quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Casamento, relacionamentos... reflexões. E a Cartomancia.


Olá pessoal. Hoje, assistindo o Hoje em Dia, da Rede Record, assisti uma reportagem sobre casamento. Qual é a fórmula para a manutenção do casamento? Como manter um relacionamento durante décadas?
São inúmeros os exemplos de relacionamentos que deram certo. Todavia, maior é o número de relacionamentos que se encerram, e entre estes, grande é o número de relacionamentos que termina de forma trágica. Um exemplo recente é o do mecânico que assassinou a ex mulher dentro do salão de beleza da mesma. Algo absurdo, desumano, mas, por mais difícil que seja compreender o motivo, pelo menos para mim, ainda assim é algo com muitos, mas MUITOS precedentes.
Existem muitas palavras relativas aos relacionamentos que são consideradas sinônimos, mas não o são. “Amor”, “Casamento”, “Relação”, se complementam, mas não são sinônimas. Nem sempre coexistem (Eu demorei tanto para entender que essa música fala de "casamento", não de "amor"...). Um dos problemas que percebo em relação aos relacionamentos é justamente a falta de compreensão da natureza do compromisso, uma preocupação excessiva com o futuro e com a duração do relacionamento, e pouca preocupação com o presente. Paradoxalmente, vejo muitas pessoas reclamando de seus consortes, mas ao mesmo tempo fantasiando com relações longas e duradouras. Em função de uma convenção social – a durabilidade dos relacionamentos tem lá seu glamour – vivenciam uma solidão a dois que a monogamia, que faz parte do contrato, não permite preencher.
Aqui temos mais dois temas que, mais frequentemente que imaginamos, se entremeiam com os relacionamentos. O ciúme e a traição. Na verdade, somos treinados culturalmente a vivenciarmos esses dois temas, pelo menos uma vez na vida, não necessariamente ambos. Se não fosse o ciúme e a traição, não teríamos grandes obras na literatura, na música, na dança, no cinema e na TV. Na verdade, nenhuma novela sobreviveria sem uma relação afetiva, ficaria insossa. (Ou não? Não posso ser limitador em relação à criatividade dos escritores.)
O ciúme é o mais corrosivo de todos os sentimentos partilhados. O rancor, a mágoa, o ressentimento, destroem relações, mas são vivenciados em especial quando não há o compartilhar dos sentimentos a dois. Ou seja, por mais que se culpe o outro, o responsável pelo fim do relacionamento é aquele que nutre tais sentimentos, sem permitir que haja uma reavaliação deste valor. O ciúme, por sua vez, é um sentimento compartilhado. Ele precisa do consentimento do outro, dos motivos do outro, do comportamento do outro para existir. Inclusive, quando não há ciúme de uma das partes, a outra fica com a “pulga atrás da orelha”, achando que há “menos amor”. Algo sem sentido, mas aparentemente somos treinados para pensar assim.
A traição, por sua vez, é uma convenção muito sutil, muito tênue. O que é “trair”? É ter um relacionamento com uma o mais pessoas enquanto compromissado com uma pessoa? E se isso for combinado entre as partes? Permanece sendo traição?
Acredito que traição seja a comparação entre o relacionamento e os ocasionais encontros com pessoas que se mostram interessantes. Quando formos fiéis, não deveríamos ser fiéis ao outro, porque ele pode nos decepcionar, pela sua própria humanidade. Deveríamos ser fiéis aos nossos próprios sentimentos, tendo em vista, e como parâmetro, o compromisso assumido e a palavra empenhada. Por vezes encontramos pessoas que, pela intensidade e pela ocasião, não serão nunca mais vistas. O desejo se mostra forte, a sensação de única (ou última) chance se faz presente. Não há comparação entre esse sentimento volátil e selvagem, com um relacionamento que busca a estabilidade.
Não julgo as decisões tomadas nesse sentido. Mas sempre oriento meus clientes a evitar a culpa – que efetivamente destrói a confiança no outro e no relacionamento – e incito à reflexão responsável, para que o indivíduo se sinta livre em relação ao outro, ao fato e a si mesmo para decidir se deve continuar. Voltando à primeira frase deste parágrafo, cabe a alguém julgar os atos de outra pessoa, fora do tribunal?


