quarta-feira, 15 de junho de 2016

Cartomancia: Previsões para a vida material


Olá pessoal. Esse fim de semana foi singular e divisor de águas - quase uma iniciação, se não tiver, efetivamente, sido. O evento Cartomancia - Previsões para a vida material foi, para mim, muito mais que um encontro de experts em Cartomancia do Brasil e do mundo. Foi meu encontro com um ícone da Cartomancia mundial, que eu sigo desde 2003 - Robert M Place.



Em 2003, um baralho figurava na livraria da cidade e me chamava a atenção: era o Tarô dos Santos, um box incluindo baralho e livro. Eu não fazia ideia de quem era o autor, mas me corroía a ideia de descobrir qual teria sido a escolha para o Arcano XV. 
Mal sabia eu que esse livro mudaria totalmente minha forma de ver as cartas, assim como nortearia meus estudos dali por diante. 



Robert Place já esteve conosco aqui no Conversas Cartomânticas algumas vezes. Citado no artigo Análise da posição das cartas em um jogo, no qual eu resumo a metodologia da leitura de três cartas conforme ele propõe; Na abertura do Ano VI do Conversas Cartomânticas, com um artigo sobre Os Enamorados; e na Blogagem Coletiva sobre Petit Lenormand, com a carta 18, o Cão
Mantemos razoável correspondência (dificultada por eu não ser bom o suficiente em inglês, mas eu me esforço) e, quando eu soube que ele viria ao Brasil, nada mais me importava o bastante: eu conheceria uma das maiores referências para o meu trabalho e jornada.
Tudo, absolutamente tudo, valeria a pena para isso.



Foram meses construindo uma palestra, apresentada conjuntamente com Patrícia Farias, sobre a prosperidade e o Petit Lenormand. Entender não só a parte oferecida no livreto, como também o papel do cartomante, do consulente e do ambiente no momentum da consulta. Meses ansioso pela perspectiva de encontrar Robert M Place. Meses focado nessa perspectiva. 



E, finalmente, o encontro ocorreu. Eu não sabia o que dizer.
Então eu sorri. E ele sorriu de volta.

Sorrisos. Resolvendo problemas linguísticos desde a Criação.



A palestra da sexta feira foi espetacular. História e simbolismo do Tarô. E a frase mais poderosa que já ouvi a respeito, que coloca o Tarô e todo o conhecimento criado ao redor dele no devido lugar (cito de memória):


O Tarô não foi feito por Magos, ocultistas ou estudiosos.
O Tarô foi feito por artistas. 

Melhor, impossível. É possível contextualizar o Tarô com as mais diversas crenças e existem bruxos consideráveis que utilizam as cartas como foco de rituais. Mas o Tarô, o maço de cartas que recebe esse nome, ganhou tal utilização a posteriori. O Tarô é uma obra de arte. Todas as releituras esotéricas e poéticas são supérfluas quando se busca uma origem essencial. Legitimações, por vezes, démodé. 
O Tarô foi feito por artistas.



A masterclass foi ainda mais surpreendente. Composta por uma parte teórica - a construção do Alchemical Tarot - e outra prática - a leitura por três cartas - tive a honra de receber uma leitura do artista, do seu jogo dos relacionamentos.



Num primeiro momento, jogamos uns para os outros sob supervisão de Robert M Place. Era impressionante a capacidade de síntese que ele possuía diante dos meandros por vezes enevoados da interface em três cartas 



Quando partimos para o Jogo dos Relacionamentos e havia a necessidade de um voluntário, não esperei que ele terminasse a frase. Este era um clímax que ninguém tiraria de mim, mesmo se tentasse. 
Gentilmente, Place dissecou um aspecto da minha vida que, pelo acuro e assertividade, me deixou completamente boquiaberto. E, com o bom humor que lhe é peculiar, me disse "mas... não é óbvio? Está na imagem."



Não tirei fotos. Não fui preparado para isso. Entretanto, meu caderno está repleto de anotações e conexões com outras disciplinas. Essa foto acima, entretanto, mostra o espírito do evento: aquecendo uns aos outros. Trocando informações e usufruindo da oportunidade de estarmos na presença de alguém que, de fato, sabe. 



Agradecimentos especiais aos organizadores do evento, e também à Jamile e ao Acuio, que foram surpresas extremamente agradáveis (não basta serem queridos na internet, ao vivo são muito mais!)


Agradeço também a todos aqueles que adquiriram o livro Sibilla Della Zingara e também o Baralho Cigano: As Cartas de Lenormand. Agradeço a todos aqueles com quem pude conversar, e a todos aqueles para quem joguei e que também jogaram para mim. 
Encontrar-nos-emos em outros eventos!

Abraços a todos.

terça-feira, 7 de junho de 2016

Tomando posse do seu Esmeralda Lenormand


Olá pessoal. Acaba de chegar às minhas mãos a nova edição do Esmeralda Lenormand. Estou completamente encantado - não consigo fazer outra coisa senão embaralhar e procurar aprender o uso dessas cartas!
À medida que eu for me familiarizando e me tornando mais íntimo dessas cartas, vou postando novidades por aqui. Entretanto, já fiz algumas coisas, que não são exatamente um tutorial, mas uma forma de aproximar-se desse oráculo com segurança e amor.

