quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

A Aventura do Louco em sua Autodescoberta: A Roda da Fortuna.


Existe uma questão nas cartas do Tarô que, por vezes, nos esquecemos. Sempre que aprendemos a lição da predecessora, temos uma lição tão desafiante quanto na carta que a sucede, que não necessariamente utilizará a habilidade da carta que a precedeu, senão por contraponto. Isso fica muito claro quando nos deparamos da passagem do Arcano IX para o Arcano X, sobretudo pela ótica da Jornada do Herói.
Lembra-se que, no Arcano anterior, o Herói foi convidado a colocar-se fora dos eventos, os observando em detalhe? Essa lição foi essencial naquele momento de afastamento e aceitação da própria culpa e responsabilidade. Mas, ao colocar-se fora e aprender a lição do Eremita, o Herói é colocado na periferia de uma estrutura para além de suas forças e entendimento.

Roda da Fortuna
Ancient Italian

Aí, a coisa fica feia. A Roda da Fortuna tem em sua periferia todos os possíveis pontos em uma aventura: chamado, clímax, resolução, término. Mas tem algo que devemos nos ater, com grande prestimosidade na interpretação do símbolo: existe um personagem para girar a Roda, mesmo que ele não esteja representado figurativamente. A Roda não gira sozinha.


A Roda nos mostra que a vida é "um processo de mistério e assombro em permanente transformação" (DICKERMAN: 1994, 145). Mas esse processo tem um guia. Seja ele a face do Deus único,  Hermes, as Parcas, não importa. Após o processo de isolamento do Eremita, descobrimos que existe uma força que atua nas circunstâncias a despeito dos atores. E seu nome é Fortuna. Se não nome, epíteto. Um dos Sagrados Nomes.


Não adianta querer, nesse momento da viagem, entender a personagem. Aqui, nos cabe obedecer - haverá um outro momento para conversarmos com ela. Nesse momento, aprendemos seus passos através dos seus atos. 


Como, anteriormente, o Herói, como Eremita, colocou-se na periferia, para observar os eventos, aqui ele se encontra em grande movimento. É na periferia que as coisas acontecem, sem controle. Nesse passo, um personagem ordinário se manteria agarrado à periferia, reagindo aos eventos; o Herói age. E vai em direção ao centro, onde tudo é possível, nada é imposto.
E, como um geógrafo, do centro ele é capaz de mapear aquilo que deve ser feito, traçando a sua estratégia para o próximo ciclo. Tarefa imprescindível para enfrentarmos o próximo desafio, proposto pelo Arcano XI.
Repare que, até então, essa foi a postagem com mais imagens. A Roda da Fortuna é mais compreensível como imagem do que como texto.
Assim como um mapa.

Se você tirou essa carta na posição da Separação, atente-se para o que ao seu redor está de pernas para o ar. Não é por acaso. Existe algo de deliberado aí, para que você caminhe melhor com suas próprias pernas... daqui a algum tempo. Se você tirou essa carta na posição da Iniciação, está na hora de mapear as circunstâncias atuais da sua vida. Quais planos devem ser abandonados? Quais planos estão fadados ao sucesso? E quais ainda não são previsíveis? Se você tirou essa carta na posição de Retorno, que dádivas você hauriu de diferenciar-se do todo? Quando foi que você sentiu paz, mesmo em conflito? É hora de oferecer um pouco de lucidez a uma situação mal resolvida.

Os exercícios propostos e a bibliografia utilizada estão em um arquivo PDF. Para baixar, clique aqui. Caso queira conhecer outras versões dessa carta, clique aqui
E aqui, um vídeo muito legal sobre a Jornada do Herói. Vale a pena ver.
Até o próximo Arcano.

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