sexta-feira, 15 de junho de 2012

Blogagem Coletiva: Questionamento


POR QUÊ?
Em caixa alta e com todos os intensificadores de sentido possíveis, é assim que vejo alguns de meus clientes chegando para uma consulta, sobretudo as que possuem cunho afetivo: com um enorme porque estampado no rosto, por vezes escrito com lágrimas, por vezes escrito em linhas na face. O porquê norteia qualquer busca às cartas. O porquê de um acontecimento e suas reverberações futuras, assim como, mesmo quando esvaziamos a mente e nada perguntamos, as próprias cartas delineiam perguntas que esforçam-se em responder.
De um sentido, de um porquê não se escapa. Se busca.
Pois bem. A ampliação que esse conceito proporciona foge ao espírito do texto, permitindo reflexões posteriores com maior concretude. Penso, hoje, no que não ter certezas proporciona. Questionamentos não são, ipsis litteris, antíteses de certezas, mas tomemo-as por ora como se fossem.


São os questionamentos que nos movem. Sempre. Não dar por certo é não ter respostas prontas e, não as tendo, ter que prepará-las. Preparo esse que vai de encontro à celeridade em que vivemos: é muito mais fácil entrar em um site de busca que pesquisar em alguns livros. Trocentos links se derramam à nossa frente, trocentas imagens, trocentos e-books. Normalmente, consultam-se, quando muito, os dez primeiros.
E essa é uma questão premente quando discutimos sobre Tarô. Muito tem se escrito em sites, blogs, livros saem por diversas editoras e, graças a Dios (e à queridíssima Priscilla Lhacer) baralhos importados tornaram-se deveras acessíveis. Os catálogos das editoras pululam com diversas possibilidades iconográficas radiantes em luz, cor e forma. Tem para todos os gostos e desejos. Associe imagens várias a opiniões várias e você tem um caldeirão fumegante de possibilidades de dar o primeiro passo no caminho do Tarô. Muitos caminhos sempre confundem e, claro, perguntamo-nos: "Qual é o caminho certo?c Qual é o melhor baralho? Quem possui a verdade sobre o Tarô?"
Antes isso do que certezas imediatas, mas ainda assim estamos no primeiro passo. E as respostas para tais perguntas não estão no Google. Ok, até estão, mas tão envoltas em opiniões que dispenso comentários sobre.
Mas existe também outro problema. E, se depois de termos nos apaixonado por um baralho, ou por um autor, ou por um método, descobrirmos que ele estava "errado"? Tudo o que vivenciamos não passava de "ilusão"? Devemos começar o caminho todo de novo, de onde - porque até o retorno já é todo um caminho?
Ou, talvez para um apaixonado como eu pela Arte, e se um dia você questiona se ler cartas é o caminho certo para você? E o que acontecerá se você abandonar a prática? Algum dos seus protetores se virará contra você? Você se arrependerá e não terá coragem de voltar? Ou, talvez o pior de todos os questionamentos: sua vida "andará para trás"?




Não, não é fácil aceitar um caminho só para a vida toda, mas a melhor parte é que isso é uma escolha consciente o tempo todo. Um eterno questionamento de que se está - ou não - fazendo a coisa certa e, depois de anos de prática, a minha experiência diz que só existe uma pessoa capaz de responder a todos os seus questionamentos sobre a sua Arte: o seu cliente. E ninguém mais; porque ele beberá sedento das suas palavras para tentar resolver o PORQUÊ garrafal com o qual iniciamos essa conversa. E, mesmo que seu único cliente seja você mesmo, somente a comprovação das suas visões garantirá o conforto de saber que se está no caminho certo. 
Isso, até a próxima vez em que você abrir as cartas.


Por isso, questione tudo. Inclusive a motivação desse texto. Leia mais livros, faça mais exercícios, conheça mais baralhos, métodos e autores. Muita gente boa está debaixo do décimo link ofertado por sites de busca. Aqui no Conversas você encontrará excelentes profissionais falando sobre suas práticas na Blogagem Coletiva. Sempre temos postagens sobre baralhos e livros. Evidentemente, sob a ótica de um único crítico, o blogueiro que vos fala. Frequente eventos. Converse tête-a-tête com aqueles que admira, e mais ainda com aqueles com quem não concorda. E pratique, sempre que puder, sem medo de errar, porque você não errará.
Desenhe seus Arcanos. Aprendi isso com a Sarah Helena, e tenho acompanhado a experiência criativa de perto da Katharina Dupont. Me surpreendo com a riqueza de detalhes que emergem dos baralhos que me proponho a colorir... 
Duvida? Me ponha à prova. SE ponha a prova. Não confie em nada que não tenha posto à prova primeiro. Inclusive, todos os questionamentos propostos com esse texto.
É muito simplório, muito lugar-comum, dizer o quanto me questionei sobre como escrever sobre isso? Talvez seja, mas é fato e contra fatos não há argumentos.