As duas cartas 02

Em primeiro lugar, ao abrir seu baralho, observe a carta 02. Existem duas possibilidades – uma, associada à sorte, conforme a leitura europeia; outra, associada aos revezes, conforme a leitura brasileira. Escolha uma das duas. Separe a que não lhe agradou do baralho, ela não será utilizada.
Particularmente, eu optei pela segunda, por ser a forma com a qual trabalho há anos. Se você estiver começando agora, utilize conforme a escola, o professor ou mesmo o seu gosto pessoal, se for autodidata, indicarem. Lembre-se: ao escolher, todo o baralho passa a fazer um sentido diferenciado.
Feche seus olhos, centre-se. Embaralhe as cartas, confiante que aquilo que você deve entender será dito. Peça a autorização do seu Eu Superior para contatar a egrégora deste baralho. Entenda: ele funcionará pela técnica independentemente do seu uso, ou não, das perspectivas que o criaram; mas, conectando-se com algo maior, você se aproxima de uma experiência de sagrado que está muito além da técnica. 
Retire uma carta, para consagrar o seu baralho. Ela será sua auxiliar no processo de aprendizagem, mostrando qual é a área do Petit Lenormand que você precisa dar maior atenção. Será, por assim dizer, sua professora nesse momento de aprendizagem do Esmeralda Lenormand. 


A nova edição do Esmeralda Lenormand conta com algumas novidades: em primeiro lugar, as treze Ciganas, ou melhor, Dona Esmeralda e as 12 Ciganas. São cartas de meditação próprias para o aprofundamento na egrégora Cigana que norteou a criação desse baralho. Embaralhe-as, medite com cada uma delas, organize conforme a sua intuição. 
Eu particularmente encontrei-as como referências a doze tribos e linhagens, regentes cada uma de um segredo de magia cigana. Brevemente conversaremos mais sobre isso. 
A segunda novidade é que agora o baralho conta com dois livretos: o original, escrito por Karla Souza, e um menor, sobre a cartomancia conforme transcrita e desenvolvida no Brasil pelo casal Cesar e Katja Bastos, sob orientação da Rainha Cigana, livreto este escrito por mim,  Emanuel J Santos. Tais livretos visam dar o máximo de suporte para o iniciante e material de pesquisa para o praticante, de forma a crescermos, todos, em habilidade cartomântica também pelo estudo, com o mínimo risco de perder-se na quantidade de informações disponível na internet. 


Dessa forma, você terá como tomar posse três vezes do seu baralho. A primeira, em função da sua intuição e conexão com a egrégora que orienta a criação e manutenção deste baralho. A segunda, ao meditar com Dona Esmeralda e as 12 Ciganas, entendendo em seu coração como elas poderão ajudar você a entender melhor os segredos do caminho Cigano. E a terceira, através dos seus estudos, sabendo que os livretos que acompanham foram escritos com o máximo de clareza, objetividade, competência e respeito por você. 

Eu vou continuar embaralhando aqui. Abraços a todos. 

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quarta-feira, 1 de junho de 2016

Livro: Sibilla Della Zingara - Subsídios para o estudo do oráculo a partir da História da Arte.



Olá pessoal. Acaba de sair meu mais novo livro, sobre Sibilla Della Zingara. Eu venho estudando esse baralho desde 2012, e ano passado me senti à vontade para oferecer um curso no Espaço Merkaba. Nesse tempo, reuni minhas anotações e meus estudos de caso e quando dei por mim, estava com esse livro em mãos. 
Conforme uma conversa com a Jamile, do blog Sibilinas (recomendadíssimo. Melhor fonte em Sibilla Della Zingara no país), esse baralho foi publicado pela primeira vez pela Faustino Solesio, em 1935. Tendo em mente que o artista responsável pelo baralho usou obras de arte como referência, tornando assim esse baralho único, de excelente gosto, fui atrás dessas obras e, embora não tenha encontrado nem metade das fontes originais, percebi que o gosto estético estava muito próximo daquilo que seria acessível para um italiano do século XX. Continuo pesquisando as referências, mas deixo nesse livro minhas primeiras pistas. A ideia aqui é, assim como uma pintura, buscar na própria carta, no seu conceito, na imagem, na inter-relações entre uma e outra, os aspectos interpretativos primários. 
Além dos significados básicos para cada carta, eu busquei falar mais sobre a prática da cartomancia, tanto do estudo quanto do ritual em si. Ao fim do livro, trabalhei um pouco as estruturas perceptíveis entre as cartas. Tudo isso não para fazer um livro "definitivo", "completo", longe disso; aqui está o meu registro de jornada até o momento, e ele só tende a se complexificar a partir de agora - porque, assim que você adquiri-lo, ele vai se mesclar à suas experiências e às minhas, fazendo o círculo crescer. 
Espero que apreciem essa nova obra. Escrevi com muita alegria, e espero que essa alegria faça parte da sua caminhada em sua leitura. 
Importante frisar que essa obra contou com o apoio de várias pessoas. Jamile, conforme disse anteriormente, pelas fontes cedidas. Samantha Callegari, por confiar no trabalho apresentado como ementa do curso. Priscilla Lhacer, Odete Lopes, Nath Hera e Pietra di Chiaro Luna, pelos baralhos presenteados. Kelma Mazziero e Ivana Mihanovich, pelos textos. Todos os meus clientes e alunos que acreditaram no trabalho e referenciaram os estudos.  
Abraços a todos! Para adquirir, clique no botão abaixo.


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terça-feira, 24 de maio de 2016

Um pouco sobre o Ás de Espadas. Ou: a cultura interfere no baralho.


