Estava eu no Twitter, quando vi uma mensagem de uma amiga, a Raquel, do blog Olhar o Luar, falando de uma cartomante na novela das oito (que começa as nove... eita vício de linguagem...) Viver a Vida, de Manoel Carlos. Não tenho seguido esta novela, pois fim de (último) período é sempre tenso. Mas depois dessa, fui atrás de informações a respeito.
Bem, um tanto caricata a figura. Lembra do que falei sobre a Cartomante do Machado de Assis? Parece que precisamos ter a aparência de poderosos, ou sofridos - tem que ser oito ou oitenta - , para que acreditem nas nossas cartas. Lembrando que poder e experiência não interferem diretamente na leitura física, que é a mais comum de vermos entre pessoas que acreditam no Dom.
Segunda coisa a constar, ela joga cartas para prever o destino. Vou lá fazer um estágio com ela [/ironia]. Além disso, a bio dela frisa o fato dela não cobrar pela consulta, outro assunto controverso entre os cartomantes. Merece até um post, só sobre esses dois aspectos.
O acidente de Luciana já havia sido previsto nas cartas. Regina pusera o tarô e vira que, além de muito sucesso, amor e filhos, a a filha de Tereza teria um acidente pela frente. Não era morte que via, mas algo cuja superação dependeria de muita força de vontade e dedicação da parte dela. E não é que o velho bordão estava correto? Sim, as cartas não mentiam. Será que elas têm sempre razão? Isso é um mistério...
Alinne Moraes fala um pouco a respeito:
"(...)Outras disseram que ouviram cartomantes e ainda outras que não tiveram nenhum tipo de revelação e que, se soubessem, talvez tivessem tomado outro caminho. Não dá pra saber ao certo o que é real e o que não é. O fato é que na história da Luciana ela foi avisada pela cartomante. Ela acreditou, mas não quis acreditar. Isso acontece. E também já estava marcada na sinopse de Manoel Carlos... Quer previsão maior que essa?"
Irônica, a moça... ¬¬"
Minha opinião pessoal: previsão do futuro, como a mídia quer, fica difícil. Creio que existam sim pessoas que são capazes de antever eventos, mas isso não acontece com a frequência que gostaríamos. Mesmo porque, ainda que seja uma frase cretina, tem lá seu sentido: "Se o(a) Cartomante é tão bom, porque a vida dele(a) não vai para frente?"
Frasezinha cretina, como disse. Mas pensemos pela perspectiva do leigo: se o Cartomante possui um Dom, possui um Poder (com todos os limites que essas duas palavras possuem, suprimidos), porque não usa a seu favor? "Porque não pode, é para ajudar os outros", responderiam alguns. Ok. Agora, minhas amigas cozinheiras não podem comer da sua comida porque tem que cozinhar para os outros; meus amigos luthiers não podem fabricar instrumentos para si porque só sabem fazer para os outros; no limite, meus colegas professores podem ensinar, mas não podem usufruir do seu conhecimento!...?
Qual a diferença? Cozinhar não é um Dom? Ensinar também? Construir...?
Acho que o maior problema é a falta de distanciamento entre o Cartomante e sua prática, somada à sua ilusão de Poder. Se ele leva isso no senso de humor, as coisas são Vistas, vividas, assimiladas e compreendidas.
Recentemente reli um jogo que fiz a quatro meses, para o segundo semestre de 2009. Depois de lê-lo, percebi que deveria tê-lo relido antes... E ri muito dos últimos acontecimentos.
Vamos tentar deixar de lado essa caricatura de Cartomante, por favor. Nós erramos. Muito, e frequentemente. Nós nos enganamos. Tem dias que as cartas parecem ter virado as costas para nós. Tem dias que procuramos as cartas desesperados por uma resposta. E não entendemos o que elas dizem. Nós falhamos.
Como todo mundo.
O que faz a diferença é que, a despeito disso, nós acertamos. Nós vemos. Nós VEMOS, assim mesmo, em caixa alta. Nós sentimos. Nós SENTIMOS, idem. E, quando um cliente vem em busca de auxílio, estamos aqui, prontos para auxiliar.
E o que é melhor: Acertamos MUITO MAIS FREQUENTEMENTE que erramos. Nos envolvemos, nos apaixonamos. As cartas passam a fazer parte de nós.
É nem por isso somos mais poderosos. Somos mais sensíveis, verdade; e o sensível tem que, obrigatoriamente, sofrer mais? Quer dizer que devemos viver num mundo ... hmmm ... "diferente"?
Ou devemos fazer desse mundo de todos os dias o trampolim de volta às estrelas de onde viemos?
Como todo mundo deveria fazer, se lhes fosse essencial como a nós é...
Não quero uma imagem de poderoso, nem quero a de sofrido. São imagens, e como tais projeções que devem ser desfeitas.
Quero continuar fazendo meu caminho, e do meu caminho alento para os outros que assim desejarem. Pois como disse e a Sandra Ayana concordou: "Sou um caminhante, entre tantos outros. Mas eu tenho um baralho".
E que parceiro é meu baralho! =)
Abraços a todos, até o próximo post.
Salve Emanuel!
ResponderExcluirCaraca!
Você postou uma assunto muuuuuuuuuuuuuuuuuito importante!
agora um dos parágrafos que mais marcou é aquele que vc fala sobre o pensamento equivocado das pessoas que pensam que quem mexe com oráculos não cresce materialmente.
