domingo, 25 de setembro de 2011

Faroeste, Poker e Cartomancia: A Mão do Homem Morto.


It's been a good poker game so far and you're feeling fine. You scoop up the cards and look at them briefly, not wanting to give away anything to the other players. Suddenly in the back of your mind you feel a twitch, an uneasiness. You glance at the cards again and break out into a sweat. Sure, it's only a legend but where do legends come from? And with you holding the Dead Man's Hand you can only hope that it's all smoke and mirrors. But what exactly is The Dead Man's Hand and where did this poker myth come from?


Continuando minhas pesquisas em relação ao Poker e a Cartomancia, me deparei com um conteúdo curioso, interessante, ainda que macabro, porém passível de testes: a Mão do Homem Morto (Dead Man's Hand).  Se trata de um par de ases e um par de oito dos naipes pretos (Espadas e Paus) e um kicker não definido,  combinação esta que é tradicionalmente tida como azarenta. Se superstição ou não, saberemos...


Conforme a Wikipedia


James Butler Hickok (Troy Grove, Illinois, 27 de maio de 1837 — Deadwood, Território de Dakota, 2 de agosto de 1876), melhor conhecido como Wild Bill Hickok, foi um vulto histórico americano e uma figura lendária do Velho Oeste. Hickok lutou no exército da União durante a Guerra Civil Americana. Chegou ao Oeste como condutor de diligências. Depois da guerra ele ganhou fama como jogador profissional e homem da lei. Foi xerife nos territórios de Kansas e Nebraska. Hickock se envolveu em vários tiroteios notórios, explorados pela imprensa sensacionalista.




Em 2 de agosto de 1876, no Saloon Nuttal Mann's No.10 de Deadwood (Dakota do Sul), em Black Hills, Hickok não encontrou vazio seu lugar habitual, então se sentou para o Poker de costas para a porta, contrariando seus hábitos - que talvez o tivessem mantido vivo até então. Ele recebeu um tiro na cabeça de um revólver calibre .45, dado por Jack McCall. Wild Bill caiu silenciosamente no solo sem soltar as cartas que estavam nos seus dedos: um par de ases, um par de oito dos naipes pretos (paus e espadas) e acredita-se que  o kicker seja um Valete ou Dama de ouros (existem versões que apontam para uma Rainha de Paus, para um Rei de Espadas ou ainda para o Coringa; não há consenso) que ele estava descartando, quando foi interrompido. Essas cinco cartas ficaram conhecidas como a "Mão do Homem Morto" (Dead Man's Hand).



Acho interessante pensarmos no que significaria esse conteúdo num contexto cartomântico. É uma mão de cartas oriunda do Poker; tem um peso cultural considerável - temos músicas, filmes, games baseados nesse evento específico; no limite, estamos lidando com um vulto histórico americano; por fim, é uma combinação de cartas e como tal possui um significado. Se transportássemos o conteúdo cultural envolvido nessa combinação para o  Petit Lenormand, o que teríamos? 



E se estivéssemos lidando com o Waite Smith?




Talvez o Thoth Crowley-Harris..?




Aparentemente, não é o proposto por essas cartas. Evidente; a questão lúgubre relacionada às quatro cartas nada tem a ver com os números, mas com os naipes.
Falando em naipes, um parêntese, sobre a etimologia dos naipes aqui no Brasil, que herdamos de Portugal (referenciado aqui):


Antigamente, o baralho português tinha os mesmos naipes que o atual espanhol (taças, espadas, paus e ouros). Quando o baralho Anglo-Francês foi adotado em Portugal, os desenhos mudaram, mas os velhos nomes foram usados para continuar a designar os naipes. É por esta razão que os corações são chamados copas,  os diamantes são chamados ouros, os trevos paus, folhas espadas, apesar de tal não ser a ilustração. 


Na Cartomancia, as cartas de Paus e Espadas são naturalmente maléficas, em contraposição a Copas e Ouros. Noir se opõe ao rouge, como o dia se opõe à noite - de forma complementar. Não é possível transpormos essa análise para o Tarot devido à perspectiva quaternária que temos atualmente, baseada, grosso modo, nos quatro elementos. Na Cartomancia, a perspectiva, antes de quaternária, é dual. Favorabilidade e desfavorabilidade são, antes de qualquer coisa, representadas por cores
Logo, as cartas pretas já apontariam desgraça. Um jogo negro - e a metáfora é evidente - é algo macabro e indesejável. Seria o mesmo que Espadas ocupando a jogada, quando se trata de uma leitura de Tarot. Onde as Espadas tocam, o rastro é sangue. Onde o noir toca, o rastro é desalento. No Poker.... talvez sorte.
Jogando Poker, quem não desejaria essa mão de cartas..?
Poderia dizer o mesmo da Cartomancia? #not


Com todas essas conjecturas, com todas essas considerações, ainda assim apenas o contexto de jogo é capaz de nos informar, adequadamente, se uma previsão é benéfica ou maléfica. Mas que é divertido observar o diálogo proposto em uma leitura em que essas cartas apareçam, ah é.
Não entendam com isso que estou propondo que essas cartas percam seu significado original na taromancia e no Petit Lenormand e passem a simbolizar de forma combinada infortúnios, como a misfortune proposta para o Poker. Mas eu considero por demais divertido ver como se aplicam - ou não - possibilidades de diálogo. Lembremo-nos que uma das propostas de kicker é o Valete de Ouros... Que, tratando do Petit Lenormand, é uma carta muito adequada ao propósito desse post.
Abraços a todos.

2 comentários:

  1. Difícil dizer o quanto este artigo entra no meu top 10 de favoritos =D

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  2. Oi Emanuel,

    Tenho uma proposta de interpressão para o Crowley dessa mão: Uma grande energia (Ás de Paus), direcionada de forma célere (8 de Paus) atinge e fere o Wild Bill em cheio (Ás de Espadas), de forma a deixar uma eterna dúvida (8 de Espadas) sobre qual seria o Kicker? Não?

    Possibilidades!

    Abraços e parabéns pela postagem!

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Quando um monólogo se torna diálogo...