Uma das minhas preocupações no estudo da Cartomancia são suas peculiaridades e idiossincrasias. Embora seja possível, a partir de um conjunto de conceitos específico, utilizar qualquer baralho, existe uma tradição e um mecanismo próprios para cada baralho que abordamos. E são esses... Detalhes, por assim dizer, que fazem toda a diferença na hora da leitura e no uso oracular de um conjunto de cartas.
Não é raro vermos na literatura cartomântica o uso das cartas comuns conforme a estrutura proposta para o Tarô. Podemos remeter esse fato a Papus, que se utilizou da estrutura proposta por Etteilla, dando forma aos seus estudos tarológicos; entretanto, conforme podemos observar, poucos dão crédito atualmente a Papus; a estrutura proposta pela Golden Dawn é a referência básica no estudo do Tarô, o que torna a anterior razoavelmente obsoleta.
É o uso, a memória em ação, que faz um sistema funcionar, não sua antiguidade. O esquecimento também faz parte do processo de evolução de um sistema como o Tarô. Embora possamos conhecer Papus, Wirth, Marteau, dificilmente encontraremos diálogos atuais com suas propostas. Com maior raridade, encontraremos quem use seus sistemas com sucesso. 
Em relação às demais estruturas cartomânticas - e cá falo dos baralhos sibilinos, as cartas de conversação (Petit e Grand Jeu Lenormand; Sibillas italianas e francesas; Kipper), há que se ter um certo cuidado nesse processo de diálogo. Se o próprio Tarô não dialoga com facilidade com sua fortuna crítica, abordar outras estruturas com sua proposta não é terreno seguro de caminhar em pesquisa, que posso dizer em relação à prática? Não é a proposta desse artigo comparar cartomancias, mas é necessário, à guisa de introdução, deixar bem claro que o que vou dizer não é aplicável a todas elas. É um referente cultural que, se possui referência na cartomancia, não posso dizer; mas que afeta, visceralmente, o olhar proposto sobre a mesma.
A Cartomancia constrói-se e mantem-se sob uma estrutura cultural e ideológica que está ligada aos usos, costumes, fazeres e saberes de um determinado povo. Embora os símbolos sejam praticamente os mesmos - especificamente em relação ao baralho comum, o padrão internacional se mostra com os mesmos signos - a interpretação variará em função não só dos sucessos de seus respectivos cartomantes, mas também naquilo que a cultura popular trará como certo, como referente. 
Por isso, observar o Ás de Espadas na cultura popular interfere, e muito, naquilo que proponho como fator interpretativo. Não encontraremos, em todos os baralhos, referências àquilo que é lugar comum na arte e na cultura: o Ás de Espadas é sinal de mau agouro, de morte. 


Estava assistindo o episódio 05 de Cowboy Beebop e o Ás de Espadas foi a carta que mais apareceu, sempre relacionado à morte. Constantine, em Hellblazer, afirma ter cortado o baralho perto demais do Ás de Espadas quando escapa por um triz da morte. Temos baralhos que tem, na impressão do Ás, a caveira - não em seu aspecto pathos de vanitas, mas no sentido de morte.
Isso me levou a refletir sobre de que forma os sentidos se revelam para as cartas. Eles não são preexistentes; mesmo nos baralhos recentes, criados com fins notadamente adivinhatórios, sua base é o uso, o costume, a tradição por assim dizer. Você não encontrará a morte em Copas; isso é certo. O coração, seu signo tradicional, não dialoga diretamente com o sentido de perda, excetuando-se a afetiva. 
Entretanto, Espadas é por excelência o naipe maldito, à despeito dos esforços em qualificá-lo. Sempre tarologicamente, à propósito. Naipe do Ar, naipe da mente, naipe dos esforços intelectuais - uma relação quaternária que propõe que hajam sim aspectos luminosos em suas cartas. Suas cores sombrias - naipe noir por excelência - são substituídas pelo amarelo do elemento correspondente. E, aparentemente, se torna mais prazeroso tirar uma de suas cartas.
Nos baralhos que assim transitam entre a proposta tarológica e a cartomancia com as cartas comuns (e aqui temos um problema conceitual: haveria um termo específico para a cartomancia com as cartas comuns? Seria ela a cartomancia por excelência, pela falta de conceito que a referencie especificamente?), o naipe de Espadas permanece amarelo, mas referente ao inverno. Seco e frio, enquanto estação do ano; úmido e quente, enquanto elemento. Temos um problema dialético. 
Entretanto, na cultura popular, pouco ou nada difere. Espadas não são para brincadeira, e o Ás é síntese e clímax do referencial teórico. Se o naipe em si não é boa coisa, pior se mostra retirar a carta que lhe é de maior valor. Nessa carta, vemos aquilo que é o fim de todos os viventes. Não questiono aqui a existência de uma pós vida, ou a emblemática interpretação de que a morte de algo dá início a algo novo. Essa perspectiva inexiste no que temos de cultural sobre o Ás de Espadas e sobre a morte, seu significado. A releitura desse conceito não pertence a esse olhar específico, o do leigo.
Vejo pois, necessário o olhar sobre o contexto que permeia a carta no fazer cultural. Ainda que haja quem ache desnecessário o olhar historiográfico ou literário sobre o assunto, o domínio desses setores permite o livre trânsito simbólico entre uma e outra possibilidade. Caso contrário, todo baralho é propício ao uso - inclusive baralhos de nomes pomposos, arte medíocre e funcionamento questionável. Não é o baralho, mas a leitura. Tal seria como se abrisse um livro e, ao invés de lê-lo, contasse uma história de minha cabeça: para quê a ferramenta, se não mise-en-scène?
Esse é um primeiro momento, um incômodo de leitor. Uma pesquisa se descortina a respeito - em algum momento, mais sobre o Ás de Espadas. Por ora, só a observação que os conceitos pertinentes à carta são singulares em cada baralho que se utiliza dos naipes (Raiz dos Poderes do Ar, na leitura da Golden Dawn aplicada ao Tarô; a Veemência, no Tarô Egípcio da Editora Kier; A Carta Testemunha 29, a Mulher, no Petit Lenormand; Desgosto, nos Sibillas italianos; Rendez-vous, no Petit Cartomancien; Retard, no Sibilla Indovina, entre outros) não se aplica, sobremaneira, à forma como o Ás de Espadas é visto normalmente: um mau agouro, ou uma forte aposta.
Sigo observando.