Novamente eu vou ilustrar um exemplo:
Aqui na Bahia, boa parte dos pais de santo, mães de santo vivem do sacerdócio, e retiram o que recebem de terceiros através de doações ou cobrando consultas e trabalhos.
Pelo menos do meu ponto de vista, as pessoas ainda não se deram conta que:
1) o tarô é energia, é magia é espiritual
2) dinheiro é coisa material, são coisas totalmente distintas!
se vc quer dinheiro, qual é o caminho???
TRABALHO!!!
E ainda tem gente que perde tempo fazendo trabalhos, simpatias e afins achando que vai gfanhar um dinheiro, passar no vestibular, passar no concurso etc.
Eu ainda sou aprendiz com o tarô, mas jogo pra meus e não cobro nada, e também jamais irei criticar quem cobra pela consulta, afinal de contas tem gente que é um estudioso sério das cartas, ou até oferece curso...
Enfim, é só as pessoas lembrarem que pra se ter dinheiro, tem que trabalhar, aliás, até o naipe de ouros/discos/pentáculos do tarot nos mostra isso.
eu acredito neste caminho, trabalho e trabalho!
Ps:
ResponderExcluirEmanuel
Se quiser manter contato comigo, aqui vai meu msn:
osiris_ssa@hotmail.com
Abraços!
Fico muitíssimo feliz. De verdade. Obrigado! :)
ResponderExcluirEu assisti essa novela outro dia e pensei mesmo em vc qd vi essa mulher. Milênios que não tenho tempo de fazer nada, por isso não passo por aqui.=/
Mas enfim... passando os problemas de vestibulando, cá estarei... aprendendo tudo que der sobre a arte com você. hehe
Valew mesmo! e até... ^^
Queridas pessoas, Crianças Pagãs pretende gerar uma blogagem coletiva sobre a "Gentileza" de forma sincera, simples e verdadeira.
ResponderExcluirInspiradas no exemplo de vida e atitude de José Datrino, o Profeta Gentileza, decidimos levar em frente a idéia desta blogagem.
Visite nosso blog e apoie, espalhe a sugestão:
http://criancapaga.blogspot.com/
Emanuel,
ResponderExcluirainda é delicado separar o mito urbano do autoconhecimento, que gerando as crendices alimentam a ignorância, pois andam par a passo como a religiosidade e o esoterismo (que são coisas distintas, apesar de algumas similaridades) que geram o preconceito e/ou o fundamentalismo rancoroso muitas vezes... e quando alavancado pela mídia... Não se sabe no que pode dar... mas não me ocupo disto, pois faz parte do contexto evolutivo.
O Tarô como percebemos atualmente é relativamente recente e muito ainda terá que ser feito, estudado, revisto, ampliado, renovado e discutido em nosso meio.
O importante a meu ver é que como nós estudantes e praticantes seguimos este caminho. Qual nosso comprometimento com o Universo, com nossos semelhantes e o Tarô em si!
Faz quem pode, segue quem quer...
Parabéns pelo artigo;
A.:.S
[Fer]Eu que fico muito feliz pela lembrança! Venha quando quiser, pois sempre será bem vindo! Ah, a tempo: sucesso no vestibular (porque você não precisará de sorte, já possui competência)!
ResponderExcluir[Aieron]Concordo plenamente contigo, na primeira parte de sua fala. Não digo somente em relação ao Tarot, mas em relação aos oráculos em geral. Mas, de certa forma, não concordo contigo quando diz que as decorrências da mídia não lhe (e por extensão, nos) diz respeito. Se não (in)formarmos sobre nossas práticas adequadamente, o coletivo se mantenerá "crente" em "crendices", "superstições" (entre aspas, porque não são reconhecidas como tal, sendo tidas como Verdade em caixa alta) e por aí vai. Acho que, enquanto professores dessa Arte, também somos divulgadores da forma que consideramos adequada de praticá-la. E concordamos que a forma como ela é vista pela mídia não nos parece correta.
"Faz quem pode, segue quem quer..."[2] Façamos!
Obrigado pela visita e parabéns pelo seu blog!
Emanuel,
ResponderExcluiro que penso é que a grande mídia não tem pré-ocupação em passar o contexto simples e correto, e generaliza segundo seus interesses de momento.
Mesmo sabendo que há um profissional de Tarô por trás dando suporte a trama, porém quem decide é o autor e a emissora.
De certa forma quem desejar mesmo informação adequada buscará!
Não me ocupo em defender no sentido de crer que o Tarô em si não necessita de defesa perante grande público em geral.
Penso ser mais delicado entre "nós" que o utilizamos.
E mesmo assim passarão os tarólogos e taromantes e o Tarô ainda permanecerá.
Temos nossos blogs com este fantástico nicho, que é excelente vitrine para divulgação e esclarecimentos em geral.
Fato que nos confere também a responsabilidade perante nossos leitores com o conteúdo que geramos.
O lado bom do Tarô ter alguma evidência na mídia, não importando a profundidade ou seriedade que é tratado, que aquele(a) se interessar virá até "nós"!
Seja por curiosidade, ceticismo, indiferença, fanatismo/credulidade, ou por ser um buscador em formação.
Abraços;
A.:.S
gostaria de saber tudo sobre o meu futuro
ResponderExcluirExcelente seu texto.Adorei. Concordo plenamente com você e acho que temos que desmistificar essa imagem. Beijos.
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