Olá pessoal. Eu estive lendo sobre cartas para pensar na reflexão para 2010, e, curiosamente, me ative às cartas invertidas. Quem me motivou a isso foi a Kelma Mazziero, em uma postagem que, infelizmente, eu acabei perdendo no meu e-mail. Achando, posto o link.
Nessa postagem, ela falava sobre a ilusão que temos quando um ano é regido por uma carta tão positiva quanto a Imperatriz, como é o caso do próximo ano, de que tudo será fácil, tudo será pleno, alegre, feliz, satisfatório e belo. É até um alívio, depois de um ano tão corrido como 2009 (regência Luxúria. Não poderíamos esperar algo muito diferente disso...), encontrarmos uma regência tão "suave" e "amena" como é o caso da Imperatriz. Será mesmo?
Com o texto de Lady Mazziero, fiquei pensando a respeito. Dá um friozinho na barriga quando Arcanos como o XII, o XIII, o XV, o XVI, o XX (...) saem numa previsão de longo prazo, como se tudo fosse ficar ruim por isso. Da mesma forma como ao saírem Arcanos como o III, o VII, o XIV, o XIX, o XXI sentimos duas toneladas caírem de nossos ombros. Essa visão maniqueísta dos Arcanos, separando-os em positivos (e, portanto desejáveis) e negativos (portanto, totalmente indesejáveis) provém, ao meu ver, em muito do trabalho epidérmico que foi desenvolvido com as cartas a partir do momento em que se deixaram de considerar seus significados invertidos. Não consegui localizar o momento em que essa abordagem ganha peso; porém, uma demarcação, para mim, é o Tarot Thoth, do Aleister Crowley, ilustrado por Lady Frieda Harris. Esse baralho aponta para o não uso das lâminas invertidas, pois seu fundo, uma Cruz Cabalística, seria invertido junto com as cartas, fazendo com que perdessem o valor divinatório, que reside na não identificação prévia do significado das cartas. Conhecendo-as pelo fundo, certamente seriam evitadas as que estivessem invertidas, limitando o funcionamento do oráculo. Por sua vez, o texto de S. L. McGregor Matters, (O Tarot - Um Pequeno Tratado sobre a Leitura das Cartas, editado no Brasil pela Madras) de 1909, ainda fala sobre as cartas invertidas.
Ok. Sendo assim, o uso das cartas na posição correta, somente, é algo já do século XX. Deveras recente, aliás, se levarmos em conta que a adivinhação pelas cartas conta com pelo menos 400 anos. Uma evolução válida, mas cujo questionamento de sua eficácia deve ser mantido.
Particularmente, não uso as cartas invertidas. Mas já usei. Quando minha avó me ensinou a Cartomancia, só havia uma carta invertida, o Sete de Paus. O lado com cinco trevos significava "com muito gosto" e o lado com dois trevos significava "desgosto". Quando comecei a jogar Tarot, com o Marselha, as cartas possuíam significados quando na posição correta, geralemtne positivos, e invertiam-se quando a carta também se apresentava assim. Com exceção dao Enforcado, do Diabo e da Torre. Essas ficavam piores ainda (levando-se em consideração os juízos de valor feitos sobre essas lâminas), pois indicavam que o consulente não conseguiria antever a tempo suas influências.
Com o tempo, fui lendo outras obras, como o Tarot Mitológico (atualmente editado pela Madras, também) e percebendo a sutileza da influência das cartas, que não precisavam fisicamente estarem invertidas para terem seus significados alterados por fatores presentes na consulta, ou de maneira mais precisa pela casa em que se encontravam. E parei de usar, desde então, a inversão do baralho.
Ellen Cannon Reed, em seu Tarô das Bruxas (editado no Brasil pela Pensamento-Cultrix), relaciona as cartas diretamente à Árvore da Vida Cabalística, de tal forma que uma carta em posição normal indica a subida na Árvore, enquanto invertida, indica a descida pelo mesmo Caminho. Essa forma de ver as coisas não funcionou muito bem para mim não, pois Ver as situações pela perspectiva da Árvore da Vida implica ou em simplificação de experiências místicas, ou da supervalorização de acontecimentos corriqueiros. Difícil precisar qual seria pior. Para mim, pelo menos.
Agora, voltando ao tópico que motivou essa questão, usando as cartas invertidas fica mais fácil refletir sobre a sombra de cartas positivas como a Imperatriz e o Sol. Isso tem sido de grande valia para eu pensar em como vivenciaremos 2010, principalmente sobre o que deveremos evitar... Estamos com sorte, diante de uma carta como a Imperatriz. Mas... Tudo perfeito? Hmmm. Acho que não é bem assim que funciona. Devemos estar, também, preparados para o que não há de positivo (leia-se: fácil, rápido, eficiente e agradável) com o que nos depararemos no ano que vem.
Um grande abraço a todos, até o próximo post.