Abraços a todos.

sexta-feira, 13 de maio de 2016

Cartomancia: entendendo a prosperidade no Petit Lenormand


Olá pessoal. Dia 11 de junho estaremos juntos em mais um Cartomancia. Depois de trabalharmos as questões referentes ao amor e relacionamentos, desenvolveremos, esse ano, as questões relativas à prosperidade e finanças. 
Depois do amor, as questões financeiras são a preocupação mais premente dos consulentes. Não poderia ser diferente: estão ligadas, diretamente, à noção de segurança pessoal. Nosso objetivo, como praticantes, é oferecer aos consulentes as melhores estratégias para que eles encontrem seus caminhos.
Uma das principais diferenças entre questões amorosas e questões relativas à prosperidade e às finanças é que, enquanto as primeiras dependem do outro, as demais dependem unica e exclusivamente do consulente. Podem estar ligadas ao outro, seja esse chefe, patrão, empresa, sócio; mas não dizem respeito a eles.
Na busca pela prosperidade, estamos sozinhos, e é essencial ter esse fato em mente. Esse é um dos pontos em que as escolhas pessoais são mais importantes que as questões de grupo e as ligações com os outros. 
Nesse sentido, é importante que, ao formularmos perguntas relativas a esses temas, busquemos trazer o sentido e a resposta para a realidade do consulente, de forma a esse ser protagonista da história. 
Traga o consulente para o centro da leitura. Ainda que ele aponte fatores externos e terceiros como fundamentais, não perca o foco do consulente como indivíduo. Isso fará toda a diferença no aconselhamento e trará mais segurança na interpretação.
Você é o consulente? Coloque-se na posição central. Verifique suas possibilidades, a temporalidade e as atitudes possíveis no contexto. 
O restante virá por ornamento. 


Quer mais dicas a respeito da leitura, interpretação e aproveitamento de uma consulta voltada para a prosperidade? Encontre-se comigo e com Patrícia Farias dia 11 de junho, às 14h, para um batepapo sobre como encontrar e se encontrar com a prosperidade no Petit Lenormand - esse que é meu querido, meu companheiro de jornada desde 2002. 
Até lá!

sexta-feira, 15 de abril de 2016

Novidades no Lenormand no Brasil.

Olá pessoal. Eu fico muito feliz quando vejo iniciativas de sucesso ligadas ao Lenormand no Brasil. É uma área em expansão, com questionamentos antigos encontrando novas respostas e com possibilidades novas arejando o cenário da tradição. Hoje, em especial, gostaria de falar sobre três iniciativas inspiradoras, que por sua qualidade e pela proposta me levam a crer que ainda temos muito a fazer, pelo muito que tais pessoas fazem.
Juntos somos mais fortes e o reconhecimento desses trabalhos são passos importantes tanto como incentivo para que os proponentes continuem seu excelente trabalho, como referenciem novos trabalhos, diálogos e entendimentos com os demais. 

KARLA SOUZA E A TRILOGIA "DIÁRIO LENORMAND"


Na verdade, ainda é cedo para dizer que é uma trilogia - eu mesmo espero mais livros da Karla! Professora reconhecida no meio virtual, Karla Souza divulga o método da distância e tem maestria no assunto. Karla é autora do Esmeralda Lenormand, um dos maiores sucessos em andamento no Brasil: um baralho calcado no tradicional, mas com um design audacioso e rico em simbolismo, sendo atraente não só para quem está escolhendo seu primeiro baralho, como para quem já tem sua coleção. E suas criações não param!
Seus livros são lúdicos, divertidos, graciosos como só uma expert no design seria capaz de fazer, não pecando em nada no conteúdo. 
No primeiro livro, Karla trabalha com os pares e trios de cartas - como associar as cartas para leitura, não só adivinhatória como reflexiva. A ideia é o exercício diário, o entendimento no cotidiano do uso das cartas, suas atribuições e suas perspectivas.
No segundo livro a interface se complexifica até a leitura dos blocos de nove cartas. Existem cartomantes que, inclusive, desenvolvem trabalhos efetivos apenas com o bloco de nove cartas; entretanto, a proposta aqui é justamente o preparo necessário para a leitura da Mesa Real no livro III.
O terceiro livro lida com a Mesa Real 4x8+4 - o método que normalmente é encontrado nos livretinhos que acompanham baralhos, mas que nem de longe chegam ao grau de acuro e competência com o qual a Karla aborda o tema. Nós trabalhamos mesas diferentes - eu utilizo a 9x4 - mas o diálogo entre os conteúdos é evidente. Na verdade, eu e a Karla nos divertimos muito em nossas trocas de conteúdo!
Além do livro, o kit acompanha um tabuleiro de treino para auxiliar no processo de aprendizagem. Notadamente com o mesmo bom gosto das edições I e II.
Para adquirir, entre em contato com a autora no site Sensoriall. Para seguir seu blog, clique nesse link.

A literatura sobre Petit Lenormand está se expandindo. É muito bacana ver os estudos de caso pessoais tornarem-se fontes de consulta, de respaldo e de questionamento entre as diferentes práticas defendidas e vividas pelos cartomantes brasileiros. E mais bacana ainda é ver uma referência como a Karla tornando acessível seu conteúdo dessa forma. 
Estamos crescendo. 

ALEXSANDER LEPLETIER E O CANAL LENORMANDO



Alexsander é um dos mais renomados cartomantes do Brasil. Desenvolve seu trabalho com Lenormand há anos, aprofundando-se nos sentidos, meios e caminhos que o simbolismo individual das cartas permite correlacionar não só com o cotidiano, mas com as demais cartas, gerando um caldeirão rico de referências que passam desde a tradição até o que há de mais vanguardista nas artes. Bater um papo com o Alex é garantia de referenciações e um circo de pulgas atrás da orelha - é impossível conversar sobre Lenormand com ele e não ficar pensando por horas sobre o que ele diz. 
Estivemos recentemente juntos no Encontro da Nova Consciência, em Campina Grande, no qual, junto com Giancarlo Kind Schmid, Tânia Durão e Frank Menezes, conversamos sobre as cartas e os relacionamentos. Estaremos novamente juntos em junho, no evento Cartas Ciganas. E seguimos conversando sobre o tema que amamos.
Siga o canal nesse link.

