domingo, 5 de abril de 2015

Blogagem Coletiva: Responda uma questão a um iniciante.

Olá pessoal. Topei o desafio do FerramentasBlog de responder as dúvidas de um iniciante. Bem, o desafio, nesse caso, foi encontrar uma dúvida que eu não tivesse aqui no blog ao menos um começo de resposta.
Para resolver essa questão, durante dois dias, deixei no meu perfil pessoal no Facebook e na página do Conversas Cartomânticas uma questão: 
Se você pudesse fazer uma pergunta sobre o trabalho de um cartomante, qual pergunta seria?
[sim, vale qualquer pergunta.]
Curioso que o pessoal da página não comentou. Gente, vamos participar mais :) Então, transcrevo aqui a conversa que tive com os queridos que decidiram responder. 
Por uma questão de respeito, mantive apenas o primeiro nome.

Marcia O que te dá mais prazer no seu trabalho?
 Hmmm... Excelente pergunta, Marcia. Claro que é prazeroso acertar as previsões ou então orientar sobre o melhor caminho que o consulente pode trilhar dentre as opções que tem. Mas para mim, particularmente, o maior prazer é o grau de acerto que as cartas me oferecem sem que eu saiba nada da vida do cliente que me procura. São as cartas, e não uma leitura pessoal minha. Eu só interpreto, e com isso alcanço o objetivo - o cliente ser devidamente orientado.

Lembrando que além de interpretar você faz todo um trabalho de apoio psicológico, que eu acho fundamental.
As previsões podem ser duras, mas nós somos de carne. Eu considero precioso lembrar disso quando vejo algo difícil. Saber dizer, saber como dizer, saber o que dizer: isso diferencia o trabalho bom e sério dos demais. O que o baralho apresenta pode ser interpretado por qualquer entendedor do assunto, mas COMO interpretar é que dá o nível de profissionalismo necessário para algo tão delicado quanto auxiliar em decisões humanas. 

Ivana  Eu perguntaria: Por que você acha importante esse trabalho?
Ivana, é importante, e eu iria além, é fundamental o estudo da Cartomancia - e das demais mancias - porque estão ligadas a aspectos de nossa psique que ainda não estão devidamente explicados. Não temos ainda uma fórmula pronta de COMO funciona a divinação de fato, sabemos que funciona pelo número de acertos recorrentes. Mas não sabemos os mecanismos. 
Dessa forma, acho necessário que esse trabalho se mantenha pelo efeito psicológico - a liberdade que o cliente possui de não dizer nada e ainda assim obter conforto - pelo efeito social - a figura, a imagem do cartomante muda, o efeito da consulta não - e pela necessidade científica de entendimento do processo psíquico que desencadeia a previsão com o grau de acuro que podemos obter.

E claro, acho importante, num nível eminentemente pessoal, porque tudo aquilo que a gente ama é importante.

Felipe De oraculista pra oraculista: como você lida com as mensagens desconexas individuais que cada carta traz enquanto precisa unir todas elas e interpretar o sentido do conjunto?
Felipe, eu consigo dividir sua questão em dois pontos. O primeiro diz respeito a quando não sabemos a motivação do consulente. O segundo, quando respondemos uma questão específica.
No primeiro caso, eu sigo a leitura. As informações vão se encaixando enquanto o jogo corre. Ao final, sempre faço uma recapitulação de tudo que conversamos, o que permite que eu apare as arestas interpretativas, fechando o jogo com certa homogeneidade. No segundo caso, quando a questão é específica, eu utilizo os significados de cada carta para entender aonde é que está a pergunta correta. Por vezes, as pessoas escondem informações importantes para que a interpretação acerte o alvo. E essas informações não oferecidas aparecem nas cartas que não fazem sentido. 

Um terceiro caso, e acho que foi isso que você perguntou na verdade, é quando temos cartas de contexto diferente em um mesmo padrão de leitura, e juntas não fazem sentido (se eu entendi bem). Nesse caso, eu tiro mais cartas, sem problema. A resposta só está pronta quando todas as cartas fazem sentido para o leitor. É como ler uma página de livro, somente; ao chegar ao final, se não tivermos um ponto final que encerre o assunto, viramos a página e buscamos mais informações.

