domingo, 15 de março de 2015

Das manifestações. Ou: uma pequena nota sobre 11, 21 e 23 no Petit Lenormand.

Olá pessoal. Eu naturalmente me desvio de movimentações grupais porque tenho uma tendência a raciocinar muito e movimentos em grupo levam-nos a agir por tabela, rápido demais, o que gera muito mais arrependimentos que ação efetiva, de fato. Mas não deixo de observar suas causas, possíveis efeitos e resultados efetivos.
Tenho sido bombardeado em minha timeline no Facebook por comentários favoráveis e desfavoráveis ao governo, notícias que são dadas e depois modificadas em questão de horas, mas, sobretudo o que tem me chamado a atenção é o grau de paixão com que essa comunicação está sendo feita. 
Embora eu considere o Jardim a carta por excelência da política - e falaremos muito sobre isso na IV Mesa Redonda sobre as Cartas Ciganas, em junho: eu me debruçarei justamente sobre essa carta - o que vejo nessas propostas de manifestação nada tem de Jardim e muito tem de Chicote. Quem já fez aulas comigo [quem não fez terá a oportunidade em breve - teremos os três módulos do curso de Lenormand no Espaço Merkaba] sabe que de Espadas para Paus existe um abismo de distância, onde a única ponte é o fato de serem os naipes pretos do baralho.


O Chicote, entre outras coisas, fala de poder e empoderamento. Troquemos a imagem de um chicote, pela imagem de um revólver: o revólver em si não apresenta problema algum, o problema é quem o manipula! Tendo em mente essa ideia, não posso deixar de pensar no quão graves tem sido as acusações de um e outro grupo político, contra o outro e contra o futuro possível entre eles. 
Ora na mão de um, ora na mão de outro, o Chicote estala em panelas nas janelas de São Paulo.


O que me leva a questionar esses movimentos todos é a certeza que possuem. A certeza de que, agindo de forma imperativa, algo mudará. Levantando um muro contra o lugar comum, haverá revolução nos costumes. Agressivamente, haverá um atrito que encerrará a inércia em relação a certos temas.
Não queridos, vocês não são o Gandalf. E o lugar comum não é o Balrog.
[Curiosamente, o Balrog possui um Chicote. E o usa muito bem - diga o próprio Gandalf.]

Mas o que mais me chama a atenção, em relação a isso tudo, é como que a mídia tem reagido a isso. Eu não me aprofundei no assunto agora, e quando efetivamente aconteceu eu era apenas um garoto bem mais atento à Eco 92, com a atenção própria de uma criança de seis anos. Mas não deixa de chamar a atenção a nova geração querer retomar o que a anterior a minha derrubou - a ditadura - com um processo efetivado por essa mesma geração - o impeachment do presidente Collor. Soa-me curioso porque, nesse processo de memória e esquecimento que é o correr dos dias, quem se lembra efetivamente do que ocorreu naquela época? Razoavelmente próxima de nós, razoavelmente recente, mas que aos meus ouvidos soa tão distante, tão desconhecida, tão estranha quando vejo os desejos da geração atual a querer de volta a ditadura e de volta o impeachment.
Parece estranho colocar esses dois eventos em um mesmo balaio, coisa que particularmente evito. Mas, ao rolar minha barra no Facebook, é o que vejo. E são as redes sociais que me soam como diferencial entre uma época e outra.


Tendo uma repercussão muito maior que o esperado, as mensagens de Whatsapp que chamavam o povo às ruas no dia 15 de março não se mostrou nem de longe o caos esperado. Vi muito pouca gente, frente o número de vezes que recebi a tal mensagem - cansei de apagar, cansei mesmo. 
Mas era muita gente, com muita promoção midiática.
Não estou preocupado com o processo de enfrentamento - essa Montanha seria muito mais forte em outras circunstâncias. Soa-me perigoso, e é ao que estou atento, a ação perniciosa dos Ratos que dessa onda se apropriam.

Abraços a todos. E, quando eu for falar de política novamente, preferirei usar o Jardim. De Paus a Espadas, atravessemos o abismo.

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