Os vídeos são um caminho para quem se sente mais à vontade falando que escrevendo. É possível falar sobre a carta do dia, sobre aspectos interpretativos das cartas, dialogar de forma mais dinâmica com os seguidores. Temos uma série de trabalhos nesse sentido, vale a pena dar uma pesquisada. Particularmente, o canal do Alexsander é uma interface que já vem com todo o conteúdo que ele partilha há anos em seus cursos. Recomendo.

TÂNIA DURÃO E O ENCONTRO SOBRE AS CARTAS CIGANAS


Já em sua quinta edição, o evento reúne grandes nomes da cartomancia brasileira do Brasil e do exterior. Eu tenho a honra de participar desde a segunda edição, e aprendo muito com todos assim como ofereço o que sei. É notável no evento o clima de companheirismo, partilha, envolvimento e seriedade.


Tânia Durão é terapeuta e cartomante, autora dos livros As Cartas Ciganas: Uma visão holística e Luz do Sol: Colorindo as Cartas Ciganas e do baralho Luz do Sol. Seu trabalho é sistemático, com a doçura e a firmeza em quantidades que só quem sabe o que está fazendo é capaz de oferecer com maestria. 
Ainda dá tempo de adquirir seu ingresso! A Mesa Redonda será dia 25 de junho, no Rio de Janeiro. Para adquirir seu ingresso, clique aqui, e aproveite e siga o blog aqui.

Eventos de Cartomancia com Petit Lenormand, voltados para pensarmos a teoria e a prática, ainda são raros. Reúna seus amigos, bata um papo, registre! Vamos ampliar nossa vivência pessoal, tête-a-tête com as pessoas e o oráculo!

MINHA PARTE NA HISTÓRIA


Dia 30 de abril eu estarei no Espaço Merkaba oferecendo o curso de Mesa Real (9x4). 
Neste módulo será apresentado o método de leitura completo, que aborda todos as áreas da vida do consulente. Cada aluno terá meu acompanhamento para a leitura de sua própria mesa real (pessoal).
Com o uso da Mesa Real, é possível realizar uma consulta completa, sem a necessidade de utilizar outros métodos, já que este é bem amplo.

Importante ressaltar que cada módulo é independente, portanto o aluno não tem obrigatoriedade de realizar os três módulos, exceto se desejar a formação profissionalizante.
- Valor de cada módulo: R$ 305,00 em 2x sem juros
- Valor do pacote profissionalizante (3 módulos): R$ 750,00 em 3x sem juros
- Valor especial para alunos que já realizaram este curso e desejam reciclar seus conhecimentos: R$ 250,00 cada módulo.
INFORMAÇÕES E MATRICULAS:
(11) 3567.7538 | 9.7205.5181 (WhatsApp)

cursos@espacomerkaba.com.br


E, dia 11 de junho, estarei com um time de feras no evento Cartomancia, em São Paulo. Em parceria com Patrícia Farias, falaremos sobre as relações entre Petit Lenormand e a prosperidade. A apresentação visa identificar e qualificar as cartas que melhor diagnosticam e oferecem caminhos para o bem estar financeiro do consulente no Petit Lenormand. Tendo por base a experiência de anos de atendimentos presenciais e online, ofereceremos meandros de entendimento das cartas para aconselhamento e previsão ligadas às finanças, investimentos, prosperidade e bem estar financeiro, tanto em seu caráter panorâmico, oriundo da Mesa Real, quanto do seu caráter específico, na formulação de perguntas.


Aproveite para adquirir seu convite! Contato aqui.

E você? Conhece algum trabalho bacana, ou desenvolve um trabalho bacana? Comente aqui para que eu possa referenciar nesse artigo!

Abraços a todos.

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Dos encontros: uma sincronia de textos.


Tendemos a encontrar amigos e companheiros de jornada entre aqueles que tem algo em comum conosco. Questão de conforto, inclusive: podemos trocar ideias, muito mais que oferecer ideias. E, estar no meio dos nossos dispensa comentários, as experiências se mesclam, os sucessos de um podem ser usados para superar as dificuldades dos outros, os problemas de um podem servir como exemplo do que fazer, ou não fazer, diante das mesmas circunstâncias.
Tendemos a admirar aqueles que possuem uma caminhada mais longa e ampla que a nossa em algo que conhecemos. E a admiração, aqui, não tem sentido positivo, unicamente; até mesmo a inveja é um tipo de admiração, de observação criteriosa, de espanto, de estranhamento. Eu posso não saber como nem por quê a grama do vizinho é mais verde; entretanto, eu sei que é verde e eu queria que a minha fosse assim - eu preciso descobrir o que ele faz para chegar nesse verde tão lindo!
Em contrapartida, olhamos com certa desconfiança aquilo que está à margem de nossa habilidade. Quem nunca falou mal de mecânico, de advogado, de médico - "confiar nesses profissionais? Não... Vou procurar uma segunda opinião" - que atire a primeira pedra. Tendemos a desconfiar do que não conhecemos, sobretudo quando vem de aparentes connoisseurs
Da mesma forma, há uma certa sensação de abuso quando alguém de outra área pede-nos um conselho. "O que significa a carta tal?" e você já pensa "quer apostar quanto que isso foi leitura de site ou de .gif de Facebook?"
E, consciente dessas possibilidades, eu tendo a evitá-las, tanto quando posso. Eu busco o diálogo com outras áreas para melhorar como cartomante, e tento tanto quanto possível responder as questões que me chegam. 
Mesmo que a resposta seja "agende sua consulta".