Ygor Quanto custa?
Ygor, totalmente variável. Embora a profissão esteja regulamentada no Ministério do Trabalho, ainda somos profissionais liberais e prestadores de serviço. E aí, a questão do preço é como com um mecânico: você tem que ter alguma referência do trabalho do profissional para contratá-lo (tem site? Blog? Tem uma sala de atendimento? Atende em casa?), e avaliar seu preço em função do tempo de experiência (quanto menos tempo de formação, pela lógica, mais barato o jogo), habilidade e feedbacks obtidos (o famoso "boca a boca"). Assim como com um mecânico, terão bons cartomantes formados em escolas (eu mesmo dou aula no Espaço Merkaba, e tenho orgulho dos alunos que formei e formo), terão bons cartomantes formados na escola da Vida (eu sou tarólogo autodidata - li MUITOS livros, treinei MUITO, antes de atender profissionalmente). 
Então, é difícil precisar quanto custa uma boa consulta. Varia da empatia que você encontrar com o profissional, da confiança entre vocês e principalmente da habilidade dele de extrair do processo de leitura as informações mais precisas para sua orientação. 
A primeira leitura, ainda assim, sempre será um teste. Bom cartomante é aquele para quem os clientes voltam.

Raphael Adorei a iniciativa de pergunta-resposta. Percebo que a maioria dos profissionais holísticos conciliam a prática com a qual trabalham com algum outro emprego/carreira. Isso pode ser positivo, pois quanto mais polivalente se for no século XXI, mais sensibilidade para entender facetas da vida humana. Você acha que é possível, no Brasil, viver apenas da prática tearapêutica? Seja Tarot, Lenormand, Astrologia, etc?
Oi Raphael. Essa questão foi levantada no Fórum Nacional de Tarô, e o mais recente webnário da Karla Souza, do Falando Lenormandês, também falou sobre isso. Bacana podermos trazer isso para nossa conversa agora.
Eu pertenço à categoria dos profissionais que se desdobram em mais de uma profissão simultaneamente. Acredito que meu perfil se enquadra nessa possibilidade, mas nada me impediria de me tornar empreendedor na área esotérica daqui a algum tempo.
Perceba a palavra que usei deliberadamente: empreendedor. O que considero um limite a ser transposto nas práticas holísticas e esotéricas aqui no Brasil é a visão errônea de que cartomancia e similares são "serviços espirituais", apenas. É muito mais do que isso.
Vejo a questão como vejo a história recente do Poker: de hobby para gentlemen, virou esporte, virou carreira, virou prática corrente, agremiou novos participantes.
E não deixou de ser hobby.
Portanto, mais e mais pessoas que se dedicarem à cartomancia como profissão permitirão que revejamos nossos conceitos quanto aos limites da prática, sem, no entanto, tirarmos seu status de espiritual. Existem caminhos, mas ainda precisam ser trilhados. Eu não tenho elementos pessoais para lhe dizer se hoje é possível viver apenas da cartomancia, embora conheça profissionais que afirmem ser possível e vivam somente deste trabalho. Mas tenho plena certeza de que essa será uma realidade em uns cinco anos, mais ou menos. A profissão se estabelecerá adequadamente, com a estabilidade que não teve no boom da década de noventa.

Penso que em se tratando de uma profissão autônoma em que as pessoas procuram o profissional a cada seis meses ou a cada ano, fica difícil viver apenas disso, principalmente se mirando em um padrão social médio/alto. Contudo, não duvido que os facilitadores dessa área já constituem uma profissão que está sendo mais valorizada a cada dia. Há, no entanto, o preconceito contra as cartas, versus a valorização da Astrologia como algo mais sério. Talvez por essa ter 14 mil anos, enquanto as cartas vêm do século XVII/ XVIII. Sem falar nos meios sociais. Na zona sul do Rio de Janeiro, as ciências ocultas são mais prestigiadas do que na zona norte do Rio, onde as pessoas preferem ir aos centros de Umbanda/Candomblé, o que gera essa visão de ser um "serviço espiritual".
É por isso, Raphael, que precisamos organizar direito nossa carteira de clientes, para que as consultas sejam mais ou menos "homogêneas" durante o ano. 
Para que todo mundo saia satisfeito.


