Hehehe, embora não seja muito fã desses lances de comemoração pelo fato de estar mais “velho”, lembrei-me hoje de um texto do Richard Bach (o autor de Fernão Capelo Gaivota, um dos livros mais lindos que já li), “Longe é um lugar que não existe”. O livro é deveras melhor, com ilustrações que enlevam qualquer criança, somado a uma mensagem que leva qualquer adulto a pensar sobre seu momento. Não tem uma conexão direta com a Cartomancia, mas leva-nos a pensar sobre o valor das palavras.
Acho que vocês já repararam que tenho pensado muito nisso.
Agradeço ao site Songs and Poems.
"- Rae! Obrigado por me convidar para a sua festa de aniversário!"
Sua casa fica a mil quilômetros da minha e viajo apenas pela melhor das razões. E uma festa para Rae é a melhor e estou ansioso para estar ao seu lado.
Começo a viagem no coração do Beija-Flor, que há tanto tempo você e eu conhecemos. Ele se mostrou amigo como sempre, mas ficou espantado quando lhe disse que a pequena Rae estava crescendo e que eu estava indo à sua festa de aniversário, levando um presente.
Voamos algum tempo em silêncio, até que finalmente ele disse:
- Não entendo muito bem o que você falou, mas o que menos entendo é o fato de estar "indo" a uma festa.
- Claro que estou indo à festa. - respondi. - O que há de tão difícil de se compreender nisso?
Ele ficou calado e só voltou a falar quando chegamos à casa da coruja:
- Podem os quilômetros separar-nos realmente dos amigos? Se quer estar com Rae, já não está lá?
- A pequena Rae está crescendo e estou indo à sua festa de aniversário com um presente. - falei para a coruja. Parecia estranho dizer "indo" depois da conversa com Beija-Flor, mas falei assim mesmo para que Coruja compreendesse.
Ela voou em silêncio pôr um longo tempo.
Era um silêncio amistoso, mas Coruja disse ao me deixar em segurança na casa da águia:
- Não entendo muito bem o que você falou, mas o que menos entendo é ter chamado sua amiga de "pequena".
- Claro que ela é pequena, porque não é crescida - respondi. - O que há de tão difícil de se compreender nisso?
Coruja fitou-me com os olhos profundos, cor de âmbar, sorriu e disse:
- Pense a respeito.
- A pequena Rae está crescendo e estou indo à sua festa de aniversário com um presente. - falei para Águia. Parecia estranho falar agora "indo" e "pequena", depois das conversas com Beija-Flor e Coruja, mas falei assim mesmo para que Águia compreendesse.
Voamos juntos sobre as montanhas, subindo nos ventos das montanhas.
E Águia finalmente disse :
- Não entendo muito bem o que você falou, mas o que menos entendo é essa palavra "aniversário".
- Claro que é aniversário. - respondi. - Vamos comemorar a hora que Rae começou e antes da qual ela não era. O que há de tão difícil de se compreender nisso?
Águia curvou as asas para a descida e foi pousar suavemente sobre a areia do deserto.
- Um tempo antes de Rae começar? Não acha que é mais a vida de Rae que começou antes que o tempo existisse?
- A pequena Rae está crescendo e estou indo à sua festa de aniversário com um presente. - falei para Gavião. Parecia estranho falar "indo", "pequena" e "aniversário", depois das conversas com Beija-Flor, Coruja e Águia, mas falei assim mesmo para que Gavião compreendesse.
O deserto se estendia interminavelmente lá embaixo e ele finalmente disse:
- Não entendo muito bem o que você falou, mas o que menos entendo é "crescendo".
- Claro que ela está crescendo - respondi. - Rae está mais perto de ser adulta, mais longe de ser criança. O que há de tão difícil de se compreender nisso?
Gavião pousou finalmente numa praia deserta.
- Mais um ano longe de ser criança? Isso não me parece ser o mesmo que crescer.
E Gavião alçou vôo e foi embora.
Eu conhecia o bom senso de Gaivota. Voamos juntos, pensei com muito cuidado e escolhi as palavras, a fim de que, ao falar, Gaivota soubesse que eu estava aprendendo:
- Gaivota, por que está me levando a voar para ver Rae, quando na verdade sabe que estou com ela?
Gaivota sobrevoou o mar, as colinas, as ruas e pousou suavemente em seu telhado e disse:
- Porque o importante é você saber a verdade. Até saber, até realmente compreender, só pode demonstrá-la em coisas menores, com ajuda externa, de máquinas e pessoas e pássaros. Mas deve se lembrar sempre que não saber não impede a verdade de ser verdadeira.
E Gaivota se foi.
E agora é chegado o momento de abrir o seu presente. Presentes de lata e vidro amassam e quebram num dia, somem para sempre. Mas eu tenho um presente melhor para você.
