terça-feira, 1 de outubro de 2013

Mudança (ou na gangorra com a Marisa Monte)


Eu tenho - apesar da tentativa de disciplinar-me continuamente - tenho, friso, dificuldades em adaptar-me. Talvez pela carência de mutáveis, talvez pela carência de Fogo no mapa. Talvez porque eu ainda não aceitei o conselho da Nivia Peggion e, depois de ler e reler e explorar e divagar eu ainda não tenha tido coragem de o rasgar.
Em mil pedaços caleidoscópicos, poeira de estrelas com linhas vermelhas e azuis.


Mas, de vez em quando, ser barreira e ser barragem cansa tanto que a gente cede. Cede lugar ao cansaço que ficou esmurrando as paredes quando as portas e janelas foram fechadas em busca de sossego. E, como disse dia desses a um amigo, é mais fácil reter do que, depois de soltar, voltar a reter. Segurar o que se acumula é mais fácil que enfrentar o que se movimenta. O atrito é menor, mas o peso é o mesmo.

Existe, porém, um efeito gangorra oculto no ceder, que é algo que sempre me esqueço. Esqueço de lembrar, porque é gostoso esquecer só para lembrar quando é necessário, de novo.
Quem cai não passa do chão, pior que está não fica e, logo...
Por que não escolher algo diferente? Tipo... o melhor?

Hoje eu coloquei meus dilemas na gangorra do Dois de Ouros e (re)descobri que eles não são bons companheiros de parquinho. Aí eu coloquei a Marisa Monte para me acompanhar.
E gostei.


Gostei muito. Como diz a música: para saber a resposta vide-o-verso. Vide o verso das cartas viradas sobre a mesa numa cruz celta em tarotée.


Para calar a boca: rícino
Pra lavar a roupa: omo
Para viagem longa: jato
Para difíceis contas: calculadora


Para o pneu na lona: jacaré
Para a pantalona: nesga
Para pular a onda: litoral
Para lápis ter ponta: apontador

Para o Pará e o Amazonas: látex
Para parar na Pamplona: Assis
Para trazer à tona: homem-rã
Para a melhor azeitona: Ibéria


Para o presente da noiva: marzipã
Para Adidas: o Conga nacional
Para o outono, a folha: exclusão
Para embaixo da sombra: guarda-sol

Para todas as coisas: dicionário
Para que fiquem prontas: paciência
Para dormir a fronha: madrigal
Para brincar na gangorra: dois


Para fazer uma touca: bobs
Para beber uma coca: drops
Para ferver uma sopa: graus
Para a luz lá na roça: duzentos e vinte volts

Para vigias em ronda: café
Para limpar a lousa: apagador
Para o beijo da moça: paladar
Para uma voz muito rouca: hortelã


Para a cor roxa: ataúde
Para a galocha: Verlon
Para ser mother: melancia
Para abrir a rosa: temporada

Para aumentar a vitrola: sábado
Para a cama de mola: hóspede
Para trancar bem a porta: cadeado
Para que serve a calota: Volkswagen


Para quem não acorda: balde
Para a letra torta: pauta
Para parecer mais nova: Avon
Para os dias de prova: amnésia

Para estourar pipoca: barulho
Para quem se afoga: isopor
Para levar na escola: condução
Para os dias de folga: namorado


Para o automóvel que capota: guincho
Para fechar uma aposta: paraninfo
Para quem se comporta: brinde
Para a mulher que aborta: repouso

Para saber a resposta: vide-o-verso
Para escolher a compota: Jundiaí
Para a menina que engorda: hipofagin
Para a comida das orcas: krill


Para o telefone que toca
Para a água lá na poça
Para a mesa que vai ser posta
Para você, o que você gosta:

Diariamente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Quando um monólogo se torna diálogo...