Hoje um estudante de direito, meu conhecido, veio me perguntar o que significava o Arcano XIX - O Sol. A primeira resposta que veio à minha cabeça, que foi inclusive a primeira resposta que dei, foi "depende". Essa resposta, que não tem nada de efetiva, nem mesmo a ver com o Arcano em si, mas com a minha prática em geral, me levou a escrever esse texto. O que me levou a responder... sem responder?
Em primeiro lugar, o critério e a responsabilidade com a informação. Como todos os Arcanos Maiores, ainda que a primeira impressão de uma carta possa levar-nos a considerá-la positiva ou negativa per se, com o tempo e prática vemos que uma carta tida como positiva, como o Sol, pode gerar circunstâncias extremamente desagradáveis de acordo com a configuração geral do jogo. O Sol pode clarear coisas cuja natureza pede o ocultamento. Sua luz não respeita os contornos próprios das exceções: se há espaço para a luz, se não há nada que a bloqueie, ela irá tomar o lugar (e a situação) com toda a sua intensidade.
Em segundo lugar, a falta de conhecimento da pergunta. O oráculo responde imagética e conceitualmente a uma pergunta. Sem o entendimento da pergunta, a resposta é, no mínimo, capenga. Nem sempre uma resposta positiva é bem vinda. Imagine se a pergunta for "serei demitido?" ou "o nosso relacionamento chegou ao fim?" e você responde, despretensiosamente, sim?  
Em terceiro lugar, a mão do cartomante é sempre soberana. Sem saber quem manipulou as cartas (ou se foi através do logaritmo de um site), uma resposta é sempre uma opinião, pois não é parte do processual da consulta em si, do momentum. Se eu leio, não há cartomante que me desabone da minha responsabilidade na leitura. Se outro cartomante lê, a responsabilidade pelo dito (ou não dito) é dele. 
Embora ele tenha sido claro em relação a ter jogado Tarô, poderia adicionar mais um limite: o baralho utilizado. O Sol do Tarô, do Petit Lenormand ou do Gypsy Witch, por exemplo, dialogam sobre um mesmo conceito de formas muito diferentes. Interpretações advindas de intertextos são para um nível mais avançado de leitura - normalmente desnecessário num caso como esse. 

E aí... "Depende".

Pedi a ele que esclarecesse os pontos da leitura. Um amigo havia jogado para ele, pergunta específica, e tirou três cartas: Torre, Mago, Sol. (Sol super bem vindo nesse contexto, não?) Interpretei superficialmente - não tinha autoridade nesse contexto para oferecer mais que uma opinião. E pelo feedback que obtive, eu estava correto em minhas impressões.
E isso me deixou pensando sobre como é o profissionalismo na cartomancia. Só podemos ser responsáveis por aquilo que é visto, dito e trabalhado no momento da consulta, no momentum de autorização do consulente e de autoridade do cartomante. Todo o restante é opinião, visão, possibilidade. Um cartomante interpretar o jogo de outrem a posteriori é como comparar, em Astrologia, a leitura de um mapa à feitura de horóscopo de jornal. Um mapa pede critério, leitura não só do céu mas dos contextos que envolvem o cliente, planejamento, estratégia - tudo o que é necessário para uma boa previsão. A feitura do horóscopo pede o entendimento dos padrões repetitivos do trânsito dos planetas, com os agravantes e atenuantes próprios de sua intensidade na alegoria dos eventos humanos. É o registro de possibilidades, não um mapa de jornada. 
Da mesma forma, o atendimento cartomântico é o espaço de criação de estratégias para o bom andamento das circunstâncias visando o bem estar do consulente. Uma leitura carta a carta, fora desse contexto, pode tanto ser um estudo como um levantamento de possibilidades, mas não tem o peso da leitura. 
Saber diferenciar um e outro, claro, pede tempo e prática - e respeito ao processo de acertos e erros que compõe a posse de um baralho. Nosso cliente é nosso juiz, mas nosso advogado é o próprio baralho. 

Bons professores, bons amigos, bons livros, boas vivências reduzem essa curva de aprendizagem e ampliam nossa capacidade de enxergar o mundo que nos cerca metaforizado nas cartas do baralho. Eu sinto muito orgulho das pessoas que aprenderam Petit Lenormand comigo - todas trazem uma bagagem para compartilhar, e todas levam de mim o que de mais bonito construí até agora.
E, em relação ao Tarô, não posso deixar de indicar dois trabalhos fantásticos que integram uma parceria e tanto: Kelma Mazziero, do Cartas na Mesa, acaba de postar sobre o Tarologar; e Ivana Mihanovich, do (El) Tarot Luminar, mantém a série Back To Basics, que já está em seu número V.
 
Dois textos que saíram hoje e que, sincronicamente, estão na mesma pegada do que conversamos aqui, por duas pessoas que possuem meu respeito e admiração.
Sigamos, trabalhemos e entendamos que a cartomancia se faz de vida, a mesma matéria da poesia. 

Abraços a todos.

domingo, 10 de abril de 2016

As Três Senhoras do Baralho.


George Owen Wynne Apperley (British, 1884-1960) The afternoon of the Corrida, Granada


MEA CULPA: esse texto já está escrito dentro de mim faz tempo. Perdão por só colocá-lo agora para fora.

