Olá pessoal. Conheci a Adriana Carvalho numa dessas passagens por blogs que, se não for por pura sincronicidade, careceriam de interpretação. E, desde então, me tornei fã de sua arte e expressão. São anos de uma amizade sincera, ainda que virtual. Mas não faltarão oportunidades de encontrarmo-nos!
Responsável pelo blog Arte Voadeira, elabora baralhos clássicos (em especial o Vacchetta e o Waite-Smith) pintados à mão em uma arte única #wishlist. Podem ser conferidos no blog Arte do Tarô.
E hoje ela vem nos apresentar uma das imagens arquetípicas mais complexas da Corte: o Rei de Copas. E nos presenteia - abençoada seja! - com a sua visão da imagem em expressão pictórica.
Deleitemo-nos.
Sempre usei o tarô na forma de um oráculo meditativo, que propicia insights de compreensão de nossos estados interiores e por isto, também, como um material de extrema importância nas artes. Pintar um tarô para mim é uma forma de transmitir minha própria compreensão sobre estas vivências realizadas através da meditação, por isto resolvi escrever um pouco sobre minha visão particular sobre o “Senhor das Águas”, o Rei de Taças, no entanto, sem pretensão de estar de acordo com os tarólogos em geral, uma vez que não sou taróloga, apenas uma estudante e pintora que é fascinada pela sabedoria que é transmitida através de imagens muitas vezes exóticas e incompreensíveis e que por serem universais nos falam a cada um de nós de uma forma totalmente particular.
Rei de Copas
Baralho da autora
Acredito que os mais complexos arquétipos do tarô são os que estão diretamente relacionados com o elemento Água, elemento feminino, lunar, emocional, profundo e mais complexo ainda, quando relacionado à um aspecto masculino, neste caso, o Rei de Taças, um ser “aparentemente” calmo e gentil, doce, amável, sentimental, profundamente ligado aos valores familiares, criativo, sábio tanto espiritual quanto materialmente, mas extremamente contraditório e complexo como seu signo astrológico: Câncer.
Geralmente o Rei de Taças é representado em seu trono, flutuando sobre o mar ou muito próximo às águas, no entanto ele jamais está em contato direto com as águas. Ele jamais mergulha nas águas profundas da emoção e isto se deve ao fato de que ele já conhece muito bem suas águas e sabe o que há em suas profundezas. Ele já passou pela experiência máxima.
Este conhecimento absoluto sobre seu elemento lhe dá poder sobre todas as questões emocionais, tornando-o um grande conselheiro ainda que, de forma contraditória ele se feche totalmente quando precisa de ajuda...ele é “o curador que não pode ser curado” e este aspecto está relacionado com o caranguejo, que se fecha em sua dura carapaça sempre que se sente vulnerável.
Por causa de seu grande conhecimento das profundezas da alma, ele nos oferece não o mar, mas apenas uma pequena fração dele, apenas uma taça de água... “Água é Cura!” e beber desta água que nos é oferecida, significa nos conectar com os aspectos mais profundos de nossas emoções de forma equilibrada, dosada, homeopática...
A influência da Lua sobre as marés já é conhecida desde a antiguidade, e na astrologia medieval acreditava-se que esse astro controlava tudo o que está relacionado à água. Como a Lua “movia” a água dos mares, pensava-se também que ela controlava as mudanças dos líquidos internos do corpo, especialmente os do cérebro. Por muito tempo acreditou-se que a Lua estivesse ligada à loucura e fosse responsável pelas pessoas ficarem “lunáticas”...Quem mergulha nestas águas profundas jamais volta o mesmo!
Por isso mesmo, por se tornar “diferente” após vivenciar grandes experiências emocionais, o Rei de Taças aparece totalmente só no meio do Grande Mar. O sentimento de solidão o leva a buscar a convivência com outras pessoas que lhe preencham a sensação de vazio provocada pela distância, pela experiência de se saber exatamente quem ele é. Por isto as ligações familiares lhe são extremamente importantes. A família e seu amor é seu porto seguro.
O Rei de Taças tem uma grande ligação com o sacerdócio e a vida interior é fundamental para ele, que precisa do sobrenatural e do místico para ter equilíbrio, aspecto representado pelo peixe.
Em seu aspecto negativo, o Rei de Taças se torna uma pessoa bastante difícil, instável e de humor variável – influência sobretudo lunar.
No entanto, enquanto olho para meu Rei de Taças, a vontade que dá é de mergulhar nestas águas, influência da Lua, é claro...que mexe com nossas emoções e nos torna impulsivos caso não ouçamos os sábios conselhos do experiente Senhor das Águas.
Saúde!!
Cavaleiro de Copas
Thoth Crowley-Harris
Nota do editor: Em alguns baralhos, como o Thoth, os Reis são substituídos pelos Cavaleiros. Existem diversas possibilidades de análise dessa perspectiva; porém, em última instância, aplica-se tanto aos Reis quanto aos Cavaleiros os mesmos significados propostos.
Atenção: essa interpretação só é possível quando houver a carta do Príncipe substituindo o Cavaleiro original.
E mergulhar nessas aguas não e mesmo tarefa fácil.há que ser um louco do tarot. Bjs e excelente texto.
ResponderExcluirSempre grata pela amizade e pelo espaço, Emanuel!!
ExcluirE como é preciso ter coragem, Augusto...principalmente para os que são do elemento ar e fogo, como eu. Um sinal disto no meu caso, é o grande fascínio que sinto pelo mar, mas que dá um grande medo...isso dá!
Então faço uma espécie de "cura da água" através da pintura.
Abraços.