única maestria, não há outra no mundo.
Se você não é mestre de si, pode possuir o mundo inteiro, mas é um escravo, não um rei.
Acorde de seus sonhos e faça todo o esforço possível para se aprofundar na meditação, na percepção, no testemunho. Torne-se cada vez mais consciente, e você será rei.
É necessário ter um esforço persistente, perseverança e paciência. A vitória com certeza acontecerá, mas somente quando você estiver realmente pronto. Essa prontidão vem com intenso esforço.
Faça todo esforço para ser meditativo — essa é a chave, a chave mestra para as portas do reino de Deus.


Depois de muito pensar (e pesquisar) a respeito, percebi que, 

à sua forma/naipe, cada um dos Reis é um Criador/Iniciador, sendo portanto fontes de Fogo, ainda que eu os coloque, atualmente, sob a influência direta do Ar (e, por conseguinte, os Cavaleiros ao Fogo, ao contrário do que havia dito na postagem anterior). Suas criações apresentam a estrutura própria das nuvens - são efêmeras, mas de aparência sólida, em contraponto ao espetáculo e volatilidade das ações do Cavaleiros.E, pesquisando no meu Grimoire um pouquinho mais, sobretudo no que se refere ao Baralho Francês, de 32 cartas, relembrei que cada Carta da Corte foi relacionada a um personagem histórico. 

Rei de Paus






No baralho comum, o Rei de Paus é o único que possui o globo imperial.  É tradicionalmente relacionado ao Fogo, à Força Criadora da Primavera e ao signo de Áries. Mas seu comportamento pode lembrar, em muito, o signo de Leão.

O Tarô Mitológico o associa ao mito de Teseu.
Corresponde às Nuvens do Petit Lenormand.




Rei de Copas 




Carlos Magno, Sacro Império Romano do Ocidente

Nas cartas comuns de jogar (baralho inglês), é o único Rei sem bigode. Além disso, assim como o Rei de Ouros, sua arma está atrás de sua cabeça; são os chamados "Reis suicidas". É o único Rei com as duas mãos visíveis. Influência aguda de Câncer e Peixes.
Um rei que, por seu comportamento diletante, poderia ser relacionado a essa carta (dado o naipe ser Copas), seria Luis XIV. O Tarô Mitológico o associa ao mito de Orfeu.
Corresponde à Casa do Petit Lenormand.
E que o Rei dance!





Rei de Espadas




No baralho comum, é o único que possui em sua iconografia a correspondência direta entre sua arma e se nome, para a qual dirige seu olhar (os demais Reis não olham para suas armas).
Paradoxalmente, o evento mais importante da vida do Rei David, o evento que o imortalizou, foi relacionado a uma funda, não a uma espada (ele tomou "emprestada" a espada de Golias para matá-lo). Influência de Libra e Gêmeos. O Tarô Mitológico o relaciona ao mito de Ulisses. Corresponde aos Lírios do Petit Lenormand.




Rei de Ouros




Júlio Cesar, de Roma

No baralho inglês, que são nossas cartas comuns de jogar, é o único Rei a possuir um machado - todos os demais possuem espadas. Além disso, assim como os Valetes de Espadas e Copas, está de perfil, sendo chamado por isso "caolho". Sua mão indica um acordo, ou bênção.
Influência da Capricórnio e Touro. O Tarô Mitológico o associa ao mito de Midas. Corresponde aos Peixes do Petit Lenormand.








Conversando com Amanda Izidoro (@AmanditaTC), grande amiga, jornalista (por profissão) e runóloga (por obrigação), pedi que ela me dissesse o que sentia sobre os Reis, ao que ela respondeu:
"Rei de Paus... alguma coisa meio indígena, mas não brasileiro; talvez apache. Firme, com raízes bem definidas, orgulhoso de sua origem, mas ao mesmo tempo, rígido, nada maleável. O Rei de Copas pra mim é o puro rei viking: força, coragem e emoção a flor da pele. Ele age de acordo com seu coração, tanto na fúria contra os inimigos, quanto no amor e no cuidado com os seus. Já o Rei de Espadas me lembra um pouco um rei europeu, mas do sul da Europa, forte em seus exércitos, na liderança, mas frágil e ponderado... talvez um pouco inseguro, escondido atrás das armas para se proteger.
(…)eu vejo o Rei de Ouros como um desses reis de tribo africana, não sei por que, mas enxergo ele sentado num trono rústico, adornado com algumas pedras, penas e peles...  sério, confiante em si e na sua capacidade de gerir as dificuldade e dividir as riquezas, comandar a tribo."

Tais considerações vão de encontro à busca por uma etnia para as Cartas da Corte. Ainda que a Amanda, como a conheço, não saiba muito de Tarot, seu potencial inconsciente foi lá na literatura do Dr. Gerard Encausse buscar referências para a aplicação de tais significados aos naipes.


