Eu sou fã do Veet Pramad. Acho a forma como ele expõe suas ideias muito clara, e gosto muito da forma como ele propõe que estudemos o Tarô Thoth. Diante da nossa blogagem sobre o Ano dos Enamorados, sigo eu, escolhendo Banderas, Arquitetura e Nestlé, e vamos nós ao texto. Com a palavra, Veet Pramad.
Na maioria dos tarots vemos um homem e uma mulher, O Imperador e a Imperatriz no Tarot de Crowley/Harris, representando o Princípio da Polaridade, criando o Universo e a Vida pela interação do masculino e o feminino em todos os níveis. Tradicionalmente esta carta é interpretada como uma escolha entre várias alternativas. Intérpretes mais moralistas falam da escolha entre o caminho do bem (virtude, certo) e o caminho do mal (pecado, errado). Sempre uma escolha entre coisas que estão lá fora: Brad Pitt ou Antonio Banderas, medicina ou arquitetura, Nestlé ou Coca-Cola.
Essa carta mostra um casamento, só que é um casamento interno aqui você casa com você mesmo. Casar com você mesmo não significa fazer uma escolha entre dos caminhos; significa perceber e tomar o caminho de vida em que você é realmente fiel a você mesmo. Como falou Don Juan o xamã mexicano de Carlos Castaneda: “Tem um caminho que tem coração, todos os outros não vão a lugar nenhum”. Não se trata de uma elaboração mental: Qual será o caminho mais adequado, lógico e conveniente? Casar com você mesmo significa sair da mente para conectar-se com o que realmente vem de dentro, do inconsciente, deixando emergir as respostas para a pergunta: Qual é a vida que desejo ou anseio viver? Identificado esse impulso interno que vem com sua própria energia, entusiasmo e alegria, a mente até agora silenciosa pode encontrar a maneira mais adequada e conveniente de trilhar esse caminho. Assim integramos as polaridades consciente e inconsciente.
Casar com você mesmo significa entender que o homem e a mulher de sua vida estão dentro de você e não fora, são seus aspectos masculino e feminino. Só quando você entender isso vai parar de projetá-los (sempre projetamos e ficamos atraídos ou repelidos pelas pessoas que exteriorizam aspectos nossos que gostamos e nos sentimos incapazes de expressar ou aspectos que rejeitamos) e vai sair de relacionamentos de dependência e pelo tanto de sofrimento. Só então vai parar de tentar encaixar as pessoas de carne e osso que caminham pela rua no seu padrão mental (geralmente importado) do homem ou da mulher que a vai fazer feliz e, claro, pagar o preço correspondente, entrando em todas as exigências e manipulações correspondentes. O que tenho que fazer para você me amar? Só então vai ver as pessoas como são e não como você gostaria que fossem. Quanto mais necessidade temos de alguma coisa essa necessidade mais distorce nossa visão. Queremos que chegue Sir Lancelot e acabamos saindo com Frankenstein acreditando que é Lancelot, até que caímos na real. Podemos ainda tentar durante anos que Frankenstein vire Lancelot, coisa impossível.
A média laranja está dentro. Aquele mito segundo o qual quando num passado remoto em que os humanos éramos hermafroditos, os deuses entediados, sem carnaval nem futebol, decidiram cortar-nos ao meio e decretaram que só seriamos felizes quando encontráramos a outra meia metade é uma armadilha sinistra, por mais que mantida pelos meios de comunicação e muitos tarólogos também. Quanto mais procuro lá fora a solução para minhas dificuldades mais me distancio de mim mesmo, e quanto mais me distancio de mim mesmo mais preciso de algo lá fora. Assim entro num círculo vicioso de decepções e sofrimentos que me pode levar até a loucura.
A outra meia metade (polaridade) está dentro, no fundo somo seres completos. Percebendo isso passamos a ver as pessoas como elas são e podemos nos relacionar com elas sem expectativas, curtindo aqueles aspectos delas que se sintonizam naturalmente conosco.
O Arcano dos Amantes nos está dando a possibilidade de entender todo isso, neste 2013 que soma 6 ou em qualquer outro momento, e identificar a partir de aí o caminho de vida onde realmente somos fiéis a nos mesmas e parar de correr atrás da “pessoa que me vai fazer feliz” (como cachorro que corre atrás de seu rabo e que só o atinge quando para de correr e se deita) e fazer-nos felizes a nós mesmos. Atreva-se a sonhar, deixe a mente de lado, deixe o ego de lado, conecte-se com sua criança espontânea e deixe que ela expresse seus desejos em relação a todos assuntos que compõem a vida. Assim talvez consiga visualizar aquele único caminho que significa ser fiel a si mesmo.
Que tal fazer uma lista das coisas que gostaríamos receber de nosso “grande amor” e depois ver de todos esses itens quais podemos dar para nos mesmos?
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Quando um monólogo se torna diálogo...