Não há nada mais comum - bem, já não tenho certeza se na contemporaneidade posso afirmar isso categoricamente - que a previsão do futuro através da arte. Desde Blade Runner, passando por De Volta para o Futuro, o Exterminador do Futuro, Mad Max... culminando em Matrix e outras distopias, temos olhares curiosos sobre o que nos tornaremos, ou no que o planeta se tornará e como nos adaptaremos a isso. Não é diferente nas outras seis artes, antes mesmo que a sétima fosse nomeada e as outras cinco, catalogadas.
Nesse sentido, achei curioso os cartões postais de 1900 que propunham como o mundo seria no ano 2000. Tendo vivido o pavor do bug do milênio, pavor já superado há quinze anos (idades, apenas números), é divertido irmos um pouco mais além nas décadas e ver como aqueles homens e mulheres da virada do século supunham ser a virada do milênio. Mais curioso se mostra perceber que, em muito, suas preocupações estão ligadas ao cotidiano, cotidiano este muito bem ilustrados nos baralhos Sibilinos.
Recentemente, ministrei um curso sobre o Sibilla Della Zingara, com foco nas imagens, correlacionando-as com conceitos chave da história da arte. Foi um curso muito divertido (não perca as próximas edições presenciais e, caso queira, adquira o curso gravado). Foram dois anos estudando pormenorizadamente as imagens e encontrando conceitos aplicáveis à vida de um indivíduo do século XXI. Algo com o que me divirto, particularmente.
Entretanto, nesse processo eu me vi face à diversas imagens chave, conceitos específicos e perspectivas de análise singulares. Cada baralho é um baralho e eu tento entender os seus ditames para usar suas características com o máximo efeito divinatório. Nesse caso, foi bem mais que isso. Encontrei aspectos cotidianos diretos, voltados a um público específico e com foco em um padrão de vida emergente. A arte serve a quem a paga, pelo menos até o começo do século XX. Ter isso em mente facilita - e muito - a interpretação dos conceitos contemporâneos à elaboração da obra. Sobretudo, se essa obra for designada para entender padrões vigentes de vida, morte e o intervalo entre ambas.
Conforme o site Defender,
Diversos cartões desenhados no início do século passado mostram como as pessoas daquele tempo imaginavam os anos 2000. Compilado pelo jornal on-line sem fins lucrativos The Public Domain Review, as imagens de Jean-Marc Côte e outros artistas da França eram usadas em pacotes de cigarros e, depois, utilizadas em cartões-postais.Há pelo menos 87 desenhos diferentes de 1899, 1900, 1901 e 1910. A série, intitulada “França no ano 2000 (XXI century)”, mostra a percepção dos artistas sobre a vida das pessoas e o uso da tecnologia no dia a dia.
A criada.
O serviçal.
O literato.
A desgraça.
O mensageiro.
Belvedere.
O soldado.
A casa.
A amada.
Surpresa.
Muito podemos apreender com a história da arte. Sobretudo sobre usos e costumes, contextualizados devidamente para não incorrermos em anacronismos.
Mas... por um momento... imagine se fosse assim?
Abraços a todos.
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