Adriana Achei estranho algum tempo atrás uma pessoa tirar as cartas para um amigo meu, para ver o que estava acontecendo com ele... ou melhor, bisbilhotando sua vida e de pessoas ligadas à ele. O detalhe é que meu amigo não havia autorizado esta pessoa a fazer isso. Como me ensinaram que as cartas só podem ser tiradas quando a pessoa em questão autoriza isto, te pergunto se é possível um cartomante vasculhar a vida de outra pessoa sem permissão e obter respostas confiáveis. Como você vê isso?
Essa questão é super séria, Adriana. Super. Eu não tenho uma resposta satisfatória a isso, mas tenho uma ética de trabalho que tem me atendido favoravelmente. 
Certa vez, estava eu com meu baralho cigano, velho de guerra e de paz, atendendo uma moça que era amante, ou amásia, não me lembro bem, de um político importante na região. Todas as perguntas dela eram referentes à esposa do seu amado, e claro, sobre ele também. Até aí, tudo bem: enquanto as respostas atingem diretamente o questionador, por mim, tudo bem. Em certo momento, seu foco voltou-se aos pensamentos da mulher. Ao seu desejo de futuro, como ela via o marido etc. Percebe que aí, ao invés de querer ver seu próprio panorama, ela quis explorar a psique da sua rival? Nesse momento eu lhe expliquei isso, ela disse que queria a resposta mesmo assim, eu lhe respondi que seria por sua conta e risco. 
O baralho espalhou-se no chão na primeira embaralhada. Logicamente, encerrei a consulta na hora.
Desde então, só questiono o baralho quando reconheço legitimidade na questão formulada - nem que para isso eu tenha que auxiliar o cliente a formular a pergunta.

Mas essa é minha experiência pessoal. Um estudo de caso, apenas. Não está ainda em nível de ser considerada regra. 
Como falei na resposta para a Ivana, temos que experimentar o oráculo em seu limite. Vermos até onde ele pode ir com acuro. Contudo, graças aos Deuses, temos a ética para nos pautarmos e irmos mais devagar em determinados passos, como por exemplo, nessa exploração. 
Para mim, a regra é: só questiono o baralho a respeito de outra pessoa se isso afetar o consulente diretamente.

Certo Emanuel, concordo com você! A ética é imprescindível. No caso de sua cliente ela possuía uma ligação forte com a pessoa em questão e na verdade ela poderia perguntar sobre ele até certo ponto, o ponto que lhe diz respeito diretamente. Já no caso que mencionei, a garota nem sequer conhece meu amigo pessoalmente e minha dúvida surgiu pelo fato dela ter tirado as cartas para saber mais sobre ele sem a permissão dele. E as cartas realmente lhe responderam corretamente...
Então fiquei um pouco surpresa, porque se for assim, esta pessoa poderia saber sobre a vida de qualquer pessoa...
Achei isso muito estranho.
Bem, Adriana, aqui temos um ponto curioso e espinhento da cartomancia. Perceba que o que a moça fez é o mesmo que muitos profissionais da nossa área fazem no fim do ano em relação a famosos (e sim, já fiz isso também): tentar prever o ano de alguém que não se dispôs a isso, apenas para sanar a curiosidade alheia (e a própria).
Contudo, como ela saberia que estava certa sem que alguém a orientasse nesse sentido? O grande risco de fazer uma coisa dessas - e estamos falando para além da ética agora - é que você não tem nenhum ponto real para se apoiar. A moça estava certa, ok, porque você tinha como referenciar isso. Mas e se não houvesse você nessa hora? 
Eu não coloco limites para a abrangência de uma leitura, absolutamente. Não temos ainda um rigor científico que nos permita dizer "isso, aquilo e aquilo outro as mancias não podem fazer". Só nos resta a ética... e a observação criteriosa de casos como esse.
Poder saber sobre a vida de qualquer pessoa, podemos. Devemos? Fico com esse espinho cravado na unha.