11 comentários:

  1. Seu lindo!!Adorei!
    Mas, me diz aí... por que? =P

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  2. Por um bom tempo, eu colocava as cartas de Tarô, e às vésperas de um ano novo... Cheguei a ganhar um baralho vindo de Marselha, França. Mas ele chegou, me pegou numa fase de querer parar. Sei lá, acho que porque eu não queria mais traçar uma rota. Quis deixar num mistério o ano que chegava.

    Boa Tarde!
    E eu também estou nessa Blogagem.
    Abraço,

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  3. Oi Emanuel

    O único argumento inquestionável: Seu texto é ótimo, li ávida, cada frase instigava o conhecimento da próxima.

    Quem incita questionamentos é ainda melhor do que quem questiona. Porque a única certeza que se tem é que nada é certo, tudo então, é busca.

    Também participei da coletiva e tem sido uma experiência rica ler os participantes.

    Parabéns pela maturidade e beleza do seu texto!

    Abraços

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  4. é como sempre dizemos; confiar no seu baralho é o equivalente a confiar em si mesmo.
    Sempre!

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  5. Quantos questionamentos. Que texto belo!!!
    Os questionamentos nos engrandecem. A busca é eterna. Que bom!!!
    Essa blogagem coletiva é ótima. Podemos ver e ler coisas interessantes nos blogs participantes.
    Bons fluidos.

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  6. Fico aqui a me questionar com o seu texto.
    Abraços.

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  7. Oi Emanuel,
    de fato o questionamento é o que leva as pessoas a consultarem o oráculo. Mas sabe o que me apercebi através do curso de Tarô terapeutico? Notei que a Divindade não dá respostas objetivas. E isso me satisfaz muito.

    Pelo menos comigo acontece o seguinte: as cartas me mostram alguns caminhos e ajudam a reflectir sobre as causas e as consequências das tomadas de decisão, como se fossem um ótimo e equilibrado amigo que dá conselhos imparciais.

    Da mesma forma, quando deito as cartas para alguém, procuro apenas canalizar e evito influênciar. Transmito os mesmos conselhos imparciais e ajudo as pessoas a pensar.
    Grata por mais uma excelente participação.
    Beijo além-mar.
    Rute

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  8. Oi, Emanuel...

    Qdo era jovem, frequentava sempre quem tirasse (é assim que se fala?) o tarô. Na verdade fiquei fissurada com isso, até que um dia uma cigana me disse coisas que eu nunca imaginaria... e com o tempo as coisas foram acontecendo... e não sei porque parei de procurar nas cartas o que irã acontecer...
    Muito bom o texto.

    Abraços!

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  9. Uma vez leram as cartas para mim,eu não acreditei muito, mas de uma certeza eu tenho hoje...a minha pergunta era se eu ficaria com a pessoa que eu amava no momento...(eu imaginava isso), como existia um intruso na história, ela me disse o seguinte você não ficará com nenhum dos dois(batata).Também não sei se estou confundindo o Tarô com outros métodos???Estou? Me corrija...
    Mas sempre tentamos achar o melhor caminho, embora doloroso e sofrido o tempo nos ensina e nos faz encontrar a melhor saída...
    Paz e bem...

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  10. Acho bastante subjetivo perguntar para as cartas e as respostas chegam, como que complementando o pensamento que já temos, numa extensão do que flui na orbita das ideias. É preciso ter uma interação boa entre os interlocutores.

    Sobre a questão de sentir-se iludido ao descobri que o método usado estava errado, penso que isso não deve acontecer, pois se antes era verdadeiro, não tem o caráter ilusório na época em que foi usado. Agora sim, depois de descoberto que o método está errado, passa a ser ilusório para quem ainda não acatou as verdades.

    Acho que compliquei, né? Estou questionando... rs.

    Só agora pude começar a minha visitação para ler as postagens dos participantes e gostaria de avisar que já foi lançado o tema para a 5ª e última fase da blogagem.

    Boa semana!!

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  11. Olá, Emannuel
    As diversas interrogações que vc mencionou fazem parte da nossa existência efêmera nesta vida...
    Estive ausente por causa nobre de uma Missão,viu???
    Seja feliz e abençoado!!!
    Abraços fraternos de paz

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Quando um monólogo se torna diálogo...