No Tarot, temos essa dicotomia nos Amantes. Essa carta, já denominada “Os Enamorados”, “o Casamento”, o “Vício e a Virtude”, é representada, no Tarot de Marselha, como um homem entre duas mulheres: uma lhe aponta o coração, outra lhe aponta o sexo. Sobre os três, um ser alado envolto em raios aponta sua flecha para a mulher que aponta o coração do homem, ainda que seus olhos se voltem para a mulher que lhe aponta o sexo.


No Rider-Waite, sendo iluminado pelo Sol, um Anjo estende suas mãos sobre Eva, que se posta à frente da Árvore do Bem e do Mal, onde a serpente se enrola, e Adão, que se posta em frente à Árvore do Conhecimento.


No Thoth-Crowley-Harris, o Casamento entre a Imperatriz e o Imperador é presidido pelo Eremita. Temos os três amores presentes: Eros, entre os Amantes; Philos, entre as duas crianças que lhes acompanham; e Ágape, na presença do Eremita. Cupido sobrevoa a cena. Ladeando Cupido, Lilith e Eva, a escolha primordial que deu movimento ao mundo.

A literatura sobre a lâmina diz do desenvolvimento de um novo relacionamento, mas também da escolha, por vezes carregada de cunho afetivo e nem sempre fácil. A indecisão propriamente dita. E, por que não?, a escolha entre o compromisso e o affair.



No Baralho Cigano/Petit Lenormand, os relacionamentos estão representados pela carta 25, o Anel ou as Alianças. São as cartas ao redor que nos dirão sobre a natureza desse relacionamento, de trabalho, de amizade ou mesmo afetivos. Uma questão a ser pensada sobre a natureza desse baralho é por que foi eleito o Ás de Paus como representante dessa idéia.


Nas cartas comuns (que passarei a chamar de baralho inglês, que é uma terminologia mais correta frente o desenvolvimento dessas cartas) temos o naipe de Copas como um todo. Como esse baralho possui diversas interpretações, é difícil apontar uma carta numerada para o casamento. Contudo, quando falamos de casamento falamos de pessoas; sendo assim, sugiro atenção ao Rei de Paus e ao Valete de Copas, quando o consulente for uma mulher, e a Rainha de Copas, quando o consulente for um homem.
Na interpretação proposta por Belinda Atkinson para o baralho inglês, o Rei de Paus é Conjunção/ União. Como ela propõe para o naipe de Paus os arquétipos do inconsciente coletivo, de acordo com Carl Gustav Jung. São características que todos nós temos – como a propensão para o encontro.


No baralho francês, de 32 cartas, o Oito de Copas fala sobre o casamento. Hadès (1979) propõe o encontro entre Nove de Paus, Oito de Copas e a carta que representa o (a) consulente como casamento, ou Ás, Rei, Dama, Valete de Copas, ou ainda Ás de Copas, Ás de Paus e Oito de Copas.


No baralho espanhol, de 48 cartas, temos o Ás e o Dois de Ouros, Dois de Copas, o Cinco de Copas e o Nove de Copas; o Três de Copas representa um triângulo amoroso. Mas como é muito recente o meu estudo deste baralho (prometido desde quando iniciei esse blog), e triângulos amorosos dão pano para manga, e existem cartas em outros baralhos que dissertam sobre o tema, deixo esse assunto para um novo momento.
Sendo este um tema que ainda atrai e motiva os consulentes a buscar o conselho das cartas, acho que devemos, como amantes dessa Arte, termos em mente como nos portamos frente aos relacionamentos. Não são nossas experiências que balizam nossa Visão, mas de qualquer forma, são nossos referenciais que norteiam o fluxo da leitura, e devemos estar sempre preparados para ampliar nossos horizontes em relação aos nossos próprios paradigmas.
Um abraço e até o próximo post.
P.S.: Enquanto postava, percebi que outros amigos também falavam a respeito: a Dalva, do Infinito Particular, e as Palavras de Osho. Sincronicidade?


P.S.: Presente da Polly: Café Filosófico, O que podem os afetos? [Link 1] [Link 2] [Link 3] [Link 4] [Link 5] [Link 6] [Link 7] 

Um comentário:

  1. Emanuel, muito obrigada.
    As coisas estão ficando menos tensas agora, não te deixei meu email porque não achei que tu fosse me responder, me surpreendeste!
    Tenho conversado mais com "ele", as coisas estão ficando claras, mas ainda assim ainda quero jogar o Lenormand sobre um possível relacionamento e etc.
    Se tu ainda quiser/puder me ajudar na interpretação, agradecerei muito. A tua visão/leitura é excelente.
    Muito Obrigada!
    (meu email é: julizancan@hotmail.com)

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