Rodrigo Quando sair com o zap rola uma piscadinha ?
Rodrigo, na verdade não. Mas se a questão é de amor e sai o Dois de Copas, ou de dinheiro e sai o Nove ou Dez de Ouros, sou obrigado a entregar a previsão com um mega sorriso. :)

Nem preciso dizer que essa é uma postagem ABERTA A NOVAS INSERÇÕES. Estou sempre à disposição em caso de dúvidas. 
Abraços a todos.

8 comentários:

  1. Oi, Emanuel. Gostei.
    "Gente, Vamos participar mais."
    Participação, só quando tem promoção. :( :p brincando :)
    Puxa! Não tinha visto antes.
    Sim, tenho várias perguntas, mas segue uma.

    Como você responde e trata uma questão muitíssimo séria? Daquelas perguntas que a resposta das cartas pode fazer com que o cliente "corte os pulsos", ou seja, uma resposta que pode salvar ou acabar com vidas. Exemplo: O cliente quer saber se a paternidade da criança é dele? Ana é filha de Antônio?

    E independente da resposta das cartas, você indica ao cliente mais uma averiguação do fato? Aconselha um teste de DNA?
    Sei que devemos confiar em nossas cartas e em nosso ofício, mas questões delicadas têm que ser bem tratadas.
    Falar de traição e morte, acho delicado. É uma dúvida misturada com receio, que tenho na cartomancia. E são as que fazem mover, existir a cartomancia. "Falar a verdade doa a quem doer."

    Voltando. Desculpe-me pela frase sobre as promoções, onde percebo, nos blogs, que a participação fica maior. Acho que ler texto, comentar ganha-se mais.
    Eu curto muito lê blogs, participar e destacar algo que gosto. Importante dar valor ao que o outro parou, pensou, rascunhou e transformou em um texto de conteúdo.
    Eu, iniciante, poucos anos (2 anos) nesta estrada cartomântica, aqui neste seu espaço só tenho que agradecer. Dois livros, aprendizados e trocas.
    Pego um dicionário e começo a ler seu blog. Depois te explico esta do dicionário :D
    Obrigada, Emanuel!
    Um abraço.

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    1. Oi Renata, tudo bem?
      Pois é. Ainda bem que logo logo teremos promoção! o///
      Na verdade, se é a questão que motiva o cliente a me procurar, eu realmente prefiro não saber. Se a resposta for dada pelas cartas, não terá a minha influência, meus limites, ligados à ela.
      Agora, se o consulente decide perguntar diretamente, eu reflito se devo ou não questionar o baralho. Certa vez, um cliente me perguntou quando ele iria morrer. Nem abri as cartas; perguntei de volta "para quê você quer saber?"
      Ele mesmo se tocou da inutilidade da pergunta.
      Eu percebo, nesses anos de prática, que a própria jogada exime as perguntas. Ou seja, o que temos que saber já sai no panorama geral, só precisamos especificar detalhes nas perguntas.

      Agora explica a do dicionário :D

      Beijo!

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    2. Oi, Emanuel. Agora, sim.
      Ótimo sua forma de agir com esses tipos de perguntas, também. Agradeço por ter respondido.
      :D A do dicionário. Já que quer saber... Por favor, entenda. Sem críticas.
      Admiro sua escrita, mas quando comecei a ler, o blog, achava algumas palavras refinadas. Um dia li uma palavra que não conhecia, mas deduzi. :D Fui ao dicionário. :D Culpa minha por não ter um vocabulário extenso e precioso. É um aprendizado. E o ensino, obtemos com muitas leituras dos textos dos bons Autores. ;)
      Mas vou ter mais “acuro” com as palavras. Lerei mais.
      “Acuro”, foi está uma das palavras. :D
      E agora já conheço. Já ouço sua risada. :D Não vale.

      Fique bem. Um abraço.

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    3. Oi Renata!
      Pois é, eu não sou imune ao meu baralho, mas meu baralho também não é imune às minhas impressões. Preciso reduzir minha interferência ao máximo possível, sabendo que não dá pra ser cem por cento.
      Não! Não entendi como uma crítica ruim. Eu realmente preciso rever meu linguajar às vezes, mas é que, como você sabe, eu sou assim. Só que ao vivo dá para passar sinônimos na hora...
      Vou melhorar nesse ponto. Pode deixar.

      Fique bem também. Beijo!

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  2. Olá,  Emanuel!