É notável como o mercado cartomântico tem se ampliado e qualificado. Temos um acesso muito maior a baralhos importados (e quem começou na cartomancia há pouco mais de dez anos sabe o quão difícil era conseguir um baralho assim; contava-se com a sorte de chegar pelo correio ou pela sorte maior ainda de um amigo ir para fora do país). A criação nacional também tem sido profícua. Claro está que, na mesma medida em que o cenário se expande, a qualidade não acompanha sempre. Temos baralhos muito bons e baralhos nem tanto.
Mas temos baralhos e é isso que importa.

Paralelamente, os cartomantes tornaram-se mais exigentes. Vê-se um esforço em entender a cartomancia de forma extensiva, testando baralhos em função das necessidades de trabalho. O tempo de um baralho só para a vida toda, por falta de opção, acabou. Atualmente, você pode escolher ter um baralho só, vários, e o melhor: você pode escolher mudar de ideia e partir de um campo a outro.
Além disso, a própria experiência dos cartomantes, não só com nossa arte, mas com experiências artísticas, religiosas e alegóricas permitiu a criação de baralhos específicos, experimentos calcados na experiência de muito tempo com os baralhos tradicionais. Eu gostaria de citar, não sem certo orgulho, três senhoras que, em nome de três senhoras, desenvolveram três baralhos que, mais que adivinhatórios, são devocionais. 
A elas meu brinde, minha celebração e meu carinho.
A todas elas.

KATJA BASTOS E O TAROT CIGANO


Já falamos sobre o Tarot Cigano nessa postagem, mas não posso deixar de homenageá-la aqui. A Rainha Cigana, que trabalha com Katja Bastos há décadas, auxiliou-a na encomenda dessas 36 imagens ao artista espanhol Julio Spinoso. O baralho é inovador por incluir em suas imagens a proposta da correlação com os Orixás. Entretanto, ele não possui correlação com os naipes e alguns de seus significados são inversamente proporcionais àqueles tidos como tradicionais.
E lindo. Desnecessário dizer o quanto esse baralho é lindo.
É notável a diferença na interpretação que esse baralho proporciona. Recomendo seu uso para quem queira mergulhar de fato na forma como a Cartomancia com Petit Lenormand se desenvolveu no Brasil - todas as imagens são coesas com a proposta, o que facilita e muito o processo intelectual, psíquico e espiritual de conexão com a egrégora cigana e com a forma de leitura.
O baralho pode ser adquirido aqui.  

ELIANE ARTHMAN E O BARALHO DA MARIA PADILHA


Quando estive na Mystic Fair, no Rio de Janeiro, Prem Mangla me viu de longe e disse: "Cigano! Olha o que eu trouxe para você!" enquanto balançava em sua mão esse baralho. Confesso que num primeiro momento pensei de que maneira poderia usar adequadamente tal cartomancia; entretanto, assim que o embaralhei, senti o quanto esse baralho é poderoso, no sentido de ter sido feito dentro de um espírito de ritual e de plena confiança entre a autora e sua guia. Se a egrégora do baralho te dá a confiança que você precisa para ter a firmeza da mão, o que poderia dar errado?
O baralho está em sua terceira edição, atestando seu sucesso. Impresso em vermelho, branco e dourado sobre fundo preto, minimalista e direto em suas leituras. Não é um oráculo difícil de ser aprendido, mas, embora também possua 36 cartas, e as técnicas utilizadas para a leitura de um Petit Lenormand também possam ser utilizadas com ele, não deve ser confundido com um Lenormand. É uma proposta diferente, com resultados diferentes e não menos eficazes. 
O baralho pode ser adquirido aqui.

SONIA BOECHAT SALEMA E O BARALHO DE MARIA MULAMBO


O tempo passa e o mundo gira... e o relógio de Maria Mulambo não tem ponteiro!

Conheci Sonia pessoalmente em minha primeira visita à Tsara. Foi plena identificação; uma amizade de anos que tem ares de décadas. Desde então nos encontramos sempre que é possível, e quaisquer cinco minutos são como se valessem por horas. 
E valem.
Acompanhei de longe o desenvolvimento do Baralho de Maria Mulambo. Passo a passo, com calma e de acordo com as orientações que recebia, Sonia ia cumprindo o que Dona Maria queria, numa parceria amorosa, sem cobranças e sem indolências. Era o ritmo certo, no processo correto. E quando, enfim, o baralho veio à luz, não poderia ser diferente: 36 cartas coloridas e de simbolismo riquíssimo. Da mesma forma que o baralho de Dona Maria Padilha, este não é um Lenormand, mas todas as técnicas de leitura do Petit Lenormand podem ser utilizadas com ele.
O baralho pode ser adquirido aqui.

Eu saúdo as Três Senhoras que se mostram tão bem assessoradas pelas três senhoras que, para minha alegria e contentamento, tenho tão caras ao meu coração. 
Minha gratidão ao trabalho que as Senhoras vem fazendo onde os mundos se cruzam e as esquinas são mistérios. 
E você, que se interessar por quaisquer desses trabalhos, saiba: são baralhos produzidos com devoção e alinhados com o que há de mais puro do mundo devocional. Ou seja: embaralhar um desses baralhos, já é, por si só, uma oração.

Eu escrevi ouvindo isso aqui

sábado, 2 de abril de 2016

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Mentiras fáceis.


Roberto FERRI. LIBERACI DAL MALE. 2013.
"Costumavam chamar o Diabo de pai das mentiras.Mas, para alguém cujo pecado significa orgulho, mentir deixaria algo como um sabor amargo.Fácil demais. Baixo demais. Coisa para covardes.Então, a minha teoria é a de que, quando o Diabo quer algo de você, ele não mente, de forma alguma.Ele te diz a verdade exata e literal.E ele deixa você encontrar, sozinho, o caminho para o inferno."