E eu?
Que Rei sou eu?
Estou tão acostumado a me ver Cavaleiro que realmente fui pego de surpresa me imaginando Rei. Penso que me aproximaria da definição do Rei de Copas, mas sua ambivalência me incomoda um pouco. É ator de uma trama para a qual não foi desenvolvido um roteiro prévio. (ainda que tenha balançado um pouco quando li esse texto da Titi Vidal). Por outro lado, o Rei de Espadas me fascina. Mesmo. Representa homens de estratégia, para quem a pena é mais poderosa que a espada, ou uma caneta mais poderosa que um revólver. Ainda que paguem um preço alto por isso, ao terem sua vida emocional subdesenvolvida pelo esforço em traçarem planos e perspectivas.
Se continuarmos caminhando na literatura, realmente não me encontraria num Rei de Ouros, ainda que eu o admire; também não me vejo Rei de Paus... E, depois de ler esse texto do Leonardo Chioda, acabou; sou Rei de Espadas mesmo.


É, fico com o Rei de Espadas. O potencial de Ulisses/Odisseu que, fiel aos seus ideais, vagou 20 anos ao mar, sem perder a clareza da mente. São Paulo (Tarot dos Santos - Robert M Place), que com o mesmo furor matou e salvou cristãos, e cuja pena o alçou ao status de santo; Oxalá (Tarô dos Orixás, Eneida Duarte Gaspar), perspicaz e senhor de todos os Orixás; e tantos outros arquétipos.

Conforme o Clube do Tarô:



Significados gerais
Sucesso, homem em sua inclinação para as atividades intelectuais, mentais, quando acompanhadas pela reflexão.
Mental: Julgamento equilibrado e profundo. Brilho em todos os domínios. Capacidade de esclarecer e encontrar soluções.
Anímico: Proteção e conforto.
Físico: desperta o que estava adormecido. 
Saúde incerta, com risco de desagregações vindas do passado.
(–) cólera, grosserias, prazeres baixos.


Interpretações usuais na Cartomancia
Funcionário hostil ao consulente. (-) Processo perdido.
Homem moreno mal-intencionado.
Falso amigo. Pai ruim. Marido brutal e avarento. Para um homem: rival. Para uma mulher: amante.
Homem de beca, acadêmico ou professor. (-) dificuldades.
O rival. Pessoa perigosa. (-) briga com um amigo.
Homem togado, juiz, conselheiro, advogado, médico. (-) desarranjos de negócios, homem togado, com o qual o consulente terá de tratar. Fortuna na carreira das armas ou na magistratura, inimigos poderosos entre militares. 

Ah, a Titi Vidal escreveu textos interessantíssimos sobre os Reis e as Rainhas. Conforme seu texto, o Rei de Espadas seria




"(...)o mais racional de todos. É um homem intelectual, que dá muita importância ao conhecimento. São homens bastante preocupados e que estão sempre pensando em seus projetos. São muito pragmáticos e por isso costumam se distanciar ao máximo de suas emoções. Por isso, lidar com os sentimentos não é nada fácil para este homem. Costumam ser machistas e nas relações afetivas são muito práticos. Isso pode passar frieza e justamente por isso são ótimos parceiros para negócios, mas nem sempre o melhor companheiro quando o assunto é amor. Assim, ao escolher uma parceira, pode preferir uma mulher intelectual e independente que não exija tanto sua atenção. Mas também pode ser possessivo, para não perder o controle da relação. Este rei precisa aprender a lidar melhor com suas emoções e se entregar mais ao amor, aprendendo a ser mais compreensivo e afetuoso com as pessoas que estão em sua vida." 


Abraços a todos.

5 comentários:

  1. Muito obrigado, Emanuel, por compartilhar tão profundo conhecimento conosco, e muito obrigado também pela gentileza e generosidade em citar o blog que edito.

    Grande abraço.

    Murilo Abreu - editor do blog palavras de Osho

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  2. Muito legal a sua participação na blogagem coletiva e acho que seu texto vai ajudar mt gente a pensar sobre si e sobre quem está em volta. Adorei tb as suas correspondências com os reis históricos.

    Super joia e continue tomando um chazinho com a gente lá no Facebook =)

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  3. Olá Murilo. Eu é que sou grato, eternamente grato, pelo excelente serviço que você presta a todos nós da blogosfera. Muito do que hoje conheço sobre Osho devo a seu trabalho, excelente, por sinal. É um prazer citá-lo, sempre que possível, para que mais e mais pessoas conheçam a filosofia deste Mestre que é tão lúdico e tão sério, simultaneamente.
    Oi Pietra! Agradeço os elogios, mas na verdade fica fácil escrever quando o tema é bom!
    Estou à disposição para novos desafios!
    Pode deixar, estarei contigo no Facebook. ^^

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  4. Céus, namoro um rei de espadas.
    Admirável postagem, como sempre!

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    1. Engraçado, relendo a postagem me encontrei de novo no Rei de Espadas. Que legal isso. E que bacana você ter encontrado seu namorado no mesmo naipe.
      Um beijo!

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Quando um monólogo se torna diálogo...