    Estudo o Tarot há cerca de 9 anos, mas apenas a partir do ano passado comecei a realizar consultas regular e profissionalmente. Comecei a pesquisar na Internet blogs e sites relacionados à prática profissional do Tarot e encontrei o seu blog, que apresenta algumas orientações sobre as dúvidas mais frequentes.

    Estou com uma dúvida que tem relação com o acompanhamento pós-consulta, e gostaria de saber se você pode me ajudar compartilhando da sua experiência.
    Como costumo fazer um jogo para o semestre,  comecei fazendo a consulta e depois enviando uma apresentação com as lâminas e o resumo do que saiu, para cada consulente. De início,  me pareceu legal para esse tipo de jogo, já que é muita informação para 6 meses. Mas depois me vieram alguns questionamentos: é cansativo e intenso "voltar mentalmente" para o jogo e resumir tudo, principalmente porque há questões muito pessoais do consulente que ficam mais claras para mim quando estou no momento do jogo - a sensação que eu tenho é de um esforço intenso para retornar mentalmente ao momento do jogo e "rever" essas questões. Além de ser exaustivo, me peguei pensando se é ético eu resgatar essas informações quando quiser,  seja mentalmente seja no papel. É como se eu tivesse um espaço na minha memória em que eu deixasse isso armazenado e eu não sei se é ético esse tipo de retenção e registro de informações. Você poderia me ajudar para que eu possa me esclarecer? 

    Obrigada!Gabriela 

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    Respostas
    1. Oi Gabriela, seja bem vinda!
      O acompanhamento pós-consulta é complicado. Não pelo processo em si, mas porque é um diferencial do serviço prestado, não uma obrigatoriedade.No começo, quando eu atendia por e-mail, eu dava feedbacks relativos aos pontos aonde o consulente não tinha se sentido satisfeito. Contudo, a troca de e-mails parecia interminável, e eu senti o mesmo que você - dá muito mais trabalho retomar o jogo que começar um jogo.
      Por isso parei de atender por e-mail. :)
      Atualmente, com o Skype, o WhatsApp, temos a opção de gravar a consulta e o consulente ouvir depois. Muito mais fácil. Eu deixo o consulente presencial à vontade para gravar no seu celular. E é ótimo quando ele retorna, porque ele tem o jogo fresquinho e vivido na cabeça e eu não preciso fazer o esforço de retomar.
      Falamos de possibilidades. Falemos então, de ética.
      Bem, eu sempre me valho de comparações quando quero entender se um ponto da nossa prática é válido ou não. Nesse caso, vamos comparar com um psicólogo. O paciente desaba, desabafa, tem uma catarse no consultório. O psicólogo acompanha, dá suporte. O cliente some seis meses. Nesse intervalo, por mais que seja uma consulta marcante, o psicólogo vai esquecer detalhes, mantendo consigo apenas suas impressões.
      Quando o cliente volta, o que o psicólogo lembra não é do evento em si, mas das impressões que o evento lhe causou.
      Por isso a ficha de anamnese e acompanhamento. Para que as impressões não sejam reinterpretadas pelo tempo, mas sim pelo esforço intelectual e empático do profissional.
      [Psicólogos que lerem essa minha comparação, favor corrigirem se não concordarem comigo.]
      Por isso, não creio ser antiético retomar um jogo. Acho mega cansativo, e eu, particularmente, esqueço deliberadamente os jogos que faço [parte pela quantidade, parte pela intensidade]. Mas se aquele momento, sagrado, profundo, libertador precisar ser retomado, que mal existe se houver responsabilidade? O consulente tem que ter em mente que ele não é mais aquele consulente do momento do jogo - ele está de posse do conhecimento do que as cartas disseram, isso muda tudo - e o consultante tem que ter em mente que o que ele faz é um panorama do momento, e qualquer ação pode desencadear um novo prisma de possibilidades.
      Aconselho retomar jogos somente quando se identifica um padrão repetitivo, não mais que isso.
      Bom cartomante é para quem os clientes voltam. Se voltam, é para pagar uma nova consulta. ;)

      Espero ter te esclarecido, mas esteja SEMPRE à vontade para questionar o que quiser.

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Quando um monólogo se torna diálogo...