- "Crianças e Monstros", arco de Lucifer, #10, DC Comics, selo Vertigo. 
Algo muito apropriado para ser lido no dia de hoje.

domingo, 27 de março de 2016

XVIII. A lenda da vitória-régia.


Um dia, quando o mundo ainda engatinhava e o sol bocejava, a Lua foi homem. 
Depois ela foi mulher.
Depois ela aprendeu a ser o que bem entendesse.

Nós, que aqui estamos, com um mundo fazendo dieta e um sol fazendo crossfit (tudo pela aparência perfeita), não lembramos do luminar conforme sua história; passamos a criar histórias que preenchessem nosso vazio da presença dele. Como qualquer celebridade, ele não é muito afeito a esses assédios de paparazzi.


Então chegamos a ele de esguelha, fingindo pouco interesse, para que ele não nos perceba. Os que vieram antes, com seus olhos compassivos, lembram e contam histórias do tempo em que o mundo e o sol só queriam brincar. Naquela época, o luminar que hoje conhecemos como lua... Era homem. E gostava de moças bonitas.


Enquanto caminhava pelo seu campo negro, o luminar olhava o mundo e via o brilho dos olhos das moças, e sua beleza se refletia nelas. Não havia quem pudesse negar o seu abraço, e ao amanhecer, ele se recolhia com elas. 
Não todas; só as mais bonitas.


Havia uma moça muito bonita. Naiá era seu nome. Mas aquele que é a lua que hoje é  o que bem entender mas já foi mulher e um dia foi homem, parecia não se importar com ela. 
Naiá sonhava durante o dia e seguia insone, todas as noites, esperando que seus olhos trouxessem seu amado para seus braços. Mas ele parecia não ver seus olhos suplicantes.

Os mais velhos, que ninaram o sol quando este era um bebê e cercavam o mundo dos perigos para que ele crescesse forte, avisaram Naiá: aquelas que o luar levava, não voltavam mais. Tomadas pelo brilho do luminar, tornavam-se com ele unas no céu, na forma de estrelas. Algumas tropeçavam e caíam, e nessa hora se fazia um pedido: a cadente era salva e o pedido, atendido.

Naiá não se importava. Não comia, não bebia, mal dormia; e se ele, no seu descuido, estivesse olhando justo naquele instante e ela, distraída, não o visse?


Uma noite, Naiá caminhava, mudando o ponto para ver se o luar a via. O problema devia ser a aldeia: todas as moças eram bonitas e nenhuma havia sido levada até então. Naiá pôs-se a caminhar... Seus pensamentos divagaram... Dizem os mais velhos, que deram de mamar os sonhos que tornaram o sol forte e derramaram libações para que a terra se nutrisse, que quando a mente divaga os pés descaminham. Descaminhando, não se sabe aonde se chega, só se sabe que se chegará aonde se precisa chegar. Assim, os pés de Naiá a descaminharam até um lago, onde... Lá estava ele, se banhando! 
Sua pele prateada tirou seu fôlego. Seus contornos másculos a inebriaram e ela suspirou de prazer. Finalmente conseguiria se unir de corpo e alma, amante e amado, dois em um. 


E então, ela se jogou no lago. 
O impacto do corpo despedaçou o sonho em diversos fragmentos de luz; ele não estava lá! Onde ele estivera - ou não estivera, a água em seus ouvidos dificultava seus pensamentos - ondas se formavam e empurravam seu corpo para frente e para trás, e ela já não via mais a borda. 
E depois, ela já não via mais a superfície.
E depois, ela já não via mais nada.

O luar, que naquele instante mirava sua beleza em seu espelho d'água, ficou consternado por não ter visto aquela moça, tão bonita, tão apaixonada. O mundo estava crescendo a olhos vistos e ele já não corria seus dedos luminosos com a mesma facilidade pelo seu dorso macio. Quis trazer Naiá consigo, mas já era tarde: o lago já requerera seu quinhão. A beleza de Naiá lhe pertencia, pois ela de livre vontade abraçara-se a ele, ainda que não fosse seu o abraço desejado.

O luar, entretanto, era mais velho, pois ele ainda era homem e nós, que aqui estamos, não lembramos de quando ele foi homem, depois mulher, depois o que quisesse. E, eu não sei dizer o porque e nem quando foi decidido que assim seria, só sei que é assim: os mais velhos dizem o que os mais novos devem fazer, e os mais novos aprendem com a experiência dos mais velhos para viverem melhor. E o luar exigiu sua parte: o corpo era do lago, mas a alma de Naiá era sua. 


E assim, entre os mundos do lago e da lua, do laço entre imagem e espelho, surgiu uma planta, cuja forma está firmemente ancorada no lago, mas cuja força está na delicadeza de suas pétalas buscando o abraço do luar.  E se você for cuidadoso, e olhar de esguelha quando o luar estiver se mirando no lago, poderá ver os olhos de Naiá faiscando. E com ela aprendemos que, ao querer a Lua, é melhor evitar o lago.



Esse texto veio meio por acaso. Estamos tão acostumados a associar certas cartas com gêneros que esquecemos que os gêneros nos pertencem, não ao baralho. Um Imperador pode representar uma mulher, pois ele não é o personagem que aparenta: ele é o adjetivo que a localiza naquele instante. 
Afirmarmos que o gênero é reforçado pelas imagens de um baralho é um equívoco que acontece às vezes... Então, como exercício, eu mesclei imagens do Tarô a imagens da lenda da Vitória Régia,para vermos como uma imagem é associativa e não reforçadora. O reforço está na nossa fortuna (ou pobreza) crítica.
Se aprendermos direitinho com Naiá, saberemos que devemos olhar o Luar, não o Lago - e essa é a lição do arcano XVIII. Ela é mais velha que nós e nós aprendemos com ela, para evitarmos os tropeços do caminho.
Porque aquele que está no céu e que chamamos de lua é o que bem entender, mas um dia já foi mulher... E antes, foi homem.
E gostava de moças bonitas.