É um anel para você usar. Cintila com uma luz especial e não pode ser tirado por ninguém, não pode ser destruído. Somente você, no mundo inteiro, pode ver o anel que lhe dou hoje, como fui o único que pude vê-lo quando era meu.
O anel lhe dá um novo poder. Usando-o, você pode alçar vôo nas asas de todos os pássaros que voam.
Pode ver através dos olhos dourados deles, pode tocar o vento que passa pôr suas penas macias, pode conhecer a alegria de se elevar muito acima do mundo e suas preocupações. Pode permanecer no céu pôr tanto tempo quanto quiser, através da noite, pelo descer do sol; e quando sentir vontade de outra vez descer, suas perguntas terão respostas, suas preocupações terão acabado.
Como tudo o que não pode ser tocado com a mão nem visto com o olho, seu presente se torna mais forte à medida que o usa.
A princípio, pode usá-lo apenas quando está fora de casa, contemplando o pássaro com quem você voa.
Mais tarde, porém, se usá-lo bem, vai funcionar com pássaros que não pode ver, até que finalmente acabará descobrindo que não precisa do anel nem de pássaro para voar sozinho acima da quietude das nuvens.
E quando esse dia chegar, deve dar seu presente a alguém que saiba que irá usá-lo bem, alguém que possa aprender que as coisas que importam são as feitas de verdade e alegria, não as de lata e vidro.
Rae, este é o último dia especial de comemoração a cada ano que estarei com você, tendo aprendido com os nossos amigos, os pássaros.
Não posso ir ao seu encontro porque já estou com você.
Você não é pequena porque já é crescida, brincando entre suas vidas como todos fazemos, pelo prazer de viver.
Você não tem aniversário porque sempre viveu; nunca jamais haverá de morrer. Não é a filha das pessoas a quem chama de mãe e pai, mas a companheira de aventuras delas na jornada maravilhosa para compreender as coisas que são.
Cada presente de um amigo é um desejo de felicidade.
É o caso do anel.
Voe livre e feliz além de aniversários e através do sempre. Haveremos de nos encontrar outra vez, sempre que desejarmos, no meio da única comemoração que não pode jamais terminar.
Abraços, meus queridos. O aniversário é meu, a felicidade é para todos nós.
Vim lhe desejar um lindo dia para vc. e retribuir sua visita carinhosa no blog.
ResponderExcluirSerá sempre bem-vindo lá.
Com muito carinho lhe desejo tudo de bom Sucesso, Paz e Amor.
Sua presença tem perfume, cada vez que passas por lá.
Um grande Abraço
Sandra
Cada vez que venho aqui, mas lindo vejo este blog.
Parabéns pela ternura que passas.
Parabéns pelo Richard Bach. Adoro O livro dele.
Olá príncipe! Não consegui te parabenizar no dia 20, quando vim à net...como não encontrei seu e-mail por aqui, peço que me escreva adrianacbraga@gmail.com
ResponderExcluirJá que gostas também de Richard Bach, tenho uma surpresinha para você :)
Que linda festa vim encontrar aqui hoje!
ResponderExcluirQue inebriantes palavras sobre vida e reencarnação.
Também sou libra, mas de 11 OUT...
Na sua bagagem da alma, tu traz talentos natos 19, de liderança e pioneirismo. Mas sendo um número kármico, estará sempre sujeito a frequentes acertos de contas com o destino. Sucessivos ganhos e perdas, num dá e tira perturbador.
Encontrei aqui a explicação para o fato de eu não ligar para datas de aniversário. Considero-me intemporal, comemoro cada momento que estou viva e não, ano a ano. Não me alegro ou entristeço de estar crescendo (leia-se "envelhecendo"). Tudo é mágico, tudo é evolução...
Assim vou prosseguindo, brincando entre vidas com enorme prazer de viver :)
Obrigada por mais esta partilha.
Gde Bjo.
Rute
P.s.
ResponderExcluirEu sou "Fernão Capelo Gaivota", a Gaivota que não queria ser como as outras...
É meu animal Totem. Guardo religiosamente o livrinho de Richard Bach.
Adoro fotografar esses seres que voam sobre extensos horizontes:
Se eu fosse uma gaivota...
Beijo de Odalisca Andróide
Rute
Olá, Sandra, Adriana e Rute! Sempre bom receber visitas, sempre bom compartilhar celebrações!
ResponderExcluirSinto saudades de nossas conversas, Adriana.
Olha, Rute, esse lance do 19 é realmente complexo. Tenho que ter muita disciplina comigo mesmo, já que aprendi que desanimar não auxilia muito nessa hora. Vamos vivendo, sem saber exatamente o porquê de se querer saber por que.
Eu ganhei o meu Fernão Capelo Gaivota da Adriana Carvalho, a surpresinha prometida por ela nessa data... Que guardo em um bolso que costurei no meu coração.
Linda postagem, rute. Que enlevo.
Beijos.