Blogagem coletiva: Fases da vida - Infância

Olá pessoal. Continuando nossa blogagem coletiva, partimos para a infância. Já falamos um pouquinho sobre as crianças aqui, então decidi apresentar um baralho para contextualizar: The Fairy Tale Tarot, de Lisa Hunt.

"Life is the most wonderful fairy tale of all."

~ Hans Christian Anderson

Eu acho que todas as crianças deveriam ter a oportunidade de lerem ou terem quem pudesse ler  para elas. Os contos de fadas (assim como as histórias bíblicas) estimulam a imaginação, desenvolvem o caráter através das lições morais ali embutidas, garantem uma escolha - entre ser o mocinho ou ser o vilão - que os pais podem nortear para o melhor efeito. Ao identificar-se com determinado aspecto de determinado personagem, a criança tentará se adaptar, se conectar com o valor professo pelo mesmo. Some-se a isso uma época em que não temos mais heróis (pelo amor de Deus! Spider-Man, Superman e outros men vivem atualmente em crise existencial! Espero que não façam isso com o Wolverine - ele já possui crises suficientes no background! E, vem cá, o Edward é herói?) E de mais a mais, sem ler/assistir contos de fadas, quem seria capaz de entender todas as piadas embutidas em Shrek e em Deu a louca na Chapeuzinho?

Na minha infância, li As Mil e Uma Noites mais de uma vez. os Djins e os Ifrits povoaram  meus sonhos e imaginação criativa (o Corão fala sobre eles). Além disso, os Irmãos Grimm foram grandes companheiros de jornada. Não consigo mensurar quantos livros de mitologia greco-latina eu li. 

E, claro, a Bíblia Sagrada também esteve debaixo do meu braço, além de um livro lindo, produzido pelos Testemunhas de Jeová, o Meu Livro de Histórias Bíblicas. Todos esses livros, a despeito de alguns serem religiosos e outros não, formaram meu caráter, me preparando para situações que, pela tenra idade, não vivenciaria até a adolescência. E, pela amplitude de suas possibilidades, evitaram que me tornasse xenófobo a outras crenças, ainda que seja fiel às minhas. 

A minha avó lia para mim, quando eu ainda não sabia, sempre acrescentando: "você vai ver quando conseguir ler de carreirinha! Só vai ler o que quiser, e quando quiser, sem precisar de ninguém para isso!". Um incentivo e tanto para eu ler. E funcionou.

Com o tempo, certamente li coisas de outras áreas, mas permaneci com o gosto pelos mitos, lendas, fábulas e afins. E assim cheguei a esse baralho, magnífico. Lisa Hunt teve a delicadeza de aproximar-nos dos contos de fada com uma leveza própria dos contadores de histórias, para que os Arcanos se revelem desde o começo como lembranças de colo de vó. Some-se a isso gravuras primorosamente produzidas por uma excelente artista. Para exemplificar o que estamos falando até agora... Com vocês o Arcano V, o Mentor, o Gato de Botas. 

Essa história, de autoria de Charles Perraut, fala sobre um moleiro possuidor de três bens: um moinho, um burro e um gato. Ele resolve reparti-los entre os três filhos na hora da morte. O filho mais moço, que recebeu o gato, ficou muito descontente, mas o gato demonstrou que um amigo leal e astuto vale mais que as riquezas. 

Como Hierofante, intermedia nossas relações com o Alto, seja isso simbólico ou real - na relação com superiores - e garantindo nossa estabilidade quando nossa visão não alcança a amplitude dos passos que precisaremos dar.

E, voltando ao que disse antes... Como entender o olhar desse gatinho aí em cima sem conhecer sua história original? 

Então... Por favor, por favor, leiam para suas crianças. Não as cartas, por ora, haverá tempo para isso posteriormente. Mas leiam, leiam contos, leiam versos, leiam poesias, leiam a Bíblia e os outros Livros Sagrados - o Corão, a Torá... Leiam. Permitam que eles leiam. Só assim eles poderão fazer escolhas sabendo o que realmente estão escolhendo - aonde sua pequena experiência ainda não lhes concedeu conhecimento, a experiência dos antigos heróis lhes dará parâmetros. 

Para finalizar, um video da Norah Jones, que há muito não passeia por esse blog (na verdade, desde o Carnaval).

Abraços a todos. E até a próxima blogagem coletiva.